CORREIO CENTRAL

O CORREIO CENTRAL DO RIO DE JANEIRO

Este site se dedica à história postal do Rio de Janeiro através dos seus carimbos postais e os classifica pelas agencias postais que os utilizaram – neste capítulo, o Correio Central do Rio de Janeiro.

Sem nenhuma pretensão além de conduzir a apresentação, decidir dividir a história da agencia central em cinco períodos decorrentes de eventos marcantes. São eles:

Pré-filatélico (1798-1842)
Correio Geral da Corte (1842-1865)
Agencia Primeiro de Março (1865-1882)
As Secções (1882-1962)
Agencia Central do Rio de Janeiro (1962 – )

 


O período Pré-filatelico (1798-1842)


1798 – a criação dos Correios no Brasil

O Alvará Real de 18 de janeiro de 1797 extingue e reincorpora à Coroa Portuguesa o ofício de Correio-mor do Reino e Domínios subordinando-o ao Ministério da Marinha e Ultramar. O Alvará de 20 de janeiro de 1798 institui os Correios Marítimos entre Portugal e o Brasil, assim como o estabelecimento dos Correios Terrestres. Em 26 de fevereiro são expedidos Atos Complementares que, entre outras coisas, estabelece a necessidade de “marcar as Cartas com o nome da terra em cujo Correio forem lançadas” o que deu origem aos carimbos pré-filatelicos.

A adoção pelo Brasil dos preceitos desse Alvará se deu por Ato de 24 de abril de 1798 com a instalação no Rio de Janeiro de uma Administração do Correio “nos baixos” (*) do edifício do Paço dos Vice-Reis.

(*) A expressão foi usada por Dorvelino Guatemosim em seu Guia Postal de 1933 (imagem abaixo).

Essa data é considerada como a da criação do Correio da Corte, a primeira agencia postal do Brasil. Seu primeiro administrador foi Antonio Rodrigues da Silva

1808 – o primeiro Regulamento Postal

Com a vinda da família real para o Brasil, em 22/11/1808 é publicada a Decisão nº53 que aprova o Regulamento da Administração Geral do Correio da Corte e da Província do Rio de Janeiro, bem como estabelece a rotina de saída “das malas para as differentes Capitanias”.

1829 – o Regulamento Postal do Império do Brasil

Após a proclamação da independência, o Decreto de 05/03/1829 traz o primeiro regulamento postal do império brasileiro. Ele cria o cargo de Diretor Geral dos Correios, a quem se reporta o Administrador Geral do Correio da Corte e da Província (e os  administradores das demais províncias).

Também nessa data os serviços postais são transferidos para o edifício da Praça do Comercio onde já funcionava a Alfândega desde 1824.

1834 – o Município Neutro

Com a independência, a cidade do Rio de Janeiro passou a acumular as funções de capital do Brasil e da Província do Rio, com evidente assimetria com as demais Províncias. Assim, o Município do Rio, por força do Ato Adicional de 12 de agosto de 1834, passa a constituir o Município Neutro, enquanto a capital da Província passa a ser a Vila Real da Praia Grande, renomeada Niterói no ano seguinte.

 


Capitulo II – o Correio Geral da Corte (1842-1865)


O diferencial do período são os carimbos datadores com legenda superior  CORREIO GERAL DA CORTE.

1842 – o selo postal

O Decreto de 29/11/1842 reza em seu artigo 1º que serão pagos adiantados nos Correios os portes das cartas oito meses depois de publicado este Regulamento, ou seja aproximadamente em 1º de agosto de 1843, data de lançamento da série de selos olho-de-boi. Em seu artigo 9º, institui também o uso de carimbos obliteradores. Mudanças profundas, que permitiram o sistema de classificação desta coleção.

1855 – turmas e turnos

O decreto descreve e estrutura do Administrador do Correio da Corte que é dividida em quatro turmas sendo a 1ª de entrada e a 2ª de saída da correspondência. Além das turmas, também os turnos são mencionados. Como veremos nos tipos CRJ 16, isso se refletirá nos carimbos que pela primeira vez registrarão essas informações.

 


Capitulo III – a agencia 1º de março (1865-1882)


O diferencial deste período é o fim do carimbo Correio Geral da Corte, substituído por RIO DE JANEIRO.

1865 – Nova estrutura e organização

 Tudo leva a crer que o projeto do decreto de 1865 previa a introdução simultânea das seguintes novidades:

  • a emissão Dom Pedro II (impressa no exterior);
  • o carimbo tipo francês com âmbito nacional;
  • a legenda superior com o nome da localidade (no Rio de Janeiro com essa legenda substituindo a antiga CGC);
  • o uso de carimbos mudos.
  • a reestruturação da DGC em “secções”.

Este último ponto será implementado de uma forma não transparente, ou seja, as seções têm suas responsabilidades definidas, mas não há menção explícita nos carimbos da seção responsável pelo manuseio.

Uma agencia “Rua Direita” será criada ca.1966 na sede dos Correios e renomeada “Primeiro de Março” em 1870 acompanhando a mudança do nome da rua.

A Guerra do Paraguai

Creio que neste ponto vale lembrar que, de dezembro de 1864 a 1870 o Brasil se envolveu em um conflito de grandes proporções onde a Aliança Tripartite (Brasil, Argentina e Uruguai) enfrentou o Paraguai então comandado por Solano Lopez. Seguramente houve influência no processo de implementação das medidas propostas no decreto de 1865. No capitulo IV apresento mais algumas informações.


Capítulo IV – a organização em “Secções” (1882-1962)


O diferencial deste período é a menção explícita da seção responsável nas legendas dos carimbos.

1865 – Nova estrutura e organização

O mesmo decreto é a base da estrutura por seções, que, embora implementada de forma administrativa nesse ano, ficará mais transparente à medida que o nome/numero da seção passar a ser grafado na legenda dos carimbos. No início, com estrutura em quatro seções.

1894 – reestruturação em oito seções

A edição do Decreto 1692-A de 10 de abril de 1894 ampliará o numero de seções de quatro para oito, com grandes alterações nas responsabilidades das seções.

1909 – a criação das sub-diretorias

O Decreto 7653 de 1909, revisado pelo Decreto 9080 de 3 de novembro de 1911, cria três Sub-diretorias, das quais duas administrativas, Expediente e Contabilidade e uma operacional Tráfego e Serviços Postais. Esta última dividida em oito secções.

1931 – o DCT

 

1933 – a criação da 9a. Secção para o serviço aéreo

Portaria 1302 de 8 de novembro de 1933 publicou o primeiro Regulamento Postal sob o Estado Novo incluindo uma 9ª Secção na estrutura da DR-DF, fortemente relacionada ao serviço aéreo.

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O Correio Central e agencias do município

Com operações centralizadas na rua 1º de março, até o inicio dos anos 1840 a Central foi a única agência do município neutro (“A Côrte”), embora já existissem várias outras operando em cidades do interior do estado.

As primeiras agencias foram criadas nos extremos do município neutro, em Paquetá (1841) e Santa Cruz (1842). Mais de 20 anos se passaram até que víssemos novas agencias e, mesmo assim, seriam agencias ferroviárias criadas em estações da linha da E.F. D.Pedro II. Cascadura foi a primeira agencia ferroviária brasileira (1862) e outras se seguiram: São Francisco Xavier (1864), Sapopemba (1865) e Engenho Novo (1865).

Também foram criadas novas agencias “rurais”, entre as quais várias em pontos de linha do correio como as de Matriz de Guaratiba (1869) e subúrbios como Penha e Irajá (1871). Também foram criadas outras 25 agencias na área urbana a partir de 1868. Poucas, no entanto, resistiram até o final do Império, já que em 1889 havia apenas 35 agencias no município, quase todas nos subúrbios ou nas estações ferroviárias. Veja o capítulo Correio Urbano para maiores detalhes.


Descrição dos principais menus do Correio Central


  • Pré-filatélicos: carimbos diversos utilizados para marcar origem da correspondencia antes do advento do selo postal
  • Correio Geral da Corte (título da repartição dos Correios na época): carimbos com datador com essa legenda  a partir de 1842 (em pré-filatélicos) e após 1843 com o advento do selo postal. Essa legenda foi utilizada até 1865, quando por decorrência de novo decreto passa a utilizar a legenda RIO DE JANEIRO.
  • Agência 1º de Março: seus carimbos utilizavam a legenda RIO DE JANEIRO entre 1865 e 1880, quando foi reorganizada em Secções (ver mais abaixo);
  • Correio Urbano: rede de caixas e agências no perímetro urbano do município neutro coordenada pela central e que funcionou de 1867 a 1889. Usam carimbos específicos.
  • Correio Suburbano: rede de caixas e agencias coordenada pela central nos subúrbios do município neutro.
  • Correio Rural: linhas e roteiros do correio central interligando as agencias rurais do município neutro, principalmente na zona oeste.
  •  As Secções: divisões organizacionais do correio central introduzidas em 1865 e que utilizaram obliteradores próprios até 1962, quando se criou a “Agencia Central” no mesmo edifício central dos correios, unificando as antigas seções Existiram 9 “secções” ao longo desse tempo.
  • Sucursais: nova forma de organização do correio central, que descentralizou algumas de suas operações para agencias selecionadas na região urbana e suburbana do então Distrito Federal.
  • Agencia Central do Rio de Janeiro: na administração do novo Estado da Guanabara, uma nova Agência Central é criada em 30 de novembro de 1962. Sua estrutura unificou as antigas “secções” e assim funciona até os dias atuais.

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Respondendo também ao Diretor Geral dos Correios, também estiveram centralizadas as atividades dos correios em linhas ferroviárias e aéreas.

Correio Ferroviário: subdividido em Correio Ambulante e Agencias Ferroviárias, organizado por ferrovias.

Correio Aéreo: o desenvolvimento do meio de transporte e os carimbos aéreos aplicados no correio central.


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