6ª Secção

O Decreto 1692-A de 10 de abril de 1894 é o primeiro da era republicana a trazer uma revisão abrangente do Regulamento Postal. Dentre as novidades, a que mais nos impacta neste capítulo é a estrutura organizacional em oito seções ao invés das quatro anteriores

DECRETO Nº 1.692-A, DE 10 DE ABRIL DE 1894
Approva o regulamento dos Correios da Republica.
(…)
Art. 405. A Administração dos Correios do Districto Federal superintende tambem os correios do Estado do Rio de Janeiro e divide-se em oito secções.
(…)
§ A’ 6ª secção incumbe:
1º, registro de todas as correspondencias;
2º, recepção e abertura dos volumes de correspondencias registradas procedentes da Republica ou de paizes extrangeiros;
3º, conferencia, marcação, manipulação e lançamento dessas correspondencias, assim como sua distribuição, tanto no Correio como nos domicilios, por carteiros privativos;

O fato de atribuir à nova 6ª Secção basicamente a responsabilidade de manuseio das cartas registradas a torna uma das mais pobres em numero e variedade de carimbos.

TIPOS DE EXPEDIÇÃO

Logo a partir de 1894 vemos carimbos referentes à Expedição. São os mais comuns em toda a seção. São utilizados na saída da correspondência registrada sendo seu carimbo obliterador e datador.

Tipo CRJ 251 (1894-1896)

É a primeira série da expedição, sem turmas.

Tipo CRJ 251a (1896-1897)

A partir da metade de 1896 o tipo é modificado. Percebe-se principalmente pelo diâmetro interno que passa de 13 para 14,5mm. Além disso, o “DE” de Rio de Janeiro está em corpo maior e a abreviação de ¨6A. tem travessão simples sob o “A”. Coisas da carimbologia…

 

Tipo CRJ 252 (1898-1899)

A segunda série tem como diferencial ser em duas turmas, indicadas nas orelhas.

 

Tipo CRJ 253 (1900-1908)

A terceira série tem o datador modificado para acomodar os quatro dígitos do ano no novo século. Também em duas turmas.

A carta que ilustra a segunda turma é datada de 5/1/1900 – o que a torna uma das primeiras a ser postada no novo milênio. Ela também permite confirmar que o carimbo “Expedição” de fato era usado para receber a correspondência registrada. Ela foi postada no Rio com destino a Aguas Virtuozas (Lambary), MG; recolheu o 4º porte interno de $200 e o adicional de registro $800.

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TIPOS DE RECEBIMENTO

Carimbo mais escasso, normalmente no verso da correspondência, indicando a recepção de correspondência registrada

Tipo CRJ  254 (1895-1899)

A carta apresentada na 2a.Turma ilustra o trânsito de uma carta registrada postada em MG e destinada ao Rio, como carimbo de recepção da 6aS no verso.

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TIPOS REGISTRO COM VALOR

Os tipos “Registro com Valor” (que, de 1891 a 1894, estiveram a cargo da 3ª seção) circularam entre 1895 e 1907. Vale notar a original série de carimbos hexagonais, os últimos emitidos no serviço registrado da seção, apesar do Regulamento Postal de 1909 ter mantido a atribuição. Novos carimbos de registro só apareceriam na 7a. seção em 1921.

Tipo CRJ 257 (1895-1900)

A primeira série foi utilizada no final do século XIX e tem datador em dois dígitos. Em duas turmas.

A segunda série tem o datador adaptado para acomodar os quatro dígitos do séc. XX; só possuo carimbo da 2ª turma.

A terceira série traz a legenda Correio de Rio de Janeiro. O tipo 260 tem uma curiosa abreviatura de RIO: “Rº “; já o tipo 261 que o sucede a corrige para “R.” e traz mudança também nos diâmetros.

A última série inovou ao utilizar um carimbo hexagonal. É o único em todo o estado que tem essa característica. Infelizmente não possuo nenhuma peça completa.

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TIPOS DESERVIÇO

Os carimbos desse período são aplicados no verso dos envelopes, possivelmente indicando serviços.

Tipo CRJ 263 (1915)

Carta registrada postada em Juiz de Fora com carimbo de recepção da 6aS aplicado no verso.

 

Tipo CRJ 264 (1923)

Trata-se de um A.R. – Aviso de Recebimento de carta registrada que recolheu $200 em Blumenau onde foi postada.  O decreto de 1921 assim o tipifica:

O Art. 126. As cartas registradas (…) poderão ser acompanhadas de um aviso de recebimento com a declaração daquella circumstancia, a data e o numero do registro, entregando o funccionario ao remettente uma duplicata em tudo identica á que acompanhar a carta, pagando mais o remettente, pela duplicata assignada pelo funccionario, uma taxa fixada, representada por um sello de 200 réis. Esta declaração será feita a tinta no verso do certificado de registro.

 

Tipo CRJ 267 (1921)

Carta registrada postada na 7aSecção do Distrito Federal em 17 de março de 1921 e endereçada a Belém, PA. Recebida em 7 de abril,  lê-se no verso em manuscrito de 9/4 que “O destinatário não reside no lugar indicado“. A carta foi devolvida ao destino e recebida pela 6a.S em 3/9/1921 como “non-reclamé” e mais tarde enviada a refugo como atesta o formulário copiado abaixo que, originalmente, estava colado na frente da carta.

 

Tipo CRJ 269 (1928)

Carimbo sobre fragmento. Trata-se de um raríssimo carimbo (tipo 6a na carimbologia) do qual só possuo outros três, todos utilizados no correio ambulante.

 

 

Tipo CRJ 271 (1937-1941)

A Folhinha filatélica suíça comemorando o dia do selo em 5/12/1937 foi postada registrada em Berna e recebida na 6aS em 25 de dezembro. O fragmento em reprodução de correspondência dilacerada datado de 1941. Em três turmas.

 


O Relatório dos Correios de 1936 traz uma sucinta descrição de cada uma das seções do Tráfego, entre as quais a sexta, trecho que reproduzo abaixo por conter atribuições e estrutura da seção que ajudam a entender os próximos tipos.


 

Tipo CRJ 272 (1928-1931)

O relatório postal apresentado acima aponta a seção dividida em quatro turmas, das quais duas noturnas. Essa estrutura já estava vigente em 1930 pois o tipo 272 já aparece assim dividido, com a 3ª e 4ª turmas à noite.

O envelope que ilustra a 1ª turma foi postado em Ribeirão Preto (SP) e destinado a Paris, com trânsito no Rio, onde recebeu no verso o  devido carimbo da 6aS.

O relatório postal apresentado acima aponta a 6ª seção dividida em quatro turmas, das quais duas noturnas. Assim, o tipo

A ilustração é de um envelope registrado de valores (RHM EV-07). Foi postado em Itajubá, MG para o Rio – onde recebeu carimbo da 6aS no verso.

Tipo CRJ 273 (1934-1935)

Novamente se nota a particularidade de duas turmas noturnas na seção.

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Carimbos de serviço

O Relatório dos Correios de 1936 reproduzido acima menciona especificamente a atribuição de Posta Restante à 6ª Seção, o que é confirmado pela peça filatélica de 1939 apresentada a seguir.

Tipo CRJ 274 – assinantes (1939)

 


A desativação da 6ª seção

Por volta de 1940 os Correios abandonaram a estrutura em seções que havia sido introduzida no regulamento de 1865 e ampliada para oito seções em 1894. Na prática, toda a atividade de tráfego foi centralizada na 4a.seção com exceção das registradas mantidas na 5a.seção.

O último carimbo que conheço é  CRJ 271 datado de janeiro de 1941.

 


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