Carimbos manuais

Este capítulo trata dos modelos comuns de carimbos obliteradores, aplicados manualmente desde o início da era filatélica, Servem para evitar a reutilização do selo postal e informar a data e o local de postagem. Exemplo de carimbo manual:

Ag. Dom Pedro II - DF - 1932

Além do local e da data em que foram aplicados, eles  contém várias outras informações úteis como vemos no exemplo da peça acima:

Legenda superior: D.PEDRO II TARDE (local: agência da estação ferroviária Dom Pedro II no centro do Rio; processado pela turma da tarde).
Orelhas: DR / DF (Diretoria Regional – Distrito Federal)
Legenda Inferior: BRASIL
Data: 19 de JUN de 1953 (características: data em 1 linha, mês alfabético, ano grafado em 2 digitos – abreviatura: 1L-A-2)
Formato e layout: círculo duplo, diâmetro externo de 30mm e interno de 20mm.

É claro que o selo também acrescenta outras informações. Neste caso, ele foi emitido em 22 de fevereiro de 1953 e homenageia um Congresso profissional.

Ainda usando esse exemplo, sua etiqueta de classificação diz: MRJ 165 – T15. Isso significa que foi circulado no Município de Rio de Janeiro pela agência 165, (D. Pedro II) e seu carimbo é do Tipo 15. Experimente procurá-lo no Índice por D Pedro II. Experimente também digitar a mesma coisa no menu Pesquisa no alto à direita de qualquer página. O Tipo 15 está descrito no menu Carimbologia Manual.

 

Decidi, para efeito didático, organizar os diversos formatos de carimbos em três grandes períodos, ou eras:

  1. ERA CLÁSSICA (1866-1925)
  2. ERA MODERNA (1926-1972)
  3. ERA CONTEMPORÂNEA (1973-hoje)

A era clássica foi caracterizada por carimbos circulares, com datador em três linhas e legenda superior informando a agência postal, estilo baseado nos últimos carimbos do Império.  Foi inaugurada com o tipo “Francês” por volta de 1866, o primeiro a ser usado em todo o território nacional, circulando até o início do seculo XX. O ícone desse período, no entanto, foi o carimbo circular de 24 x 13mm (T 4) usado sobre a série Madrugada – um dos mais populares tipos da carimbologia.

A era moderna trouxe diâmetros maiores, datas em uma linha e legendas inferiores com BRASIL ou DR-RJ. Ela é inaugurada com o tipo “Avenida” – o primeiro a usar diâmetro interno maior. O ícone deste período pode ser considerado o tipo “Romanos” com formato 30 x 19 mm e datador com o mês em algarismos romanos. Foi utilizado ao longo de 30 anos nas mais populares séries de selos regulares: vovó, netinha e bisneta.

 A era contemporânea foi marcada por uma renovação completa nos modelos de carimbos, a começar pelo “D31” (T 20). Este não possui círculo interno, tendo o externo  31mm; o mês é grafado em números arábicos. As “orelhas” não são mais usadas. O ícone desse período é o tipo “Novo Francês”, um carimbo metálico de boa qualidade largamente usado em todo o país por quase 30 anos. Ele deve seu nome ao uso de um asterisco no espaço dos dígitos de controle, lembrando o clássico “Francês”.

QUADRO DE TIPOS

As imagens abaixo permitem uma visão resumida dos 30 tipos principais. Eles serão apresentados individualmente nas próximas páginas com seus subtipos e variedades (acompanhe pelo menu lateral que segue a numeração e os nomes dos tipos).

Carimbologia Intro pg1Carimbologia Intro pg2Carimbologia Intro pg3Carimbologia Intro pg4

Tabelas de tipos: nas subdivisões deste menu, além das imagens, vou anexar planilhas com as descrições técnicas de cada tipo ou subtipo. Veja abaixo uma explicação mais detalhada do significado de cada legenda da planilha.

Tipo: um conjunto de características físicas que definem um carimbo. Entre elas, a tipologia e arranjo do datador, os diâmetros, as orelhas e as legendas. Inventei uma alcunha a cada um deles para facilitar a referência. Na seção seguinte, ao tratar em detalhes cada um deles, descreverei também os subtipos.

Formato: dimensões em milímetros dos diâmetros externo e interno. Na maioria dos tipos, existem variações, às vezes inúmeras, dependendo do fabricante escolhido; nesse caso, eu indico o range de variação que pode ser encontrado.

Datador: escolhi uma notação simplificadora que tem a forma geral LINHA-MÊS-ANO Exemplos: 1L-R-2 (28 VIII 32), ou 3L-A-4 (22/SET/1947).

  • Os primeiros dois dígitos informam se a data está grafada em uma linha (1L) ou em 3 linhas (3L);
  • No terceiro dígito, a letra A indica o mês grafado em alfabético; a letra R, o mês grafado em algarismos romanos e a letra N o mês grafado em algarismos arábicos.
  • O dígito seguinte representa o número de algarismos com que o ano está representado (podem ser 2, 3 ou 4).
  • Pode haver ainda mais alguns dígitos em situações especiais, antes ou depois da data. Notados como DC, são posições suplementares, ou “dígitos de controle”, utilizados para vários tipos de informação (exemplo: 1L N 2 – DC).

Período: intervalo aproximado das datas de utilização do carimbo. É sempre bom observar que a data inicial é sempre mais precisa que a final, que depende de cada agência.

Geografia: local em que foi utilizado: CRJ (correio central do RJ), MRJ (município do RJ), ERJ (estado do Rio) ou BR (uso nacional).

Referências e Bibliografia

O primeiro Guia Postal publicado tem como título “Administração e Agências do Correio do Brasil em 1856”. Foi publicado no Rio de Janeiro em 1857 por Thomaz José Pinto Serqueira e impresso na Typographia Nicolau Lobo Vianna & Filhos. Em sua primeira parte (“Administração”), estão listadas as 434 agências postais existentes nas 20 Províncias. A segunda parte (“Guia do Correio do Brasil”) traz uma extensa lista de localidades servidas pelo Correio em todo o país.  Infelizmente apresenta muitos erros.

No âmbito oficial, o primeiro Guia Postal foi publicado no Rio de janeiro em 1880 pelo Ministério da Agricultura – a quem era subordinado o Correio – e intitulado “Guia Postal do Império do Brazil – Publicação Official” e impresso na Typographia Nacional. Nota-se o crescimento do número de agências no período, estando aqui listadas 1196 agências postais no território nacional.

Outra fonte de informação importante no Império foi o “Almanaque Laemmert”, publicado entre 1844 e 1889 pela Editora Laemmert no Rio de Janeiro. Está integralmente disponível na internet. Na República, são abrangentes as informações do “Boletim Postal” publicado mensalmente pela Diretoria Geral dos Correios no Rio de Janeiro de janeiro de 1890 ao inicio dos anos 1940.

Dentre as publicações especializadas, consultei o “Catálogo de Carimbos Brasil-Império” de Paulo Ayres, edição 1937, e o “Carimbos Postais Brasileiros – Período Republicano” de Victor A. Petrucci, edição de 2012 (deste último emprestei a classificação dos “Padrões Nacionais”, que acrescento como informação em cada tipo).

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