Correio Urbano na Republica e Sucursais

CORREIO URBANO e SUCURSAIS NO DF (1890 – ca.1940)

Índice dos capítulos:

  1. Carimbos Urbanos (legados do Império)
  2. Agencias urbanas de 1890
  3. Projeto das sucursais em 1896 (não implementado)
  4. Implantação das sucursais em 1902
  5. Departamento de Correios e Telégrafos em 1931 e as últimas sucursais.
  6. Fechamento das sucursais 

Capitulo 1 – Os carimbos “Posta Urbana”

Os tipos “Posta Urbana” – foram utilizados pelas “Secções” do Correio Central na transição entre o Império e a Republica. A alcunha deriva das legendas C.U. – Correio Urbano e P.U.- Posta Urbana grafadas nas duas ultimas séries.

Analisando a inscrição do quadrante superior do círculo interno e as respectivas datas de circulação, tomei a liberdade de classificá-los em três séries distintas.

  • 1a. série – Imperio: quadrante com o enfeite ( ) horizontal (1887-1889)
  • 2a. série – Republica: quadrante com as letras C.U. (1889-1890)
  • 3a. série – Republica: quadrante com as letras P.U. (1890-1894)

Todos os tipos da república circularam somente na 1ª Secção. O quadro baixo apresenta os tipos existentes:

Os carimbos da 3ª série têm diversos subtipos catalogados que são decorrentes de variações tipográficas. Eles podem ser vistos na página da 1ª seção.

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Os carimbos “Correio Urbano” abaixo circularam também no inicio da republica. No entanto, não há provas de que tenham circulado no Rio de Janeiro. Assim que aparecer um envelope, poderei confirmar.

Observação: há carimbos com desenhos semelhantes que circularam em outras épocas ou locais. O menu carimbologia apresenta uma tabela completa. Ver https://agenciaspostais.com.br/?page_id=4778 

 


Capítulo 2 – A implantação das Agências Urbanas em 1890

Começo por apresentar o quadro completo das 12 agencias para ajudar a navegação:

No final dos anos 1880, o governo imperial já ventilava a necessidade de restabelecer a rede de agencias urbanas implantada nos anos 1870 [1].

Isso somente se realizou no alvorecer da República através do Aviso nº 17 do Ministério da Agricultura de 30 de dezembro de 1889 que conceituava as agências urbanas. Nele se baseou o Diretor Geral dos Correios para assinar a Portaria de 28 de janeiro de 1890 que criava oito Agências Urbanas que auxiliariam o serviço postal no perímetro urbano da cidade do Rio [2]. Essa área seria hoje o equivalente ao Centro, Catumbi, Estácio, Cidade Nova, Caju, São Cristóvão, Benfica, Laranjeiras, Botafogo e os bairros da Grande Tijuca (entre a Praça da Bandeira e o Alto da Boa Vista). Elas foram identificadas pelas letras de “A” a “H”, à semelhança das anteriores do império:

  • Agência “A”– Largo de Santa Rita, no Centro;
  • Agência “B”– Largo da Lapa, no Centro;
  • Agência “C”– Praia de Botafogo, na esquina da praia com a Rua da Passagem;
  • Agência “D”– Praça Duque de Caxias, na Rua do Catete, esquina com a Praça;
  • Agência “E”– Largo do Catumbi, nesse bairro;
  • Agência “F”– Campo de São Cristóvão, nesse bairro;
  • Agência “G”– Largo do Estácio de Sá, nesse bairro;
  • Agência “H”– Fábrica das Chitas, na Tijuca (na rua Desembargador Isidro, esquina com a Conde de Bomfim).

Essas oito  tiveram em comum, além da data de criação em 28 de janeiro de 1890, carimbos com o mesmo layout, como se vê pelas cinco imagens disponíveis das agencias A, B, C, F e H. Das outras três (D, E e G) não conheço exemplares, mas faz sentido supor que seguiram o padrão. Assim reproduzi cópia da imagem para registrar as agencias.

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O segundo aviso

Aparentemente, o projeto original de criação de uma rede de agencias urbanas logo perdeu fôlego pois o próximo comunicado, em 31 de março de 1890, informa a criação de “agencias em estações da EF Rio d’Ouro” incluindo até uma agencia em território do Estado do Rio (Cava, em Nova Iguaçu). Assim, não se nota intenção de classificá-las como urbanas e muito menos de identificá-las por letras. Disso só teríamos conhecimento pela lista apresentada no Relatório Postal de 1893 [3], onde elas estão listadas, desta vez com as letras.

  • Agência “J”– Ponta do Caju, Estação Central da Estrada de Ferro Rio d’Ouro
  • Agência “K”– Rua Bella, Estrada de Ferro Rio d’Ouro (atual bairro de São Cristovão)

Pessoalmente, creio ser difícil encontrar carimbos dessas duas agencias. Porém, como estão mencionadas no RC de 1893 eu indiquei sua existência na coleção reproduzindo o layout padrão das anteriores.

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O terceiro aviso

A nota de criação da agencia “L” em 1º de março de 1892 foi publicada na pg.57 do Boletim Postal de abril de 1892. Dessa vez, está claro no texto que se trata de uma agencia urbana de letras. O carimbo segue o padrão das anteriores.

  • Agência “L”– Raiz da Serra da Tijuca, bairro da Tijuca.

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O quarto – e último – aviso

Só temos conhecimento oficial da existência da Agencia “I” ao vê-la relacionada como agencia urbana de letras no Relatório dos Correios de 1893 [3] que, pela primeira vez, nos apresenta a relação completa das doze agencias urbanas de letras.

Além dessa aparição tardia, seu carimbo tem layout bem diferente dos anteriores, o que a torna sui generis – principalmente por ser a mais importante da rede, tanto que mais tarde é descrita como sendo a “sede da 1a. circumpscrição urbana” (AL 1902).

Qual seria a razão do atraso e da diferença de layout?

Para responder a essa pergunta, tive que desenvolver uma tese que me parece viável. Pela sua importância, a agencia já tinha a letra “I” determinada no projeto e poderia ter sido anunciada junto com as outras oito. Mas havia a premência em substituir o nome do imperador nos carimbos da E.F.D.P.II. (MRJ 161) e assim um carimbo temporário foi produzido a toque de caixa trazendo o novo nome da estação na legenda E.F.C.BRAZIL (MRJ 162).

Pelo que notei nas peças filatélicas, esse carimbo foi o primeiro a sair, em fevereiro de 1890 (exemplar de RK), antes das demais agencias de letras (o primeiro que conheço é de 1891). O carimbo “I” apareceu mais tarde e sem nenhum comunicado oficial e só sabemos dele pela listagem das 12 agencias do Relatório dos Correios de 1893 [3].

Assim teríamos a seguinte sequência:

  1. MRJ 161 EST.CENTRAL // E.F.D.P.II. (até 27 de junho de 1889) [4] Este seria o último carimbo do império
  2. MRJ 162 E. CENTRAL // (E.F.C.BRAZIL) (desde 19 de fevereiro de 1890). Este por sua vez seria o primeiro da república (imagem de RK)
  3. MRJ 163 AG. I do CORREIO // (E.F.C.do BRAZIL) (1893-1894). Finalmente, o último carimbo da séria de letras da republica.

 

Veja mais informações no menu Estação Central da EF D. Pedro II (agencias do centro da cidade).

Quando foi fechada a rede de agencias urbanas com letras?

Não há informação oficial de encerramento da rede. Houve paulatino abandono das normas, tendo o último carimbo que conheço com legenda de letra circulado em 1897.

Oficialmente, poderíamos considerar que a introdução de uma rede de sucursais em 1902, com objetivo semelhante, poderia ser considerada a data de encerramento da rede anterior. No entanto, optei por respeitar um anuncio oficial de mudança, mesmo que tardio, alguns deles só anunciados com a criação de outro grupo de sucursais nos anos 1930. O quadro abaixo  resume as datas que adotei [5].


Notas e informações do Capítulo 2

[1] Não confundir com as da rede de 25 agencias urbanas do Império (1868 a 1881) criada também com identificação por letras de A a Z. Seus carimbos tinham formato losangular, como exemplo ao lado extraído da matéria publicada no menu “Correio Urbano” do Império. Os  objetivos eram bem diferentes: no Império, uma nova rede de agencias na área metropolitana enquanto na Republica, seria para descentralizar as atribuições do correio central.

[2] Matéria na pagina 42 do Boletim Postal de fevereiro de 1890, na qual também se menciona a portaria ministerial como tendo sido publicada na pg. 4 do Boletim Postal de janeiro de 1890 (essa informação não consegui checar,  pois não são conhecidos exemplares ou imagens do BP de janeiro), mas que sabemos ter sido assinada em 30.12.1889

[3] Imagem do Relatório dos Correios de 1893, pág. 192

A Rua da Alegria é por onde corriam os trilhos da linha da EFRD (em diagonal tracejado grosso no canto sup. dir.) e fazia esquina com a Rua Bella, local onde estaria a estação (no atual bairro de S. Cristóvão). O mapa de 1922 do Serviço Geográfico Militar abaixo confirma essa suposição ao registrar a “Par. Rua Bella” nessa esquina (a linha com pontos é a dos bondes que vêm pela rua Bella).

As posteriores referencias no BP também não registram a “K”, nem tampouco a “Alegria”. Assim, o BP de janeiro de 1898 informa que por Portaria DGC 331 de 31.12.1897 a agencia Rua Bella foi suprimida mas restaurada em 10.11.1898 no BP de dezembro desse ano. Finalmente, a agencia “Rua Bella urbana” (sic) foi suprimida em 13.11.1905 conforme BP desse mês. Não muito claro…

[4] R. Koester menciona no verbete da Estação Central a existência de um exemplar de 19 de dezembro de 1889 “na coleção Nacinovic”.  Isso me chamou a atenção pois haveria um exemplar com legenda D. Pedro já na república. No entanto, analisei com atenção o exemplar que ele mostra na figura 28A e reparei tratar-se na verdade de um carimbo de legenda EST. DE Sta. ANNA em Barra do Pirai (ERJ 57) que possui por acaso a mesma legenda inferior, o que o desclassifica neste trabalho.

[5] Quadro resumo de datas. Acho que já mencionei a dificuldade em pesquisar as coisas dos Correios. Como exemplo, cito o Almanak Laemmert para 1900, onde constam dados até 1º de dezembro de 1899, e, no seu extenso relatório sobre os Correios, publica a lista de agencias urbanas completa, de A a L. Sabemos que pelo menos 3 ou 4 delas, segundo a tabela que mostrei, já haviam sido renomeadas ou transferidas naquela data. Posso dar como exemplo a agencia “A” Largo de Santa Rita que o Boletim Postal de 1898 informa ter sido transferida. Talvez os Correios não tenham informado o Almanak? De qualquer forma é lamentável.

E.T. acrescento que finalmente a agencia “A” já não consta do AL para 1901.


 

Capítulo 3 – o projeto das Sucursais de 1896 (não implementado)

N.A. Apesar de não ter sido implementado, o texto a seguir nos traz importantes informações que justificam apresentá-lo neste trabalho.

O segundo capítulo desta história começa com a publicação do Regulamento dos Correios pelo Decreto 1.692-A de 10 de abril de 1894 [4] quando pela primeira vez se menciona uma rede de sucursais em seu artigo 414. Textualmente:

Art. 265. Succursaes – são repartições dependentes da Administração dos Correios do Districto Federal e Estado do Rio de Janeiro, estabelecidas em determinados pontos da cidade e servidas por empregados da mesma administração, da qual fazem parte integrante, com o fim principal de facilitar o serviço de collecta, recebimento e distribuição de correspondencias.

“Art. 414 – Na Capital Federal haverá três Succursaes que serão estabelecidas no perímetro das freguesias do S. Christovão, Engenho Velho e Lagoa, nos pontos mais convenientes, a juízo do diretor geral (…).

Art. 417 – Além dessas, o Governo, por proposta do director geral, poderá estabelecer succursaes em outros pontos da cidade e fazer novas divisões delas, si assim for julgado conveniente.

Veja como se manifesta o Administrador dos Correios do Rio de Janeiro no Relatório Postal de 1896, citando os Decretos 1.692-A de 1894 e o Decreto 2.230 de 10 de fevereiro de 1896 [5]:

“As succursaes creadas e organizadas pelos artigos 414 a 417 do Regulamento de 1894, mantidas no Regulamento vigente em seus artigos 309 a 311, representam o complemento do serviço postal nesta Capital e, uma vez em atividade, seriam de grande vantagem para o público.

Attendendo ao que foi recommendado pela Directoria Geral em officio n. 2.830 de 23 de setembro de 1896 (…) pelo officio 3.684 de 29 de setembro e 3.267 de 9 de novembro de 1896 esta Directoria ordenou a criação de oito succursaes (…)”

 O projeto de 1896 em detalhe:

O detalhamento ajuda a entender a relação entre o projeto de 1896 e a rede de agencias urbanas “de letras” criadas em 1890, como vimos no Capítulo I. De fato, o projeto de 1896 não as extinguiu, mas as subordinou às respectivas sucursais. Entre parênteses, em itálico, comentários de sua história futura após a instalação das sucursais em 1902. Destaca-se a qualidade do plano original e o impacto das sucursais na estrutura dos Correios. Notem que as agencias “A” a “L” estão assim mencionadas no projeto e distribuídas entre as sucursais.

  • Administração: O projeto cria novas sucursais, mas mantém o Correio Central responsável pelo centro da cidade.
  • Região Central, compreendida entre o Morro de São Bento, Av. Marechal Floriano, Rua General Caldwell, Rua do Riachuelo, bairros de Fátima e Lapa. Possui as seguintes Agências Urbanas já instaladas:
    1. Agência Urbana “A”, no Largo de Santa Rita, 18 (essa agência foi renomeada Largo de Santa Rita em 1893, fechada ca.1935); 
    2. Agência Urbana “B” na Rua da Lapa, 2 (a agencia foi renomeada Largo da Lapa em 1898 e fechada em 1932);
    3. Agência Urbana “I” na estação Central da EFCB (foi renomeada Estação Central em 1898)
  • 1ª. Succursal: Praça Municipal (antigo Cais do Valongo, depois Largo da Imperatriz e atualmente engolida pela Avenida Barão de Teffé): atende aos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Propõe a instalação de uma nova Agência Urbana, a
    1. “Rua Senador Pompeu”, na rua de mesmo nome, nº145. (essa agência, a MRJ 245, será instalada em 26 de outubro de 1898 e fechada em 1901).
  • 2ª. Succursal: São Cristóvão (na Praça Dom Pedro I, depois Praça Marechal Deodoro e hoje Campo de São Cristóvão) atendendo aos bairros de São Cristóvão, Caju e Benfica. Possui as seguintes agencias já instaladas:
    1. Agência Urbana “F” – deve ser extinta ou relocada, uma vez que nesse mesmo local está prevista a instalação da Sucursal (a agência será renomeada Campo de S. Cristovão, depois transferida para Rua São Luiz Gonzaga em 1902, quando da instalação da Sucursal);
    2. As Agência Urbana “J” (renomeada Ponta do Caju em 1898)
    3. Agência Urbana “K”  (fechada em 1897)
  • 3ª. Succursal: Estácio de Sá (no Largo do Estácio de Sá, hoje destruído pela ampliação da Rua Estácio de Sá) atendendo aos bairros do Estácio, Catumbi e Rio Comprido. Possui as seguintes Agências Urbanas já instaladas:
    1. Agência Urbana “E”  – (renomeada Largo do Catumbi em 1898)
    2. Agência Urbana “Frei Caneca” – Rua Frei Caneca (essa agência, a MRJ 270, tinha sido criada por volta de 1895; fechada em 1932 quando da transferência e instalação da sucursal Cidade Nova);
    3. Agência Urbana “G” – Estácio, Rua Haddock Lobo, 8 (a proposta do plano é transferi-la para o Rio Comprido; mas ela será renomeada Estácio de Sá em 1898 e transferida para o Largo de Santa Rita quando da instalação da sucursal em 1902).
  • 4ª. Succursal: Praça Onze de Junho (antiga Praça do Rocio Pequeno no bairro de Cidade Nova, que será destruída com a construção da Av. Presidente Vargas): atendendo aos bairros da Cidade Nova e Praça da Bandeira.
  • 5ª. Succursal: Praça Duque de Caxias (hoje conhecida como Largo do Machado): atendendo aos bairros da Gloria, Catete, Laranjeiras, Cosme Velho e Flamengo. Possui a seguinte agencia já instalada:
    1. Agência Urbana “D” – Praça Duque de Caxias (a proposta prevê a transferência dessa agência para instalação da sucursal. De fato, ela foi fundida com a telegráfica e renomeada com mesmo nome em 5/8/1897; fechada em 1902 quando da instalação da Sucursal nº2)
  • 6ª. Succursal: Praia de Botafogo (esquina com Rua São Clemente): atende Botafogo, Copacabana, Urca, Humaitá, Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico e Gávea. Possui as seguintes agencias já instaladas:
    1. Agência Urbana “C” – Praia de Botafogo (a proposta prevê a remoção de agência para a instalação da sucursal. Ela de fato acabou transferida em 1902 quando da instalação efetiva da sucursal); 
    2. Agência Urbana “Gávea” – Rua Marquês de São Vicente 54 (essa agência, a MRJ 355 Gávea do Jardim, foi criada em 15 de abril de 1891).
    3. Agência Urbana “Jardim Botânico” (o plano previa sua criação; de fato a agência MRJ 411, Jardim Botânico, foi criada em 26 de outubro de 1898); 
    4. Agência Urbana “Copacabana” (a agência MRJ 283, Praça da Igrejinha, foi criada em 26 de outubro de 1898)
  • 7ª. Succursal: Santa Teresa (no Largo dos Guimarães) atende aos bairros de Santa Teresa e o Silvestre.
  • 8ª. Succursal: Engenho Velho (no Boulevard 28 de Setembro em Vila Isabel) atende aos  bairros de Maracanã, Tijuca, Andaraí, Alto da Tijuca, Aldeia Campista e Vila Isabel. Possui as seguintes agencias já instaladas:
    1. Agência Urbana “H” – Rua Desembargador Isidro, nº1 (em 1898 foi renomeada Fabrica das Chitas e fechada em 1932 com a instalação da sucursal nº5)
    2. Agência Urbana “Muda da Tijuca”, Rua Conde de Bonfim, 196 (o nome dessa agência no diário oficial é Rua Conde de Bonfim, mesmo endereço); 
    3. Agência Urbana “L” – rua Conde de Bonfim, 199 (depois de varias mudanças de nome, é fechada em 1932 quando da instalação da sucursal)
    4. Agência Urbana “Cachoeira da Tijuca” (fechada em 1904)
    5. Agência Urbana “Andaraí Grande” na Rua Leopoldo (criação proposta no plano, de fato, a agência MRJ 013 – Rua Leopoldo foi criada em 26 de outubro de 1898 no Andaraí);
    6. Agência Urbana “Aldeia Campista”, na rua Dona Elisa (proposta no plano, a agencia MRJ 650 – Dona Elisa foi criada em 1898 na Vila Isabel).

Adiamento da decisão

O processo de instalação das sucursais foi no entanto suspenso pelo Aviso nº 298 de 20/11/1896 do Ministério de Indústria, Viação e Obras Públicas.  Diz o texto:

“A Diretoria Geral da Indústria, 2ª. Secção, tendo em consideração a circular do Ministério da fazenda de 16 do corrente, recomenda que sejam sustadas quaisquer medidas tendentes à inauguração das succursaes da Administração dos Correios, convindo adial-a para época mais propícia.” 

Desse modo, o processo de instalação das sucursais só seria retomado em 1902 (veja capitulo 4).

Fontes:
[4] Coleção de Leis do Brasil – 1894, Página 302 Vol. 1 pt. II
[5] Coleção de Leis do Brasil – 1896 Vol. 2

 

Capítulo 4 – 1902: a implantação do projeto das Sucursais

O Diretor dos Correios, através da Portaria 33 de 27 de janeiro de 1901, conforme o Relatório Postal de 1903, autorizou finalmente a criação de seis sucursais. Comparada ao projeto de 1896, o perímetro urbano de cobertura foi mantido, mas houve redução de duas sucursais (Praça 11 e Santa Teresa) com decorrente redistribuição de áreas entre elas. A saber:

Sucursal nº1 – Botafogo – inaugurada em 3 de março de 1902 na Praia de Botafogo, 238 atendendo os bairros de Botafogo, Copacabana, Urca, Humaitá, Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico e Gávea.

Sucursal nº2 – Praça Duque de Caxias – inaugurada em 13 de abril de 1902, na praça Duque de Caxias, 15 atendendo os bairros da Gloria, Catete, Laranjeiras, Cosme Velho e Flamengo. Acumula a área de Santa Teresa.

Sucursal nº3 – São Cristóvão – estabelecida em 1º de junho de 1902, na praça Marechal Deodoro, 2 (Campo de São Cristóvão) atendendo os bairros de São Cristóvão, Caju e Benfica.

Sucursal nº4 – Vila Isabel – estabelecida em 7 de junho de 1902, no Boulevard 28 de setembro, 141A atendendo os bairros Aldeia Campista, Vila Isabel, Andarai, Tijuca e Maracanã (No projeto anterior, chamada de Engenho Velho).

Sucursal nº5 – Estácio de Sá, estabelecida em 31 de julho de 1902, na rua Estácio de Sá, 57 atendendo os bairros do Estácio, Catumbi, Rio Comprido, Fabrica das Chitas e parte do Engenho Velho (que, como vimos no projeto de 1896, era o nome previsto para essa sucursal e que incluía também o Alto da Boa Vista, como está no GP de 1906).

Sucursal nº6 – Praça Municipal, estabelecida em 5 de outubro de 1902, na Rua Camerino, 32 no Centro atendendo aos bairros da Saúde, da Gamboa e Santo Cristo.

A Administração, através da sua 7ª. Secção, continuou responsável pela Região Central, como previa o projeto de 1896 (pelo menos até a criação da Sucursal nº 7, que veremos a seguir).

***

A segunda fase de implantação das sucursais

Vinte anos mais tarde a sétima sucursal seria pela primeira vez instalada na área central. Outras oito seriam implantadas nos anos 1930, já sob a nova estrutura organizacional do DCT (ver capitulo 5).

Sucursal nº7 – estabelecida em 5 de outubro de 1921. Foi inicialmente instalada na Rua Treze de Maio (Correio Central) e em 1931 transferida para a Avenida Rio Branco. Segundo as esparsas informações que consegui, foi instalada em local diferente da agencia (há uma certa imprecisão nas referencias a essa sucursal, mesmo nos guias postais, às vezes referida por sucursal da av. rio Branco, sucursal da rua treze de Maio, ou simplesmente Sucursal nº7).

 


Capitulo 5 – O DCT – Departamento de Correios e Telégrafos

Resumindo o texto do menu História dos Correios, ao final dos anos 1920 a Repartição Geral dos Telégrafos ainda possuía estrutura separada dos Correios, com agencias e operações próprias e sede no antigo Paço Imperial.

Politicamente, a Republica Velha chegava ao fim com a Revolução de 1930, quando um golpe militar depôs o presidente Washington Luís e entregou o governo a Getúlio Vargas, que havia ficado em segundo lugar nas eleições daquele ano. O novo presidente aboliu a Constituição de 1891 e, governando por decretos, deu início a um programa de reformas.

Em 20 de dezembro de1931 o Decreto 20.859 criou o DCT – Departamento de Correios e Telégrafos, unificando a gestão dos dois serviços. Como veremos a seguir, haveria forte impacto dessa medida nas redes de Agencias e Sucursais dos Correios existentes anteriormente.

O primeiro movimento se fez sentir nas Sucursais logo no início de 1932

  • A Sucursal nº2 (Praça Duque de Caxias) foi renomeada Catete por fusão com a ET Largo do Machado a 3 de fevereiro de 1932. Somente por um ano, pois voltou ao nome anterior em 09/02/1933.
  • A Sucursal nº5, Estácio de Sá, fundiu-se com a ET Saenz Peña e foi renomeada Tijuca em 03/02/1932.
  • A Sucursal nº6, Praça Municipal, foi transferida em 1932 para a Cidade Nova, com o nome de Praça Onze de Junho e, em 1933, renomeada Cidade Nova.

Em seguida, o estabelecimento da Sucursal nº8 na Praça Quinze, no antigo prédio da Diretoria dos Telégrafos no Paço Imperial parece-me mais um ato emblemático na implantação do DCT, principalmente porque na mesma praça já existia uma agencia postal desde 1909 e que continuou normalmente em operação até 1962 (MRJ 220). A sucursal teve vida curta.

  • Sucursal nº8 – corroborando minha opinião, a criação da sucursal não foi registrada no Boletim Postal, embora nele conste a transferência de uma funcionária da agencia Praça 15 para a sucursal no dia 3 de maio. No DOU dessa mesma data registra-se no entanto o expediente do DGC nomeando o sr. Alberto de Amorim Garcia como chefe da Sucursal no dia 2 de maio de 1932. Foi a data que adotei para abertura da sucursal.

Além desses movimentos, sete novas sucursais foram criadas em 1934, remanejando-se a zona central com a instalação da Lapa e a zona sul com a de Copacabana. Mas, principalmente, ampliando o “perímetro urbano” estabelecido desde 1890 com cinco das novas sucursais expandindo a cobertura para os subúrbios da Central e da Leopoldina, chegando ao limite norte do Distrito Federal.  São elas:

  • Sucursal nº09 – Lapa – estabelecida a 13 de janeiro de 1934;
  • Sucursal nº10 – Riachuelo – estabelecida a 20 de março de 1934;
  • Sucursal nº11 – Engenho de Dentro – estabelecida a 25 de abril de 1934;
  • Sucursal nº12 – Copacabana – estabelecida a 16 de julho de 1934;
  • Sucursal nº13 – Meier – estabelecida a 16 de julho de 1934;
  • Sucursal nº14 – Cascadura – estabelecida a 16 de julho de 1934;
  • Sucursal nº15 – Penha – estabelecida a 5 de novembro de 1934.

 

Capitulo 6 – O fechamento das Sucursais

Não encontrei registro oficial de um ato de extinção das sucursais. Todas as 15 têm seu último registro oficial como sucursal no Guia Postal de 1940. O próximo GP – de 1948 – não registra mais nenhuma, todas substituídas por agencias regulares APT.

O D.O.U. é a única fonte complementar, por registrar a demissão de funcionários – a grande maioria em 31.12.1939. Uma informação esclarecedora que encontrei no DOU refere-se à Sucursal da Penha, onde uma funcionária foi demitida da sucursal em 31.12.1939 e readmitida na APT no dia seguinte. Ou seja, aparentemente a agencia regular Penha voltou a funcionar sucedendo a sucursal.

Informação similar encontrei na sucursal de Copacabana, com relação à funcionária Mercedes Torres da Silva cujas contas fecharam em outubro de 1940 e estava registrada na  APT Copacabana em 1º de janeiro de 1941.

Vale ainda registrar que, ao acompanhar alguns casos no DOU, notei que existem às vezes incertezas sobre o “status” das sucursais e das agencias. Como  exemplo, registro um caso trabalhista que encontrei ao pesquisar a sucursal Copacabana.

Na Praça Duque de Caxias no Catete há nota na imprensa de evento com a participação do Ministro da Viação e do Diretor Geral dos Correios inaugurando em 24 de dezembro de 1940 as novas instalações da APT Praça Duque de Caxias. Sintomaticamente, sem nenhuma menção à sucursal (que eu considerei extinta).

***

Boletins Postais – Vale ainda comentar que não existem (eu pelo menos nunca vi) edições do Boletim Postal por quatro anos, entre janeiro de 1940 e janeiro de 1943. Pena, pois elas poderiam elucidar essa questão.

***

Com as informações disponíveis decidi registrar 1940 como o ano de fechamento da rede. No entanto, encontrei carimbos grafados “sucursal” ainda por muitos anos durante os anos 1950 e alguns casos raros até mais tarde. Talvez as agências postais que as sucederam tenham feito uso deles. Há mais informações específicas sobre cada uma nos bairros em que estão registradas.

 


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