Mapa Maschek-Laemmert de 1870
UM POUCO DE HISTÓRIA
Visto do oceano, o perfil do litoral salienta a imponente Pedra da Gávea, incrustada no maciço da Gávea e praticamente dentro do mar. Ela lembrava o mastro mais alto de um veleiro, onde ficava o cesto da gávea, local de vigia e observação. Daí seu nome, Pedra da Gávea.
O mapa Maschek, bem detalhado, permite algumas observações históricas:
- Do lado esquerdo, o atual bairro de S. Conrado, delimitado pelo “Morro” da Gávea e o Morro de 2 Irmãos, região fora da “Décima Urbana” (área escura à direita) em que era cobrado um imposto equivalente ao IPTU. Ou seja, uma área considerada rural.
- O nome Gávea se estendeu à praia de S. Conrado, chamada “Praia da Gávea”.
- A Estrada da Gávea cruza o bairro, exatamente como hoje, vindo da Barrinha e descendo para a Lagoa pelo Caminho da Boa Vista, atual Rua Marquês de São Vicente.
- O Jardim Botânico (oficialmente de 1854) está indicado ao lado da Estrada Dona Castorina, atual Pacheco Leão.
O mapa registra a Gávea como o núcleo mais populoso e a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Jardim Botânico e o Leblon, bairros vizinhos. Na verdade, em todo o entorno da Lagoa no início do século XIX não se registram núcleos urbanos, somente chácaras esparsas.
Uma iniciativa pioneira em 1808 foi a implantação por D. João VI de uma fábrica de pólvora no atual Jardim Botânico. Conta-se que o diretor da fábrica, o Marques de Sabará, também entendia de botânica e começou a cultivar um jardim de plantas exóticas no qual o imperador plantou uma muda de palmeira, a “palma mater” que existe até hoje e que gerou todas as demais palmeiras imperiais hoje existentes. Em 1810, foi contratado como gestor o alemão Kaucke [1]. O local só seria de fato o Jardim Botânico em 1851 no reinado de Pedro I sob a direção do frei Leandro [2], quando a fábrica pegou fogo e não foi reconstruída [3]. Algumas ruínas ainda estão lá.
Os bondes da CFCJB – Cia. Ferro-Carril Jardim Botânico
A infraestrutura urbana acompanhou a linha de bondes da CFCJB que chegou ao Jardim Botânico em 1871, ainda em tração animal. No mapa vemos os trilhos já traçados até a estrada d. Castorina. Um enorme progresso, considerando que D. João vinha de barco desde o Humaitá. Em 1880 a linha seria estendida até a Gávea e em 1914, chegaria ao Leblon e pela Ataulfo de Paiva até o Jardim de Alá onde se encontrava com a linha que vinha de Copacabana. Por volta de 1900, a linha foi eletrificada, para o que foi construída uma usina termelétrica a carvão na rua dois de dezembro, que ainda existe (imagem).
As fabricas de tecido
A região se mostrou atrativa para as fábricas de tecido, que se estabeleceram ao final do século XIX. No Jardim Botânico, a Companhia de Fiação e Tecelagem Carioca em 1884 na Estrada Dona Castorina e a Companhia de Fiação e Tecelagem Corcovado em 1889 na atual Rua Jardim Botânico. Na Gávea, a Companhia de Fiação e Tecidos São Félix em 1891 localizada na Rua Marquês de São Vicente. No entorno dessas fábricas foram construídas vilas operárias que até hoje fazem parte da paisagem dos dois bairros.
As primeiras agencias postais
Os bairros começaram a ser urbanizados com a chegada dos bondes, a melhoria da infraestrutura e inauguração das fábricas e assim perder suas características rurais. As primeiras agencias postais foram criadas, começando com a agencia Gavea em 1872 na atual praça Santos Dumont, a agencia Jardim Botânico em 1898 e a Ipanema em 1910. Falaremos sobre elas nos respectivos bairros.
Notas e Informações
[1] Muitas informações são do livro História das Ruas do Rio de Brasil Gerson, Bem-Te-Vi 2013
[2] Em sua homenagem, nas proximidades existe rua Frei Leandro (onde Claude Troisgros mantem seu restaurante original).
[3] A fábrica foi de fato reconstruída no caminho de Petrópolis, no município de Magé, onde está até hoje. É conhecida como a fábrica da Estrela (nome do porto e então município) e chegou a ter agencia postal (ERJ 629 em Magé).
LEBLON
O Leblon é o mais recente dos bairros no entorno da Lagoa Rodrigues de Freitas. O resumo histórico da parte anterior mostra que o bairro tem sua origem mais ligada à Gávea e ao Jardim Botânico do que a Copacabana. Por exemplo, as linhas de bonde via Lagoa chegaram pouco antes à região.
O canal da Visconde de Albuquerque e o canal do Jardim de Alá foram urbanizados na década de 1920, facilitando o processo de urbanização que tomaria impulso nos anos 1930. A primeira agencia postal foi criada no ano de 1935 e está ainda ativa.
MRJ 423 – Leblon (1935 – )
A segunda agencia do bairro surgiu com a abertura do regime de franquias. A ACF abriu em 1992 e, depois da transição legal do processo de licitação em 2012, foi sucedida por uma AGF, ainda ativa.
MRJ 424 – ACF Conde Bernardotte (1992-2012)
MRJ 424A – AGF Humberto de Campos (2012 – )
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