São Francisco Xavier

A região que apresentarei nesta página engloba os bairros de São Francisco Xavier e Mangueira, destacados em azul juntamente com a estação de Triagem. Chama a atenção a concentração de ferrovias e vias expressas que cruzam a região, um vale entre o morro do Telégrafo e a serra do Engenho Novo (áreas verdes no mapa) que é a principal ligação urbana entre o centro e os bairros da zona norte.

As ferrovias

 

Quatro ferrovias cruzaram os territórios de São Francisco Xavier e da Mangueira (traços a cores são meus):

Em laranja, a EF D. Pedro II cuja estação em S. Francisco Xavier foi inaugurada em 1861. A ferrovia seria renomeada Central do Brasil com o advento da república em 1889.

Em vermelho, a EF do Norte cuja inicial era outra estação inaugurada em 1882 próxima à São Francisco Xavier . Em 1898 a EF foi absorvida pela Leopoldina Railway que em 1926 construiu sua estação inicial própria, nomeada Barão de Mauá, às margens do canal do Mangue.

Em azul, a EF Melhoramentos cuja estação inicial em Mangueira foi inaugurada em 1895. Em 1902 a linha foi prolongada na direção do centro até a estação Alfredo Maia, na rua Figueira de Melo em S. Cristovão. Em 1903 foi incorporada pela EFCB que a renomeou Linha Auxiliar. A linha seria estendida até a proximidade da Praça da Bandeira e sua estação inicial seria a Alfredo Maia praticamente ao lado da Barão de Mauá.

Em verde, a EF Rio do Ouro, que aparece à direita no mapa em seu traçado original de 1883 que partia da Ponta do Caju. Por volta de 1920 ela recebeu autorização para mudar sua estação inicial para as proximidades da Praça da Bandeira, onde foi construída a estação Francisco Sá (trecho previsto em tracejado). Em 1928 a ferrovia foi incorporada à EFCB que passou a operar três das ferrovias aqui descritas.

Com todas essas mudanças, nos anos 1930 havia quatro novas estações em São Cristóvão (oficialmente Praça da Bandeira), como se vê no mapa de 1946 do Min. da Guerra abaixo. Três delas são terminais das respectivas ferrovias e Lauro Muller funcionou na EFCB por algum tempo.


SÃO FRANCISCO XAVIER


O turfe no Rio de Janeiro

Em 6 de março de 1847 é fundado o Clube de Corridas no chamado Prado Fluminense em São Francisco Xavier (algumas fontes o posicionam no vizinho Rocha). Durou três anos e fechou. Em 1868 um novo grupo fez ressurgir o Jockey Club, no mesmo prado. O local aparece no mapa próximo à estação e hoje é ocupado por unidades militares e escolas municipais.

Em 1984 o Dr. Paulo de Frontin, por desentendimentos, deixou o clube para organizar outra entidade, o Derby Club, adquirindo a área sinalizada no mapa (onde futuramente seria construído o estádio do Maracanã). Por volta de 1926 o Jockey começou a utilizar um novo hipódromo sobre um aterro ao lado do Jardim Botânico. Em 1932 os dois principais clubes turfísticos da cidade fundiram-se constituindo o Jockey Club Brasileiro com corridas no rebatizado Hipódromo da Gávea. No mapa vê-se também o Turf Club. Este teve vida efêmera de 1889 a 1893; no local hoje funciona a UERJ.

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O viaduto Ana Neri: o resgate da circulação entre os bairros 

A EFCB cortou o tradicional bairro de S. Francisco Xavier ao meio, com fortes reflexos no isolamento do bairro, o que incentivou a criação de pequenos bairros vizinhos como a Triagem, Mangueira, etc. Com a eletrificação da linha no governo Vargas em 1937 foram também fechadas as passagens de nível o que piorou a situação até com o desvio das linhas de bonde. Somente no governo JK foi terminado um dos primeiros viadutos do país, projeto que se arrastava há anos. Foi responsável por restabelecer o trânsito entre os bairros, até mesmo dos bondes, cujos trilhos aparecem em primeiro plano (à direita, uma das unidades da IBM, depois por algum tempo sede da TV Record no Rio). A inauguração em 6 de setembro de 1956 contou até mesmo com a presença do presidente [1]

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Localização das Agências Postais do Município do Rio de Janeiro

Quadro de agencias

A estação MRJ 590 foi inaugurada na EFCB em 1861, dando origem ao bairro. A agencia foi criada pouco tempo depois.

Uma análise no quadro de agencias mostra que a agencia foi suprimida em 1934 e criada novamente poucos meses depois em 1935 com a transferência da agencia Pedregulho de São Cristóvão (essa história vale ser lida naquele bairro). Uma operação meio estranha que deve ter tido uma razão política que não descobri.

Vale mencionar que existiu brevemente uma segunda agencia com esse nome, no outro extremo da rua. Trata-se da MRJ 9, no Andaraí, que funcionou por 30 dias, de 18/12/1900 a 18/01/1901 – provavelmente, cometeu-se um erro que foi prontamente corrigido e seu nome alterado para rua Barão de Mesquita. É improvável que tenha sido instalada. Veja o mapa na nota [2].

MRJ 590 – São Francisco Xavier estação (1864-1992)


Como vimos na introdução às estradas de ferro ao alto da página, a EF Melhoramentos chegou ao bairro em 1895 onde inaugurou a estação Silva e Souza, que posteriormente foi renomeada Triagem. Hoje é também estação de metrô. Sobre a agencia, teve vida curta e não possuo imagens.

MRJ 591 – Triagem (1927-1931)

A origem da agência é o decreto-lei Nº 2.645 de 01/10/1940, que dá a denominação de Ministro Mallet ao conjunto de estabelecimentos militares agrupados nos terrenos do antigo Jockey Club em São Francisco Xavier. O fato é que tenho somente uma menção à agencia, a do GP de 1963.

MRJ 592 – Estabelecimentos Ministro Mallet (1963) não tenho imagens

 


Notas e informações

[1] os leitores que me perdoem, mas não resisti a uma notinha publicada no mesmo Correio da Manhã que fala muito da nossa brasilidade.

[2] Mapa da rua São Francisco Xavier (em diagonal laranja, no Wikimapia).

 

 


MANGUEIRA


A comunidade surgiu a partir da construção de alguns barracos nas terras do Visconde de Niterói, na época já falecido. Desde 11 de maio de 1852, quando se inaugurou nas proximidades da Quinta da Boa Vista o primeiro telégrafo aéreo do Brasil, a elevação vizinha ficou conhecida como Morro dos Telégrafos. Pouco depois foi instalada ali perto uma indústria de chapéus que passou a ser conhecida como “fábrica das mangueiras”, já que a região era uma das principais produtoras de mangas da cidade. No entanto ela logo seria renomeada Fábrica de Chapéus Mangueira. O novo nome era tão forte que a EF D. Pedro II batizou de Mangueira a estação de trem inaugurada em 1869. O morro ao lado da linha férrea também passou a ser chamado de Mangueira. Os descendentes do Visconde nunca conseguiram retomar a posse do terreno, que finalmente nos anos 1960 foi desapropriado por um decreto do governador Carlos Lacerda.

Em 1910, Tia Fé cria o rancho carnavalesco Pérolas do Egito. Entre blocos, ranchos e cordões, outras agremiações surgem depois, tais como Guerreiros da Montanha, Trunfos da Mangueira e Príncipe das Matas. Em 1926, a Mangueira já era um reduto de sambistas, representados no concurso na casa de Zé Espinguela, em 1929, pelo então bloco Estação Primeira. A partir daí sua história se confunde com a história do Carnaval e de sua mais popular agremiação carnavalesca, a Estação Primeira.

Esse nome foi adotado pelo povo para se referir à nova estação criada em 1895 com a inauguração da EF Melhoramentos (futura Linha Auxiliar) por ser esta a estação inicial na época da inauguração. A agencia postal foi criada em 1896 e teve um funcionamento intermitente até por volta de 1940.

A agencia foi originalmente instalada na estação.

MRJ 586 – Mangueira (1896-1909) sem imagens

MRJ 587 – Mangueira (continuação) (1911-1940)

MRJ 588 – AC Mangueira (1980-2002)

 


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