7ª Secção

O Decreto 1692-A de 10 de abril de 1894 é o primeiro da era republicana a trazer uma revisão abrangente do Regulamento Postal. Dentre as novidades, a que mais nos impacta neste capítulo é a estrutura organizacional em oito seções ao invés das quatro anteriores

DECRETO Nº 1.692-A, DE 10 DE ABRIL DE 1894
Approva o regulamento dos Correios da Republica.
(…)
Art. 405. A Administração dos Correios do Districto Federal superintende tambem os correios do Estado do Rio de Janeiro e divide-se em oito secções.
(…)
§ A’ 7ª secção incumbe:
1º, receber, dar entrada e processar as reclamações ou queixas do publico relativas á expedição, recepção e distribuição das correspondencias, ou sobre qualquer outro serviço postal ou contra empregados do Correio;
(…)
5º, recepção, manipulação, distribuição, entrega, devolução e consumo das correspondencias cahidas em refugo nas repartições postaes do Districto Federal e do Estado do Rio de Janeiro;

Como vemos, basicamente funções administrativas. Entretanto, um novo decreto em 1896 altera radicalmente essas atribuições, acrescentando várias atividades de tráfego:

DECRETO N. 2230 – DE 10 DE FEVEREIRO DE 1896
Approva o regulamento dos Correios Federaes.
(…)
Art. 299. A Administração dos Correios do Districto Federal superintende tambem os correios do Estado do Rio de Janeiro e divide-se em oito secções.
(…)
§ 7º A’ 7ª secção incumbe:
1º, distribuição da correspondencia ordinaria na área central da cidade;
2º, recepção, abertura, conferencia e remessa das malas de e para as succursaes; remessa da correspondencia ás outras secções;
3º, recepção das correspondencias urbanas, sua marcação, apartação e distribuição na área central da cidade, e remessa ás succursaes;
6º, escolha e classificação das correspondencias cahidas em refugo e a fiscalisação dos serviços de distribuição domiciliaria e de collecta das caixas urbanas.

Como decorrência, o que se vê a partir de 1896 é uma avalanche de carimbos onde se lê nas legendas superiores Rio de Janeiro e sua sucessora Capital Federal  a partir de 1900 e nas demais legendas a menção às quatro distribuições diárias mais a noturna . Como veremos, mais de 70 tipos diferentes.


TIPOS DA DISTRIBUIÇÃO (1896-1914)


Tipo CRJ 281 em 4 distribuições diurnas + a noturna (1896-1899)

Esta série aparece em 1896 com abundantes carimbos relativos às quatro distribuições diárias, mais a noturna, de “correspondência ordinária na área central da cidade” – termos que copiei do 1º item das atribuições do decreto de 1896.

 

Tipo CRJ 284 em 4 distribuições diurnas + a noturna (1900-1902)

Em 1º de janeiro de 1900 é lançada uma nova série de tipos “republicanos” com a legenda Capital Federal [1] e datador já em quatro dígitos. É a sucessora da série CRJ 281 que circulou de 1896 a 1899 e, da mesma forma,  também está organizada em 4 distribuições mais a noturna

Vale notar algumas diferenças em relação à anterior, além da óbvia troca do datador por um de quatro dígitos para o ano.

  • As quatro distribuições diurnas tocaram a posição da informação do nº da distribuição da legenda inferior para as orelhas;
  • Já a distribuição noturna manteve essa informação na legenda inferior (“noite”) mas em compensação não substituiu Rio de Janeiro por Capital Federal como nas demais (não me perguntem por quê…).

Vale observar que as cinco distribuições no novo século trocaram o datador para quatro dígitos e também passaram a adotar

Tipos CRJ 285 a 289 em 4 distribuições diurnas + noturna (1902-1906)

  • Carimbos clássicos 24x13mm; legendas Capital Federal // 1ª a 4ª.D – 7aS e orelhas numeradas de 1 a 6

Sucessora da série 284 onde as quatro distribuições estavam indicadas nas orelhas, nesta série CADA UMA das cinco distribuições (considerando a noturna) possui diígitos de 1 a 6 grafados nas orelhas. Ou seja, um total de 30 carimbos diferentes.

Não consegui encontrar uma explicação oficial sobre esses seis dígitos. A explicação mais plausível é que tratava de um sistema de controle dos postos de trabalho.

Tipo CRJ 285 – 1a. distribuição

Bilhete postado na Succursal da Pça. Duque de Caxias, bairro do Cattete no Rio no dia 7 de setembro de 1903 (1ª Distribuição) sendo expedido no mesmo dia pela 1ª Distribuição da 7ª Secção. Seguiu para S. Paulo pela EFCB onde recebeu o carimbo Ambulante Noturno, 3a.Turma. Carimbo de recepção em S.Paulo pela 4ªSecção às 11h da manhã do dia 8.02.

 

Tipo CRJ 286 – 2a distribuição

 

Tipo CRJ 287 – 3a distribuição

 

Tipo CRJ 288 – 4a distribuição

 

Tipo CRJ 289 – distribuição noturna

Este tipo possui um digito na orelha esquerda e um “N” na direita, com o significado de “distribuição noturna”. Seria o sucessor do CRJ 283 cuja legenda inferior era 7aS – NOITE.

 


TIPOS BARRAS-DUPLAS (1907-1914)

Não bastasse a profusão de carimbos clássicos de 1896 a 1906, a partir de 1907 um novo tipo de carimbo repetirá a dose, utilizando carimbos barras-duplas [2] . A exemplo da anterior (CRJ 285 e ss.), a série apresentava originalmente quatro distribuições + a noturna e 6 dígitos especiais nas orelhas e exemplares desse tipo circularão até 1914.

Alguém poderá notar alguns exemplares tardios, até os anos 1930. Falarei sobre isso ao final deste bloco.

Tipo CRJ 291 – 1a. distribuição

Trata-se de um envelope (inteiro) emitido em 1906 e postado na 7a.S do Correio Central do RJ e destinado à Alemanha. Não há carimbo de recepção.

Merece atenção o terceiro carimbo, um castanho de 500Rs série Vovó. A análise da sua filigrana indica o tipo “F” que foi emitido em 1924. O datador também não faz sentido: 10.IV.19.116. Essas datas não combinam.

Minha experiência com estas séries registrou diversos exemplares que foram emitidos tardiamente em 1933. A maior parte deles compõe a 5a. distribuição desta série apresentados em CRJ 296, onde volto a falar deste exemplar.

Só registro a curiosidade de não possuir carimbos ou fragmentos. só envelope.

 

Tipos CRJ 292 – 2a. distribuição

 

 

Tipos CRJ 293 – 3a. distribuição

Tenho ressalvas nessa peça por não ser peça circulada, princípio que adoto neste trabalho. Segundo, por não aparecer nenhum exemplar avulso com orelha nº1. A carta-bilhete é emissão de 1907, portanto por que um carimbo de favor?

 

Tipo CRJ 294 – 4a. distribuição

 

Tipos CRJ 295 – distribuição noturna

**

Introdução

Uma inesperada continuação em 1933: a série CRJ 296 

A série de 4 distribuições mais uma noturna apresentada anteriormente ganhará uma estranha continuação em 1933, após um intervalo de mais de 20 anos, quando as atribuições da 7a.S já tinham sido alteradas de distribuição para serviço de registro pelo Decreto de 1909.

Assim aparece uma 5a. distribuição – que não existiu em nenhum dos tipos anteriores  da 7a.S – utilizando velhos carimbos ressuscitados e retocados. Velhos sim, pois o datador original só possuía dígitos de ano até 1919. Assim, para colocar “33”,  tiveram que usar um espaçador cego ao lado do 3, como mostra o exemplo abaixo.

Volto a falar sobre os casos de 1933 após apresentar a 5a. distribuição.

Após essa introdução, segue a apresentação dos exemplares da 5a. distribuição:

Esta peça chama atenção pelo porte e pela denteação 9 em ambos os selos, o que indica emissão em 1932 (o carimbo é de 1933)

Do CRJ 296.3 possuo uma carta completa, com franquia mecânica tipo T105d, (muito rara – único exemplar que conheço, imagem cedida pelo colega estudioso Mario Xavier Jr), que foi circulada na zona central do Rio. O franqueador esteve instalado na “Companhia Nacional de Seguros Sul America” e customizado com mensagem da empresa alegando ser “firme como o Pão de Assucar” (sic). Passou pela 7a.Secção central por ser registrada e foi distribuida pela 6a.S (v. carimbo no verso). Franquia de Rs 600 (200 porte e 400 de registro).

Única peça completa que conheço nos mostra o carimbo CRJ 296 sendo usado com função de registro. Mas por que não usaram um carimbo de registro regular da 7a.S?  Mistério.

O verso da carta em carimbo (quase ilegível) da 6a.S responsável pela distribuição dos registrados.

Continuo a apresentação da 5a.D (do guichê 4 não possuo exemplares):

**

Complementando o tema da introdução desta série:

A emissão da 5a.distribuição não foi a única esquisitice do ano de 1933. Vários outros carimbos foram ressuscitados em outras distribuições, particularmente no “7º guichê” que ainda não tinha sido usado. Seguem imagens das distribuições 2ª, 3ª e noturna:

Outro exemplo, talvez mais estranho ainda, está na 1ª distribuição, no “guichê 3” – que já possuía exemplares anteriormente – onde aparece um exemplar de 500 Rs totalmente deslocado da série vovó.

Vou tentar apresentar o caso através da análise de fatos:

 

  1. a filigrana é do tipo F vertical, indicando emissão de 1924.

 

 

 

 

2. o datador marca 10.IV.19.116 ou seja, ano 1919, o que é impossível – como sabemos pela filigrana (aliás, a vovó foi lançada em 1920). Como explicar essa data?

Trata-se de um datador antigo, projetado exclusivamente para a 7a.S, para cancelar peças transitadas na década de 1900 e início de 1910 (tenho registros de 1907 a 1913) pois já se projetava pelos decretos de 1909 e 1911 que estariam transferindo a atribuição da 7a.S.

O que fizeram os funcionários ao receber a peça tardia? colocaram o datador no ano máximo possivel, 1919, o que é no mínimo um mau procedimento. Mais tarde eles descobriram que poderiam colocar um digito cego pra quebrar o galho (mas, por que não se utilizou um carimbo regular da 7a.S?).

Com base nos fatos, estamos falando de uma peça transitada entre 1924 e 1933 com porte registrado pois passou pela 7a.S. O selo é de 500Rs, mas como é avulso não sabemos se havia outros na carta. Se, para fazer sentido com as demais peças, tenha sido em 1933, o porte seria de 600Rs.

É o mehor chute possível. Melhor que isso, só mesmo chamando Sherlock, ou melhor, Poirot, que é mais da época.

 

DECRETO de 1909/1911 DE MUDANÇA DE ATRIBUIÇÕES

Um novo regulamento foi publicado no Decreto nº 7653 publicado em 11 de novembro de 1909. Ele foi detalhado dois anos depois pelo Decreto nº 9080 de 3 de novembro de 1911. Em ambos, a atribuição da 7a.S passa textualmente a ser “ §1º Registro de todas as correspondencias com e sem valor”.


 

Em decorrência, depreendo que foram extintos na 7a.S os serviços operacionais de trânsito de correspondência.  De fato, sabemos na prática pelos carimbos a data em que isso foi implantado, pois  desaparecem da 7a.S em 1914, e reaparecem no mesmo ano na 2a.Seção, de forma idêntica, ou seja, com os mesmos carimbos barras-duplas em 4 distribuições mais a noturna, organizados em 6 guichês.

Também esperariamos na 7a.S somente carimbos de registro a partir de 1910. Mas antes preciso apresentar uma série espúria que aparece inesperadamente (o “espúrio” aqui refere-se a um conjunto de peças sem respaldo documental).


“SETOR OFICIAL” na SÉTIMA SECÇÃO 

Carimbos com legenda “D. FEDERAL”

(1910-1922)


Tento há anos entender esses carimbos, que chamam a atenção pelas legendas e pelo singular lay-out. Por que aparecem entre ca.1910 e ca.1922, no meio do período de operação da 7a.S, com uma nova legenda “D. FEDERAL”, legenda essa que não aparece em nenhum outro carimbo do DF. Eles circularam aparentemente em paralelo  com a 7a.S pois há outros carimbos – digamos “regulares” – da 7a.S nessa mesma época.

A análise dos (poucos) exemplares disponíveis me fez considerar a hipótese de que existiu um implícito “setor D. Federal“, talvez subordinado diretamente à Diretoria Geral, que tenha sido usado para fins oficiais.

Todos tem legenda superior D. Federal e as inferiores não se coadunam com a única atribuição da 7a.S desde o Decreto de 1909.

    1. Tipo EXP (1910-1918)
    2. Tipo “M” e “T” (1912-1913)
    3. Tipo “Censura Postal” (1917-1920)
    4. Tipo “Conferência” (1922)

As datas informadas são as dos carimbos existentes na coleção. Vou descrevê-los em ordem cronologica:


1) Tipos “EXP” (ca.1910 – ca.1918)

Tipo CRJ 297.2 (1910)

A legenda abreviada “7A.S.EXP.” poderia representar expedição ou expressa mas não faz sentido pois nenhuma dessas atribuições é listada na 7a.S (mas quaisquer delas poderia hipoteticamente ser em uso oficial pelo setor D. Federal).

Resta “expediente” uma palavra genérica de uso frequente na descrição das atribuições dos setores administrativos. Faria sentido dentro da concepção “uso oficial”.

Esse selo é descrito no catálogo filatélico com duas tiragens: vermelho e rosa. Este é vermelho e os demais abaixo são rosa.

Tipo CRJ 298.1  (1911-1912)

Tipo CRJ 298.2 (1910)

Tipo CRJ 299.1 (ca. 1918)


2) Tipos M & T (1912 – 1913)

Tipo semelhante ao anterior sem o “EXP.” na legenda inferior A legenda inferior “7A. SECÇÃO – M/T” remete a dois turnos: Manhã e Tarde. Mas as orelhas trazendo 2 turmas nos parecerem supérfluas por ser óbvio que 1a.T seria manhã e 2a.T seria tarde (a menos que “M” e “T” tenham outro significado, cada uma delas com duas turmas).

Tipo CRJ 300.1 (1913)

Tipo CRJ 300.2 (1912)

 


SERVIÇO DE CENSURA POSTAL


As informações a seguir são baseadas no trabalho “Correspondência Brasileira Censurada 1917-1937” de autoria do filatelista Rubem Porto Jr dedicado ao tema [4]

Em decorrência da declaração de guerra à Alemanha em 26 de outubro de 1917 a censura postal brasileira foi instituída em 5 de novembro de 1917, conforme Aviso de Gabinete de Augusto Tavares de Lyra, Ministro da Viação e Obras Públicas. Segue uma transcrição resumida do texto (a nota [3] traz a integra):

“Tendo o Governo resolvido fazer a censura postal da correspondência de ou para súditos alemães, naturalizados ou não, recomendo-vos:
(…)
c) que a censura de que se trata seja exercida com particular cuidado em relação à correspondência de ou para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e quaisquer núcleos de população alemã de outros pontos do país, como Petrópolis e Juiz de Fora”

No dia 6 de novembro de 1917 foram postas em prática as instruções para execução do serviço de censura, conforme relatado pelo Ministro de Estado da Viação e Obras Públicas no governo de Epitácio Pessoa, o Sr. José Pires do Rio.

A Diretoria Geral dos Correios decidiu por sua vez atribuir o Serviço de Censura a um setor da 7ª Secção do Correio Central do Rio. Não existe documentação sobre essa decisão, mas que está explicitada com o uso dos carimbos especiais de cor verde e sem datador com a legenda “D. Federal” para marcar as cartas analisadas.

Mais um reforço à teoria do uso oficial do setor está na nota publicada em 21.12.1917 do Diario Oficial trazendo o Decreto 12761 de 19.12.1917 onde “se abre o crédito de XXX para occorrer às despezas com a censura postal e telegraphica em consequencia do estado de guerra com a Allemanha“.

 


3) Censura Postal (1917-1920)

CRJ 301.1 1a. Turma (1917)

As peças abaixo que ilustram esse tipo têm como destino Rio Grande, RS onde chegaram em 26 de novembro. Foram também vistoriadas pela Censura Postal na 1a.T da 7a.Secção do Correio Central do DF, onde reberam o carimbo de inspeção (sem datador) e a marca LIVRE, ambos na cor verde.

A primeira carta foi postada na 3ª Secção do Correio Central do Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1917. Lembro que as instruções para execução do serviço de censura foram publicadas no dia 6 de novembro de 1917, ou seja, no dia anterior à postagem desta carta, o que a torna parte do primeiro grupo a passar pela censura no DF. 

A segunda foi postada em S. Paulo em 8 de novembro de 2017 com destino a Rio Grande (RS). Transitou pela censura no DF, num dos primeiros grupos a transitar pelo novo Serviço.

**

O Serviço de Censura ainda utilizaria o mesmo carimbo, na cor preta com datador, possivelmente para correspondência externa. Foram utilizados até ca.1920

Tipo CRJ 302.3 – 7a.S BRASIL – 3a.T (1918)

Se a legenda “D. Federal” já prenunciava o uso oficial de um setor da 7a.S, este carimbo o explicita mais ao adicionar “Brasil” na legenda inferior pois não há outro com essa legenda no DF. Ou seja, a combinação D. Federal com Brasil é duplamente única.

Além disso, note-se, a franquia foi paga com selos oficiais, mais uma vez confirmando o uso oficial do setor.

**

O ttpo seguinte CRJ 303 não tem “Brasil” na legenda, mas em compensação grafa 7a.Seção -“T” o que nos traz outra dúvida: “T” seria turno da tarde (em duas turmas) ou abreviatura de um outro serviço? O uso de selos oficiais continua presente.

Tipo CRJ 303.2 – 7a.secção T – 2a.T (1919-1920)

Tipo CRJ 303.3 – 7a.secção T – 3a. (1919)

Como vimos mais acima, o setor de censura foi extinto ao final de 1919; o último carimbo que conheço circulado em maio de 1920.

 


CONFERENCIA (1922)

Antes de apresentar a próxima peça, vale mencionar o que reza o Regulamento de 1921 sobre esse serviço:

“Capítulo VI, Art. 92: A conferencia divide-se em conferencia de malas e de correspondencia.
§ 1º. A primeira é o confronto de sua quantidade, numeração e qualidade com as declarações constantes das guias ou notas que as acompanharem, e bem assim o exame de seu estado e os respectivos fechos, na occasião do recebimento e na presença do portador;
§ 2º A segunda é o exame de todos os objectos contidos nas malas afim de se verificar o seu acondicionamento, seu estado, se foram observadas as formalidades regulamentares e bem assim o confronto da quantidade e da natureza, dos mesmos objectos com a menção feita dos documentos que os devem acompanhar;
§ 3º A competencia para conferencia de malas cabe:
a) Na Sub-Directoria do Trafego Postal, nas Administrações, succursaes, agencias especiaes e correios ambulantes, aos respectivos chefes de turmas;
§ 4º A competencia para a conferencia da correspondencia cabe:
a) na Sub-Directoria do Trafego, nas Administrações, succursaes, agencias especiaes e correios ambulantes, a dous funccionarios préviamente designados;

Mais adiante, no Art.375, temos a descrição das atribuições das seções da Sub-Directoria do Trafego Postal:

  • na 6ª Secção:

“1º. Distribuição no perimetro urbano central de toda a correspondencia registrada sem valor declarado; 2º. Recebimento e abertura dos volumes de correspondencia, registrada com e sem valor declarado, procedentes da Republica ou do exterior; 3º. Conferencia, marcação, manipulação e lançamento dessa especie de correspondencia;”

  • na 7ª Secção não há nenhuma menção.

***

A peça abaixo é correspondência oficial do Diretor Geral dos Correios postada em janeiro de 1922 e que, como se vê no carimbo, passou pela 2a.Secção da Sub-Diretoria de Fiscalização e Estatística, o que está de acordo com o Regulamento de 1912, em seu Art. 373, onde as atribuições desse setor estão assim descritas:

“2ª SECÇÃO

1º. Preparo da correspondencia com o Ministro da Viação e Obra Publicas e as Autoridades, sobre o serviço que lhe competem, com os Sub-Directores do Trafego, do Expediento e da Contabilidade, o Administradores, os Chefes de Secção o do Succursaes e os Agentes do Correio;”

Em seguida, o carimbo do verso em 28 de janeiro nos informa que transitou pela 2a.T da 7a.S CONF (conferência). Com base no exposto no Regulamento, posso concluir que não há base para o procedimento de conferencia de correspondência registrada ter sido feito pela 7a.S, pois esta seria de competência da 6a. Secção.

Dessa forma, permito-me comentar que mais uma vez fica patente que os trâmites que seguem as correspondências designadas como “D. FEDERAL” são peculiares.

**

Tipo CRJ 304.2 – 7A.S.CONF. 2A.T  (1922)

Carta do Diretor Geral dos Correios postada em janeiro de 1922 e recebida em Praga em 16 de fevereiro do mesmo ano. Registrada sob o nº60.

 

 


REGISTRO (1910-1940)


Finalmente vou retormar a história da 7a.S, interrompida pela D. Federal…

Relembro que um novo regulamento foi publicado no Decreto nº 7653 publicado em 11 de novembro de 1909. Ele foi detalhado dois anos depois pelo Decreto nº 9080 de 3 de novembro de 1911. Em ambos, a atribuição da 7a.S passa textualmente a ser “  Registro de todas as correspondencias com e sem valor”.

***

Sobre a data de inauguração das novas atribuições da 7a.S, encontrei na imprensa uma nota interessante registrando seu sucesso. Segundo a nota, o novo chefe assumiu em 16 de maio de 1910, e informa que pelo setor, em sete meses, transitaram pouco mais de 900.000 cartas! (J. Commercio, 19.01.1911).

***

Tipo 305.1 1a.turma  (1911)

Os primeiros carimbos que possuo são de 1911, com legenda superior “S.D. do Tráfego 7a.S”. S.D. é abreviação de Sub-Diretoria, outra novidade do regulamento de 1909 ao atribuir ao Diretor Geral três sub-diretorias: Expediente, Contabilidade e Tráfego. A esta última respondem as 8 secções do Correio Central do DF.

Na inferior, legenda “REG. com valor”.

Tipo 306.1 1a.turma  (1919)

Mesmas legendas, mas diametros diferentes.

 

1921 – Novo Regulamento


Em 1921 tivemos um novo Regulamento, apenso ao Decreto 14722 de 16 de março. Como novidades, resumo:

Art. 362 – A DGC terá quatro Sub-Directorias. As antigas Expediente, Contabilidade e Trafego Postal e a nova a nova Fiscalização e Estatística;

Art. 377 – A Tesouraria, setor da Contabilidade, terá como responsabilidade o Registro da correspondencia com valor declarado enviando á 7ª Secção do Trafego Postal a que tiver de ser expedida;

Art. 375 – Cabe à 7a.Secção o Registro da correspondencia sem valor e a Expedição nacional e internacional de toda a correpondencia registrada com e sem valor.

**

Tipo CRJ 307.2 – 7a.S REG.-SIMP. – 2a.turma (1921)

Vimos que o decreto de 1921, alterando as atribuições da 7a.S, foi publicado em 16 de março daquele ano. Pois bem, esta carta foi postada sob registro em 17 de março, ou seja, já sob o novo regulamento. Vou listar as peculiaridades do seu carimbo:

  • a legenda é a antiga “D.Federal”, utilizada para fins oficiais;  este não é o caso, pois trata-se de uma carta timbrada “Sul America” – uma empresa privada.
  • a legenda inferior “7a.S.- REG.- SIMP” já reflete a nova atribuição – registrada sem valor, ou seja, simples. Mas é estranha, tanto que não haverá nenhum similar no Rio de Janeiro, em nenhuma agencia e em tempo algum.
  • os diâmetros 28 x 15,5 mm são os mesmos do CRJ 305.1 – o primeiro carimbo registrado da sétima.

Resumindo, estranha como quase todas com legenda “D. Federal” – que aliás não voltará a aparecer.

 

Tipo CRJ 308.1 – REGISTRO – 1a.turma (1924)

Este e o CRJ 309 têm formatos semelhantes mas não marcaram época – circularam de 1924 a 1926.

 

Tipo CRJ 308.1 – REGISTRO – 2a.turma (1926)

 

Tipo CRJ 309.1 – REGISTRO – 1a.turma (1926)

 

 


TIPOS TRÂNSITO DE REGISTRADAS (1927-1946)

O texto abaixo foi copiado do Relatorio dos Correios de 1936. Creio que ele descreve corretamente esta última fase da 7a. seção. Curiosamente, os carimbos não trazem mais o termo “Registro” mas os envelopes trazem adicionalmente um adesivo ou marca de registro.

 

Tipos CRJ 311 (1927-1930)

 

Tipos 312

Tipo CRJ 312.5a – 5a.turma tarde franquia

 

Tipo CRJ 312.5b – 5a.turma tarde (variante)

 

Tipo CRJ 312.8 – 8a.turma noite (1931)

 

Tipo CRJ 313.5 – 5a.turma tarde (1939-1940)

 

Tipo CRJ 314.5 – 5a.turma tarde (mensagem propaganda)

 

Tipo CRJ 316 (1946)

 

Tipo CRJ 317 (1940)

Como é de conhecimento, no inicio dos anos 1940 a estrutura por “secções” implantada no regulamento de 1865 foi paulatinamente desativada.  Esse é o caso da 7a.s com esse carimbo do serviço de registro; há raras peças tardias.

 


POSTA RESTANTE


Fechando a página da 7a.S, apresento o seu único carimbo “de serviço”.

A atribuição consta no regulamento apenso ao Decreto 2230 de 10 de fevereiro de 1896. Textualmente: “Recebe, da 8a. Secção, correspondencia ordinaria destinada à Posta Restante, Assignantes e Districtos” (creio serem rurais).

O carimbo é uma coisa completamente fora de qualquer parâmentro. Tringula, com legenda triangulares. Só o datador é comum. Postado em Londres em outubro de 1899, transitou por Bordeaux e foi recebido em 14 de novembro e encaminhado à Posta Restante.

CRJ 318

CRJ 319

Postado no Rio, foi posteriormente reencaminhado à Lafayette em Minas. Não entendi porque transtou pela Posta Restante. O carimbo é o mesmo, porem com datador atualizado para quatro dígitos.

 


Notas e informações

Nota [1]O tipo Capital Federal foi o primeiro claramente “republicano” a circular no Correio Central. Utilizados na 2aS, 3aS, 4aS e 7aS em diferentes épocas entre 1890 e 1910. Um painel completo sobre esse tipo está no menu Estudos de Carimbologia.

Nota [2] Os carimbos barras-duplas foram utilizados em todas as seções do Correio Central (com exceção da 6a.S) nas décadas de 1910 e 20. Na 7aS eles possuem um datador especifico (só encontrado aqui) que, além de dia/mês/ano acrescenta também posições para dígitos de controle. Mais controles? para que eles seriam usados? Não faço ideia. O carimbos usado aqui na sétima são do tipo “5e” com barras espessas e volutas duplas. Um painel completo sobre esse tipo está no menu Estudos de Carimbologia.

Nota [3] Fac-simile do Aviso

 

Nota [4] Artigo ” Correspondência Brasileira Censurada: da Primeira Guerra Mundial (1917) ao Estado Novo (1937)  autoria de Rubem Porto Jr


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