História do Serviço Expresso

O SERVIÇO DE CORRESPONDÊNCIA EXPRESSA NO RIO DE JANEIRO

INTRODUÇÃO

A primeira menção à correspondência expressa aparece nos primórdios da República no texto do Decreto 368-A de 1º de maio de 1890 [1]. Note que o valor do porte já vinha estabelecido. Transcrevo:

“Art. 75. Haverá um serviço de distribuição por expressos. Os remettentes que desejarem que sua correspondencia seja entregue por expresso pagarão adiantadamente 500 réis em sellos por objecto, além das outras taxas a que o mesmo estiver sujeito.”

O diretor geral dos Correios voltaria ao assunto na Portaria de 30 de setembro de 1890 [2] sob o título “Instrucções para o serviço de distribuição de cartas por expressos”. Sua vigência é estabelecida para 1º de janeiro de 1891 “por enquamto somente na capital federal”. Confirma também a franquia de 500 reis em selos mais as taxas normais.

O Decreto 1692-A de 10 de abril 1894 [3] abordaria novamente a questão, mas ainda de forma um tanto condicional, conforme se depreende do texto:

“Art. 240. Será organisado o serviço de distribuição por expresso; os remettentes que desejarem que sua correspondencia seja entregue por expresso pagarão adeantadamente 500 réis em sellos e por objecto, além das outras taxas a que o objecto estiver sujeito.”

A tabela abaixo dimensiona o pequeno uso do serviço expresso dentro movimento dos correios nos anos 1895 e 1896. Os números se referem ao correio do DF no que tange à entrega domiciliária de correspondência de procedência nacional, ou seja, não contemplam as cartas do exterior [4].

Mês de junho de 1895
Média mensal de 1896
Cartas regulares
213.191
984.500
Cartas expressas
zero
89
Cartas registradas
18.392
112.240

 

O CORREIO PNEUMÁTICO

Um novo serviço, o Correio Pneumático, foi inaugurado em 11 de novembro de 1910. Nesse serviço, por uma rede de tubos operada pelos Telégrafos, transitariam as cartas pneumáticas – conhecidas por “Petit Bleu” – e as registradas normais. O porte original foi fixado em 300 réis, a 100 réis no texto da Lei 537 de 11 de outubro de 1937. O sistema funcionaria até 1939 [6]. Como ilustração reproduzo parcialmente duas matérias do Correio da Manhã [5] publicadas respectivamente nos dias 31 de outubro de 12 de novembro de 1910:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CARIMBOS

A já citada Portaria de 30 de setembro de 1890 [2] exigia que o remetente indicasse com clareza tratar-se de correspondência expressa. Diz o texto: “As correspondências a distribuir por expresso devem trazer, na parte inferior do sobrescripto, a seguinte declaração: ‘Para ser entregue por expresso’ ou outra equivalente”.

Como exemplo, a imagem abaixo [7] é de envelope circulado em 1906 no Rio de Janeiro com a anotação “Expressa” manuscrita. Pagou porte local de 100 reis mais 500 de porte expresso.

Mais tarde as agencias do correio passaram a utilizar carimbos especiais na obliteração da correspondência. Os primeiros conhecidos [8] são os hexagonais da 2ª. Secção do Correio Central do Rio nos anos 1920. O tipo 25A está sobre um terno de 300 reis da emissão Vovó de 1920 (sem filigrana) e o 25B tem data legível de 1928.


AS “EXPRESSAS NUMERADAS”

O Decreto 24.226 de 11 de maio de 1934 [9] apresentou uma novidade no serviço expresso. A taxa do serviço nacional expresso seria reduzida de 1000 para 600 réis ao mesmo tempo em que uma nova categoria, a das expressas numeradas, é criada e mantém a tarifa anterior de 1000 réis.

Na vigência dessa tabela (1934-1937) separei três cartas expressas e numeradas como exemplo. Duas de 1935 postadas em S. Paulo com destino ao Rio, uma na agencia da Luz e outra na 7ª. Seção – Expressas, este um sugestivo carimbo. A terceira foi postada em 1937 no Rio na Sucursal nº8 (Praça XV) com destino a SP. Todas com franquia de 1.300 Reis composta pelo 1º porte nacional de 300 reis mais 1.000 reis de expressa numerada,  seladas com quadras de comemorativos de 300 reis mais 100 reis em regulares.  Imagens a seguir [10]:

No decreto seguinte, a Lei 537 de 11 de outubro de 1937 [11], não há menção específica às expressas numeradas. No entanto, dobra a tarifa nacional, que passa de 600 para 1.200 réis, o que nos leva a supor que as categorias teriam sido unificadas. Um sinal disso é que, a partir daquela data, todas as cartas expressas passam a levar um numero de registro e muitas delas apresentam um carimbo “EXPRESSAS”, aposto pelos Correios, com ou sem cercadura.

Na imagem ao lado, reproduzo uma nota do diretor regional dos Correios e Telégrafos publicada na imprensa [12] de 1940 da qual selecionei no item c) o trecho em que este menciona unicamente “registrada e expressa numerada” entre os tipos de correspondência com número. Copio abaixo um detalhe ampliado da publicação com o trecho em questão.

 

 

 

 

 

 

 

Como exemplo veja abaixo uma carta de 11 de outubro de 1941 [13], postada em Poços de Caldas com destino ao Rio. Seu porte é composto de 400 reis de 1º porte nacional mais 1200 reis do serviço expresso.  Pode-se ver o carimbo ‘expressa’ aposto pelo correio mais o numero do registro anotado sobre ele.

Entretanto, com os alegados objetivos de reduzir a burocracia e agilizar os serviços essa prática seria abolida pelo diretor geral dos Correios e Telégrafos conforme matéria publicada em junho de 1946 na imprensa carioca [14]. Dessa forma, o processo de numeração seria reservado unicamente à correspondência registrada.  Confira o texto na imagens abaixo:

 

 


SEER – SERVIÇO ESPECIAL DE ENTREGA RÁPIDA

Em Portaria de outubro de 1955 [15] o ministro de Viação e Obras Publicas “resolve autorizar o DCT a criar o Serviço Especial de Entrega Rápida de cartas e bilhetes postais expressos para ser posto em execução inicialmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. (…) A fim de cobrir as despesas decorrentes desse novo serviço fica o DCT autorizado a cobrar, em caráter provisório, até que sejam reajustadas as tarifas postais e telegráficas, uma taxa especial a título de ‘Entrega Rápida’ de Cr$ 5,00 em selos postais (…) A nova taxa entrará em vigor a partir de 3 de novembro próximo (…) A partir de 1º de dezembro vindouro a referida taxa será estendida a todo o território nacional abrangendo, sòmente, porém, a correspondência destinada ao DF e à capital de São Paulo (…)”

Tudo leva a crer que as tarifas vigentes sem reajuste desde 1948 traziam prejuízo ao DCT, principalmente no serviço expresso. Assim, a nova proposta permitia um reforço extra de receita nas duas capitais com maior tráfego postal.

Esse serviço estaria disponível, num primeiro momento, somente no Edifício do Correio Geral à rua Primeiro de Março [16].  No entanto, a partir de janeiro de 1956 ele seria estendido a diversas agencias urbanas [17], entre elas Atlântica, Copacabana, Botafogo, Lapa, Jardim Botânico, Largo do Machado, Praça Mauá, Cidade Nova, Rua Camerino, Praça da Bandeira e Aeroporto Santos Dumont.

O Correio Central de SP e também algumas agências do DF chegaram a disponibilizar carimbos especiais para o serviço. Mostro alguns exemplos abaixo [18]:


SEDEX

No final dos anos 1970 o SEER estava em decadência e, em março de 1982, os Correios lançariam um novo serviço, o Sedex [19].

 

Notas e Fontes:

  1. Coleção de Leis do Brasil – 1890, Página 750 Vol. 1 fasc. V
  2. Gazeta de Noticias, edição de 26 de outubro de 1890
  3. Coleção de Leis do Brasil – 1894, Página 302 Vol. 1 pt. II
  4. Gazeta de Noticias, edições de 22 de setembro de 1895 e 4 de março de 1897.
  5. Correio da Manhã, edições de 30 de outubro e 12 de novembro de 1910
  6. Reinaldo Jacob, Revista COFI nº 213, ECT 2009
  7. História Postal dos Selos Comemorativos do Brasil, 2007, Luiz A. Duff Azevedo
  8. Site agenciaspostais.com.br , 2018, Paulo Novaes
  9. Diário Oficial da União – Seção 1 – 18/5/1934, Página 9442
  10. Site agenciaspostais.com.br , 2018, Paulo Novaes
  11. Diário Oficial da União – Seção 1 – 1/11/1937, Página 21864
  12. Diário de Noticias, edição de 9 de maio de 1940
  13. Site agenciaspostais.com.br , 2018, Paulo Novaes
  14. Diário de Noticias, edição de 31 de maio de 1946
  15. Correio da Manhã, edição de 2 de novembro de 1955
  16. Correio da Manhã, edição de 10 de novembro de 1955
  17. Diário Carioca, edição de 10 de janeiro de 1956
  18. Site agenciaspostais.com.br , 2018, Paulo Novaes
  19. Site correios.com.br/sobre-os-correios/a-empresa/historia

Nota: As imagens das matérias da imprensa carioca são da hemeroteca da Biblioteca Nacional (RJ).

Paulo Novaes, maio de 2018.

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