Mage

MUNICÍPIO DE MAGÉ

Magé é um dos municípios mais antigos do estado do Rio de Janeiro. Sua origem está ligada à Freguesia de Magepe-Mirim, criada 18 de janeiro de 1696. Em 9 de junho de 1789 foi emancipada como vila de Magé, incorporando a Freguesia de Guapi-Mirim que foi desmembrada de Santo Antonio de Sá. A vila de Magé foi elevada à cidade em 2 de outubro de 1857.

Histórico dos distritos (IBGE); em negrito os atuais

    • Magepe-Mirim (1696);
      • Magé (1789) vila
    • Guapimirim (1755)
    • Suruí (1755)
    • Inhomirim (1755)
      • Vila da Estrela (1859) nova sede do distrito de Inhomirim
      • Raiz da Serra (1891) nova sede do distrito de Inhomirim
    • Guia de Pacobaíba (1755)
    • Santo Aleixo (1892)

AGÊNCIAS POSTAIS

REDE FERROVIÁRIA

Magé tem uma complexidade ferroviária que exigiu um mapa especial para facilitar seu entendimento. As cores das linhas representam as ferrovias listadas nas tabelas mais abaixo. Mais detalhes também no menu Correio Ferroviário.


HISTÓRIA, CURIOSIDADES E IMAGENS DE AGENCIAS


Magé tem história riquíssima e sua colonização faz parte da formação do estado. Sua agência original data de 1829 (ref. N.M.) e é uma das mais antigas.

O advento das ferrovias (e das agências a elas relacionadas) tem Magé como protagonista. Segue um breve sumário das ferrovias que cruzaram seu território. Ainda hoje, Magé é a cidade, depois do Rio, com maior número de estações em operação.

   E.F. MAUÁ – No porto de Mauá chegavam as barcas da Praça XV para fazer a baldeação com a E.F. Mauá que foi inaugurada em 30 de abril de 1854 em cerimônia com a presença do Imperador. Esta é a primeira ferrovia do Brasil. Seu idealizador e construtor foi o grande empresário Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Ele não entanto não conseguiu viabilizar o trecho da serra, cuja complexidade exigia um investimento além do previsto.
   E.F. GRÃO-PARÁ – Um novo grupo de acionistas formou a Grão-Pará em 1881, incorporando a antiga Mauá, e inaugurou o trecho até Petrópolis em 20.02.1883. Curiosamente, o assunto não mereceu uma linha na imprensa. A única foto que encontrei está abaixo.

   E.F. do NORTE – Incorporada em 1882, o projeto da linha era contornar a baía de Guanabara até a junção com a EF Mauá no local Entroncamento. Inaugurada em 1888. Ela, em princípio, permitiria a conexão ferroviária da Corte com Petrópolis. Entretanto, a estação inicial em S. Francisco Xavier não era muito acessível por estar distante do centro e a viagem com ligação por barcas ao porto de Mauá ainda era uma alternativa. Com dificuldades econômicas, foi absorvida pela Leopoldina em 1898.

   E.F. TERESÓPOLIS – Em 1890 foi constituída a empresa que, depois de vários projetos, finalmente entregou em 1896 o trecho entre o porto de Piedade e a Raiz da Serra. A linha chegaria ao alto da serra em 1906, mas esse é já é um assunto para o município de Guapimirim.

   RAMAL DE SARACURUNA – Em 1926 a Leopoldina construiu o chamado Ramal de Saracuruna, ligando essa estação com Visconde de Itaboraí. Dessa forma, ficava finalmente fechado o anel ferroviário entre a Corte e Niterói contornando a baía de Guanabara e que permitiria ligação ferroviária entre o Rio e Vitória no ES.
Magé foi uma das paradas do trem Cacique, um luxuoso trem de passageiros de longa distância que percorria toda a Linha do Litoral e ligava o Rio de Janeiro às cidades de Campos dos Goytacazes, Cachoeiro de Itapemirim e Vitória, estas no estado do Espírito Santo. O trem foi operado pela EF Leopoldina entre os anos 1950 e 1984, quando foi desativado.

* * *

Numa outra visão, o mapa postal de 1928 mostrado abaixo permite acompanhar as linhas e as estações bem como sua relação com as agencias postais do município.

Mapa Postal de 1928, apresentando o traçado das ferrovias

 


Local 1 no mapa


ERJ 614 – Mage (1829 – )

A agencia postal de Magé é de 4 de dezembro de 1829 o que a faz a 21ª mais antiga agencia pré-filatélica do estado.

ERJ 631 – CDD Mage

Seguem-se as agencias do interior do município.


OS PORTOS DE MAGE


ERJ 615 – Porto de Piedade (1858-ND) Local 2 no mapa

O Porto da Piedade tem história. Foi um dos mais movimentados da baía de Guanabara nos tempos coloniais e mais tarde o ponto escolhido como terminal da Estrada de Ferro Teresópolis no início dos anos 1890. Sua ligação com o Rio era feita por uma linha de barcas da Praça XV.

Recentemente foi reformado pela Prefeitura de Magé. Quanto a agencia no Império, tenho dúvidas. Roteiros de malas e linhas postais “da Corte a Piedade” nos Relatórios Postais dos anos 1850 são indícios de possível agencia ou ponto. Abaixo reproduzo uma imagem de carimbo sobre emissão de 1866, mas não está muito legível.


Local 3 no mapa


ERJ 616 – Porto de Mauá (1880-1946) 
ERJ 617 – Guia de Pacobaíba (1946-2005)
ERJ 617A – AGC Guia de Pacobaíba (2005-2010)

Obra do empreendedor Visconde de Mauá, foi a primeira linha ferroviária do Brasil. Sua visão era uma ferrovia que ligasse a Corte a Minas Gerais. O trecho inicial ia do Porto Mauá (1854) até a Raiz da Serra (1856). A imagem do Almanaque de Petrópolis acima mostra o píer onde era feita a baldeação das barcas que vinham da estação Prainha no Rio de Janeiro. Periodicamente, a Prefeitura investe na manutenção do sítio histórico e da estação original, como se vê na imagem ao lado. A agencia postal funcionou no local desde 1880, sendo posteriormente transferida e renomeada Guia de Pacobaíba, nome do bairro de Magé onde o porto está localizado. Funcionou como AGC até 2010.

 


Local 4 no mapa


ERJ 618 – Porto da Estrela (1846-1897)

O rio Estrela faz a divisa entre os municípios de Magé e Duque de Caxias (antigo Iguassu). O Porto da Estrela – onde se localizava a antiga agencia de 1846 – fica em território de Magé às margens do rio Estrela, próximo à foz do rio Inhomirim onde esteve a sede da freguesia de mesmo nome sobre a qual falarei logo à frente.

As poucas ruínas de Estrela podem ser vistas no Google; uma delas, a “Casa das Três Portas” está na imagem acima (foto de Mario Pinheiro, 2020). Falarei mais adiante sobre Estrela e sua história.

Existe uma estação ferroviária também chamada Estrela em Duque de Caxias construída em 1888 na EF do Norte, mas não há relação com o local do antigo porto. Esta teve agencia de 1926 a 1940, renomeada Joaquim Tavora por pouco tempo e é a atual Imbariê.


O mapa Laemmert de 1892 mostra a região que estou descrevendo. Já mencionei acima os portos da Piedade, Mauá e Estrela. Para completar o quadro das localidades da região, falta falar das Freguesias de Inhomerim e Pilar, ambas às margens dos rios de mesmo nome.

 


Local 6 no mapa


ERJ 619 – Inhomerim, freguesia (1871-1918)

Com origem no tupi nhum-mirim (campo pequeno) a grafia Inhomirim é mais correta, embora seja comum, inclusive nos carimbos, a grafia Inhomerim. A Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Inhomerim foi criada em 1677 e o distrito em 10/01/1775, subordinado a Magé [1]. Suas terras dominavam toda a região e, subindo a serra, também o território da futura Petrópolis. À Matriz de N.S. da Piedade estava subordinada a capela de Estrela.

A Freguesia de Pilar (ERJ 416) está classificada neste trabalho no município de Duque de Caxias, por razões que comentarei mais à frente. Mas, como sua história esteve ligada à região, vale apresentá-la. O Caminho Novo, novo trajeto para Minas substituindo o antigo por Paraty, foi construído no início do século XVIII. Subia o rio Iguaçu mas seguia seu afluente Pilar à direita (está erradamente apontado no mapa). até o porto de Pilar, cuja Freguesia data de 1696.

A RIVALIDADE ENTRE IGUASSU E MAGÉ

Duas das mais antigas Freguesias ao fundo da baía da Guanabara, Iguassú (1719) e Magé (1696) sempre competiram pela primazia na região. Ambas possuíam importantes rotas de comércio  com o interior do estado e com as Minas Gerais. Esse assunto está abordado no artigo Estrada Real em Historia Postal. Os rios Estrela, Pilar e Iguassu seriam os portais desses caminhos.

Magé foi elevada a Vila em 1789, desmembrada do vizinho município de Santana do Macacu. A rivalidade aumentou quando Iguassu foi por sua vez elevada a Vila em 1833, englobando a poderosa Freguesia de Pilar. Houve forte reação política em Magé, o que fez com que a Vila de Iguassu fosse extinta em 1835, embora restabelecida no final do ano seguinte.
Mas o confronto continuou latente e acabou por originar a criação da Vila da Estrela entre ambas  pela Lei Provincial Nº 397 de 20/5/1846 à qual foi anexada a Freguesia de Pilar. Estrela, no entanto, acabou cedendo parte do seu território com a criação da Vila de Petrópolis. Como compensação, o governo provincial transferiu a ela em 10/02/1859 a Freguesia de Inhomirim, cuja sede foi transferida para Estrela (continua abaixo)

Novos Tempos Ferroviários

Local 7 no mapa

ERJ 626 – Raiz da Serra, estação (1869-1941)
ERJ 627 – Inhomirim (Vila Inhomirim), estação (1941-2002)
ERJ 627A – AGC Inhomirim (2000-2010)

Nesse meio tempo, foi inaugurada em 1854 a Ferrovia Mauá, construída praticamente no território de Inhomirim. Partia do Porto de Mauá, na localidade de Guia de Pacobaíba, cruzava a antiga sede Inhomerim e terminava na localidade de Raiz da Serra onde chegou em 1856. Novos acionistas incorporaram a EF Grão-Pará, que venceu a serra e chegou a Petrópolis em 1883. Um novo caminho para o interior estava aberto e o porto da Estrela começaria a sentir sua concorrência.
As coisas mudariam ainda mais em 1888 quando uma nova linha, a EF do Norte, chegava da Corte e se entroncava com a EF Mauá na estação apropriadamente chamada Entroncamento (mais tarde, Piabetá). Era o princípio do fim. O distrito de Inhomerim volta para Magé por decreto estadual de 9 de maio de 1891, e no mesmo ato, sua sede é transferida para Raiz da Serra agora renomeada Vila Inhomirim. O município da Estrela seria extinto em 1892 e seu território incorporado a Magé, onde atualmente é distrito.

Na verdade, a concorrência do novo modal de transporte teve também a importante participação da ferrovia D.Pedro II que atravessou a serra e chegou ao rio Paraíba e a Tres Rios em 1867 e a Juiz de Fora em 1875. Antes do final do século XIX a Linha Auxiliar faria o mesmo pelos contrafortes da Serra do Tinguá. Em 1891 a sede de Iguaçu seria transferida para a localidade de Nova Iguaçu na então EFCB. Era o fim da era dos rios da Baixada.

O quadro atual

  • Da antiga sede da Freguesia de Inhomerim restam somente em Bongaba as ruínas da Matriz, entre um cemitério e um depósito de lixo, como se vê na imagem do Google Maps. Vila Inhomirim ainda é a sede do distrito, embora Piabetá seja o centro da atividade econômica. Atualmente, é terminal do ramal Vila Inhomirim, operado pela Supervia, fazendo a ligação até a estação Saracuruna, de onde os passageiros fazem baldeação para o Rio. O resto da linha foi erradicado em 1964.
  • Do porto da Estrela, restam umas poucas ruínas, dentre as quais a “Casa das Tres Portas” (foto de Mario Pinheiro, 2020 apresentada acima).

  • Em Pilar, não há vestígios do porto, mas a Igreja está lá, junto a uma simpática pracinha ao lado do cemitério (Google maps)

Carimbos

Local 7 no mapa (continuação)

ERJ 629 – Fábrica de Pólvora (1863-1869)

Em 1808 a Fábrica de Pólvora Lagoa Rodrigo de Freitas (imagem) foi fundada por D. João VI no Jardim Botânico. Em 1826 foi transferida por D. Pedro I para a localidade de Piabetá com a denominação de Real Fábrica de Pólvora da Estrela. A agencia postal consta a partir de 1863. Provavelmente essa agencia tenha sido transferida para a localidade de Raiz de Serra (ERJ 626) que já tinha estação desde 1856 e cuja agencia  foi criada em 07.06.1869.

Hoje é da IMBEL. Não possuo imagens.

Sede da Fabrica de Polvora (Geografia Urbana UFRRJ)


Local 5 no mapa


ERJ 620 – São Nicolau do Surui (1875-1941)
ERJ 621 – Surui, estação (1941-1999)
ERJ 621A – AGC Surui (1999-2010)

A origem do local foi a Freguesia de São Nicolau de Suruhy criada em 17 de janeiro de 1755 em torno da Igreja de São Nicolau, ereta em 1710 nas fraldas da Serra da Palha e próxima ao rio Suruhy, que lhe emprestou o nome. Em 1926 foi atravessada pelo Ramal Saracuruna-Visconde de Itaboraí cuja estação está assinalada no mapa. É sede de distrito de Magé.
Sua agencia postal é de 1875, tendo sido renomeada Suruí em 1941 e fechada, já como AGC, por volta de 2010.


Local 10 no mapa

 


ERJ 623 – Santo Aleixo (1904-2000)
ERJ 623A – AGC Santo Aleixo (2000-2010)


Santo Aleixo é distrito de Magé desde 1892.
Situada no vale do rio Roncador, a aprazível localidade é vizinha ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Desenvolveu-se ao redor da única igreja que se tem notícia no Brasil dedicada a Santo Aleixo, e que foi levantada por José dos Santos Martins, com provisão de 4 de setembro de 1743, e benzida em abril de 1747.

Em meados do século XIX, a abundância de água atraiu a indústria têxtil. A Fábrica Santo Aleixo foi construída em 1847 por empreendedores norte-americanos e vendida em 1942 à família Bezerra de Mello. Uma vila operária foi construída com mais de 400 casas. Fechada nos anos 1970, está abandonada, mas há projetos de reforma-la para multiuso. Na imagem lê-se a data de 1926, possivelmente uma expansão (Google Maps 2021).

A agencia postal é de 1904 e ainda ativa sob o modelo AGC.


Local 9 no mapa


ERJ 630 – Piabetá (1963- )

Antiga estação de Entroncamento, é hoje o polo comercial da região.

ERJ 630A – Tefam
ERJ 630B – Rodoviária de Piabetá

Duas agencias de cuja existência só soube pelos carimbos.


Notas e informações

[1] sobre a formação de Inhomirim, fiz o registro baseado como sempre nas informações do site do IBGE, que diz: “Pelo Alvará de 12-01-1755 e Resolução Régia de 25-11-1815, é criado o distrito de Inhomirim, e anexado à vila de Magé”.

Entretanto, encontrei o seguinte Decreto de 12 de março de 1833 que nos comunica o desmembramento da Freguesia de N.S. da Piedade de Inhomirim de Iguassu e sua transferência para Magé.

Trata-se de um detalhe que o IBGE não menciona. O que aconteceu é que, segundo o mesmo IBGE, em 15 de janeiro de 1833 foi criado o município de Iguassú, desmembrado de Magé e composto de seis distritos. Na verdade, seriam sete, contando Inhomirim. Entretanto, como diz o decreto, os moradores desse último rejeitaram a mudança e pediram para continuar ligados a Magé, com quem tinham laços comerciais.

Assim, Inhomirim ficou tecnicamente subordinado a Iguassu por exatos 60 dias e  retornou a Magé. Reproduzo o texto do IBGE de Nova Iguaçu: “Elevado a categoria de vila com a denominação de Iguaçu, pelo Decreto de 15-01-1833, desmembrado dos termos de Niterói, de Vassouras e de Magé. Constituído de 6 distritos: Jacutinga, Queimados, Nossa Senhora da Piedade de Iguassu, Mereti, Palmeiras e Pilar. Instalado em 27-07-1833″.

Talvez por tudo ter se passado antes da instalação do novo município, o IBGE ignorou.


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