Linha 10 EF Leopoldina

Linha 10 – ESTRADA DE FERRO LEOPOLDINA

Após o término do Ramal  de Porto Novo em 1871 (linha 9 deste trabalho), o governo imperial estudou prolongar essa linha para o norte em direção ao rio S. Francisco como foi sempre seu objetivo ao construir uma “estrada de integração nacional”. O projeto original previa fazer isso pela Linha do Centro, que partia de Três Rios seguindo para Juiz de Fora e Barbacena, mas, aparentemente, este novo traçado apresentava condições mais favoráveis ao objetivo e assim a Lei N. 1826 do governo de Minas Gerais deu partida ao novo projeto e foi constituída a Companhia EF Leopoldina.

Em 8 de outubro de 1874 foi inaugurado o trecho entre Porto Novo e Volta Grande e em 1877 foi entregue a linha até Cataguazes, com um ramal para Leopoldina. O projeto original previa aliás chegar a essa cidade no primeiro trecho, tendo inclusive tomado seu nome para a ferrovia. Por questões técnicas acabou servida por um ramal.

Um novo decreto N. 7051 de 1877 concedeu à Leopoldina o direito de prolongar a linha até Ponte Nova.

Em 1879 a linha atingiu Ubá onde se entroncou com a linha Três Rios – Caratinga cujo trecho inicial havia sido construído pela EF União Mineira e que foi incorporada em 1884 pela Leopoldina. A linha chegou à Ponte Nova em 1886.

A EFL já havia também incorporado em 1885 o Ramal do Sumidouro no estado do Rio (linha 37 neste trabalho)  que ligava a EF Cantagalo ao rio Paraíba no município do Carmo. Essa empresa, como diversas outras que possuíam conexões com a rede Leopoldina, apresentava sérios problemas financeiros. Com isso, o governo imperial, através do decreto N. 2896 de 9 de maio de 1889, decidiu por incorporá-las todas ao patrimônio da EFL.

Essa decisão levou a EFL por sua vez a enfrentar dificuldades técnicas e financeiras de modo que o agora governo republicano intermediou em Londres a constituição de uma nova empresa com capitais ingleses, a The Leopoldina Railway Company Ltd., que foi autorizada a operar no Brasil pelo decreto de 14 de janeiro de 1898 assumindo o passivo da antiga companhia [1].

Com o passar do tempo, a EFLR se tornaria uma ampla rede que abrangeria toda a região norte do estado do Rio, a Zona da Mata Mineira e o sul do Espirito Santo.


Correio Ambulante


Aqui tratarei apenas do serviço ambulante nas linhas originais da EF Leopoldina em território mineiro que partiam de Entre Rios (atual Três Rios) e Porto Novo do Cunha (que até 1885 se reportava à DR-RJ) o que as tornam colecionáveis neste trabalho.

Tipo AMB 349 Correio Ambulante Leopoldina (1884-1891)

A data 1884 do carimbo mais antigo nos permite concluir que teria circulado na linha tronco da Leopoldina que então seguia de Porto Novo até Ubá (1879) e São Geraldo (1880). Sobre as legendas (nº1) e (nº2) não encontrei informação oficial. Por similaridade a outras linhas, podemos supor que se trata do número dos trens e mesmo que o impar seria de ida e o par de volta, como os trens da EFDP 2º

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A origem em Entre Rios nos permite dizer que os dois tipos seguintes foram utilizados na linha Três Rios – Caratinga da EFL que foi concluída até Ponte Nova em 1886.

Tipo AMB 350 Ambulante Entre Rios a Ponte Nova (1916 -1920)

O uso da série vovó sem filigrana nos permite datar o segundo exemplar em 1920.

Tipo AMB 351 Entre-Rios X Ponte Nova Ambulante (ND)

Por se tratar de reprodução não nos permite datar a peça visto que o 100 Rs circulou de 1920 a 1940. Mas é possível estimar a década de 1920 como o mais provável.

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Tipo AMB 352 – Conductor Porto Novo a S. Geraldo (1908)

A origem em Porto Novo nos diz que esse ambulante circulou pela linha tronco da EFL que foi entregue em 1880. A reprodução é de um artigo do colega Bayliss.

 


Estações Ferroviárias


As linhas da EF Leopoldina original ficavam em território mineiro, de modo que somente as duas estações iniciais poderiam ser atribuídas ao estado do Rio: Entre Rios (inicial da linha de Caratinga) e Porto Novo (inicial da linha tronco).

Como veremos a seguir, a linha não teve agencias ferroviárias em solo fluminense.

A estação de Entre Rios

A estação de Entre Rios – uma das “estações de pedra” – parecia ser apenas um posto auxiliar da estação maior na Linha da Central do Brasil. Foi inaugurada em 24 de maio de 1900. A estação da Leopoldina ficava a dois quarteirões da estação da Central [2]. Essa estação não teve, obviamente,  agencia postal própria.

No trecho do Rio (no quadrante superior direito do mapa) passava por duas estações sem agencia (Piracema e Praia Perdida) e depois cruzava o rio Paraibuna seguindo para o norte em território mineiro. Portanto, não existem agencias ferroviárias fluminenses nessa linha.

A estação da EFL em Porto Novo do Cunha

A imponente estação de Porto Novo da Cunha era a terminal do Ramal de Porto Novo da EFDP2º, que juntamente com sua agencia postal ferroviária está descrita na linha 9 deste trabalho.

Com relação à estação da EFL no mesmo local, reproduzo o relatório apresentado à ALP de MG pela comissão de investigação publicado no Diario de Minas em 9 de novembro de 1874, do qual transcrevo o trecho respectivo cuja imagem vem a seguir. Resumindo, a estação está num anexo da estação da EFDP2º e portanto, conclui-se, não possuirá agencia postal própria.

(…)  a EF Leopoldina tem seo ponto inicial na estação do Porto Novo do Cunha (…)  dividida em tres secções (…) 1ª SECÇÃO … está definitivamente concluída e em tráfego desde 6 de julho de 1874. Tem extensão de 27 km e conta com 4 estações, sendo a 1ª sita na parte posterior da estação da EFDP2º (..)

 


Notas e informações

[1] O texto histórico foi baseado no livro “A Formação das EF no RJ” de Helio Suevo Rodriguez e também do site “estacoesferroviarias.com.br” editado por Ralph Giesbrecht.

A imagem da EF Leopoldina original no topo da página é um detalhe do “Mappa Geral das Estradas de Ferro” de Gustavo Oschenek (1899) com minhas ilustrações.

[2] transcrito do site “estacoesferroviarias.com.br” editado por Ralph Giesbrecht.


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