Linha 35 EF Cantagalo

A E F Cantagalo (Linha 35) e seu Ramal de Portela (Linha 36) foram construídos em sequência ligando a baia de Guanabara ao rio Paraíba. O Ramal do Sumidouro  (Linha 37)  se interligaria com elas e também com Minas Gerais através da EF Leopoldina.

Linha 35 – Estrada de Ferro do Cantagalo

O transporte de mercadorias entre a capital e o interior era tradicionalmente feito com embarcações que cruzavam a Baia de Guanabara e subiam o rio Macacu até o entreposto do Porto das Caixas de onde partiam as tropas de animais carregando as caixas, origem do nome da localidade. Situada no atual município de Itaboraí, o porto ficava próximo a Santo Antonio de Sá, sobre o qual tenho um artigo no menu História Postal.

O mapa acima marca as estações que serão citadas no texto a seguir.

A Estrada de Ferro do Cantagalo teve seus estatutos aprovados em 1857 os trabalhos se iniciaram em 1859 no Porto das Caixas. O primeiro trecho passava por Sant’Anna de Macacu, (Japuíba) chegando em 1860 a Cachoeiras (atual Cachoeiras do Macacu).

Por alguns anos a obra esteve paralisada aguardando autorização do governo – o que aconteceu em 1868, quando as trabalhos foram retomados, subindo a serra e chegando a Nova Friburgo em 1873.

Um pouco antes, pelo Decreto Provincial N. 1620 de 25 de novembro de 1871 a companhia havia recebido autorização para o prolongamento da linha até Macuco, passando por Cordeiro, onde chegou em 1875. A estação terminal de Macuco foi inaugurada em 18 de setembro de 1876 [4]. No total, uma distância de mais de 150 km cruzando seis dos atuais municípios. A agencia postal local foi criada em 21 de outubro de  1876 e instalada no mesmo prédio.

Em 26.01.1877, no entanto, o governo da Província rescindiu o contrato com a companhia, ficando com a posse da estrada [1].

O Ramal de Portela

A autorização para o Ramal da Portela veio através de um contrato de 12 de março de 1874 da Presidência da Província ao Visconde de Nova Friburgo para a construção às suas custas uma linha férrea entre Cordeiro e Cantagalo [1], inaugurado em 1 de janeiro de 1876.

A integração ferroviária

A operação da estrada no entanto revelou que a localização do ponto inicial em Porto das Caixas apresentava restrições, não suportando o aumento de carga decorrente. Nota na imprensa da época ilustra o assunto [2]:

“O rio do Porto das Caixas, tributario do Macacú, tem em grande parte do anno
tão pouca agua que contar com elle para a expedição regular dos productos
vindos pelos comboios seria condemnar a estrada de ferro a um deploravel
atraso. É pois forçoso procurar no rio Macacú um ponto sempre accessivel á
navegação […] Assim a primeira e mais urgente necessidade da
estrada de ferro do Porto das Caixas é a sua continuação até Villa-Nova, ponto
de embarque facil e sempre prompto”.

Como solução, foi aprovado em 1863 pelo governo provincial o prolongamento da estrada até o porto de Villa Nova (Itambi). O novo trecho foi inaugurado em 16 de novembro de 1866 [3].

Correio Ambulante Linha 35

Nota-se que esta linha teve um grande movimento de correio ambulante, como se pode ver na tabela de tipos e, mais abaixo, na reprodução dos carimbos.

 

Carimbos do correio ambulante da Linha 35

 


Agencias Ferroviárias da Linha 35

“Agencia ferroviária” é o termo usado pelos filatelistas para designar agencias postais instaladas em estações ou próximas a elas.  Oficialmente o nome não existe, já que são agencias regulares dos Correios administradas por um agente postal subordinado à mesma estrutura das demais agencias fixas. O fato de constar “Estação” ou “Est.” nos carimbos é simplesmente um indicador de sua localização. Listar essas agencias nesta página tem objetivo de apoio aos colecionadores (entre os quais me incluo). No entanto, a exemplo das agencias regulares, cada uma delas tem sua história e imagens dos carimbos nos seus respectivos municípios.

 

Notas e Informações

[1] fonte: A Formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro, de Helio Suêvo.

[2] “A E.F. de Cantagallo (1857-1873)” trabalho apresentado por V.C. Melnixenco em Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia 14º SNHCT Belo Horizonte, 2014.

[3] De fato, os problemas de navegação não seriam as únicas preocupações. A ligação com a Corte dependia de transbordos e trechos fluviais e marítimos. Já no inicio dos anos 1860 falava-se em conectar Niterói ao interior e mesmo a Campos por ferrovia. O chamado ramal de Niteroi chegou a Vila Nova em 1873.

[4] Reproduzo texto da página de Macuco: “O desenvolvimento de Macuco deve-se principalmente ao Barão de Nova Friburgo, responsável pelo projeto da malha ferroviária para escoar a produção cafeeira de suas fazendas para o Rio de Janeiro em meados de 1860. Bernardo Clemente Pinto, cantagalense, adicionou ramais à primitiva ferrovia, prosperando a região de Macuco. O povoamento teve origem nos arredores fazenda Cordeiro graças aos fluxos de colonização que se dirigiram para a localidade de Macuco e, também, de Cordeiro (fonte wikipedia)”.

O horário de trens fala por si sobre o traçado da EF Cantagalo em 22 de maio de 1887


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