Paraiba do Sul

Nota do autor: a posição geográfica das agencias está assinalada no mapa de 1953 apresentado mais abaixo.

MUNICÍPIO DE PARAÍBA DO SUL

Um dos municípios mais antigos do estado, suas origens remontam a 1683, data de criação do curato de Nossa Senhora da Conceição e Apóstolos São Pedro e São Paulo, que foi elevado a Freguesia em 2 de janeiro de 1756, sob a denominação de São Pedro e São Paulo da Paraíba do Sul. Elevada a vila em 15 de janeiro de 1833 e a cidade em 1871, teve seu nome simplificado para Paraíba do Sul.

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Histórico dos distritos (os atuais estão em azul):

Paraiba do Sul (1833)
• Santana de Cebolas (1839); Santana de Tiradentes (1896); Inconfidência (1938)
• Bemposta (1855); transferido para formar Entre Rios (1938)
• Encruzilhada (1855); Santo Antonio da Encruzilhada (1936); Encruzilhada (1938); Salutaris (1943)
• Monte Serrat (1884); transferido para formar Entre Rios (1938)
• Entre Rios (1890); transferido para formar Entre Rios (1938)
• Areal (1891); transferido para formar Entre Rios (1938)
• Afonso Arinos (1938); transferido para Três Rios (1943)
Werneck (1951)

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O CAMINHO REAL

Fundada às margens do rio Paraíba do Sul, ao qual deve seu nome, foi sempre importante rota comercial no caminho de Minas Gerais. Por exemplo, a famosa Estrada Real cruzava seu território e várias agencias estavam a ela vinculadas. O Caminho Velho utilizava o porto de Paraty, cruzava o Vale do Paraiba em São Paulo e seguia até Ouro Preto. Caminho difícil e inseguro, foi substituído pelo Caminho Novo, que partia do porto de Pilar na Baia de Guanabara e passava por Paty do Alferes. Concluído em 1707, logo revelou a inadequação do traçado na subida da serra. Foi substituído pela chamada Variante do Proença em 1724.

Esta partia do Porto da Estrela (próximo a Pilar, e o mesmo local de onde partiria a futura EF Mauá mais de um século depois) e seguia por Petrópolis, Pedro do Rio e Secretário cruzando a divisa de Paraíba do Sul com Minas Gerais no Registro de Pampulha, dotado de um Posto da Guarda da alfandega imperial. Abaixo o mapa de 1892 no qual indiquei em rosa o caminho original e em azul a variante.

Aos interessados em aprofundar o conhecimento sobre a estrada Real, há uma matéria extensa publicada no menu História Postal > Estrada Real neste site. Clique para ver.

paraiba-do-sul-1892-caminho-novo-rev

AGÊNCIAS POSTAIS

 


REDE FERROVIÁRIA

O advento das ferrovias trouxe grande impacto e uma série de agências postais criadas junto às estações. O mapa de 1953 as apresenta com o destaque da época. Nesse mapa apontei tambem em vermelho a localização geográfica de cada agencia (conforme a coluna “mapa” da tabela de agencias). A seguir, uma planilha completa com as estações ferroviárias e suas respectivas agencias postais na sequência das linhas.

 

 


CURIOSIDADES, HISTÓRIAS E IMAGENS SOBRE AS AGÊNCIAS


Paraiba do Sul – Local 1 no mapa

Em 1681 Garcia Rodrigues Paes, filho do Bandeirante Fernão Dias, descobriu um remanso no Rio Paraíba do Sul. Sabendo que o local era próximo ao Rio de Janeiro, viu a possibilidade de ali abrir um novo caminho que aproximasse o tráfego entre as minas de pedras preciosas (descobertas pelo seu pai) ao porto do Rio de Janeiro.
Segundo documentação, em 1682 Garcia firma um contrato prometendo abrir “o mais direto caminho que pode haver entre as minas e o mar”. Recebendo em troca pelos serviços prestados terras e privilégios, desde que descoberto ouro e pedras preciosas.
No ano de 1683, surge a ocupação inicial com a Fazenda de Garcia que deu origem à cidade. Após 15 anos, com a descoberta e exploração do ouro em Minas Gerais, iniciou-se a abertura do Caminho Novo (texto página do IBGE)

ERJ 893 – Paraiba do Sul

A agencia postal da sede do município é de 1832 o que a torna a 24ª mais antiga pré-filatélica do estado. Uma segunda agencia seria criada em seu território, a do Registro do Paraibuna em 1840. Ela está listada no município de Levy Gasparian.

Carimbos de serviço

Unidades Operacionais

ERJ 918 – CDD Paraiba do Sul


Avellar ou Desvio da Boa Vista (local 2 no mapa)


Às vezes me consultam sobre a origem e o verdadeiro nome dessa agencia. Não é para menos, pois a história de fato é bastante peculiar.

A Fazenda Boa Vista

FIG.1: a sede da fazenda, hoje pertencente ao governo federal.

Seu primeiro proprietário foi o Comendador Manuel Joaquim de Azevedo, que construiu um engenho no local. Teve uma única filha, que se casou em 1831 com João Gomes Ribeiro de Avellar, homem de importante família de fazendeiros e políticos de Paty do Alferes e futuro Barão e Visconde da Parahyba (Rio de Janeiro, 1805 – Paraíba do Sul, 1879) que a transformou em grande produtora de café. A sede foi construída em 1834 e é considerada uma das mais belas do Vale do Paraíba; o imperador chegou a nela pernoitar em uma de suas viagens.

O Desvio da Boa-Vista

FIG.2 No retângulo vermelho, a sede da fazenda. As duas linhas ferroviárias podem ser vistas em diagonal. O tracejado em vermelho indica o “Desvio da Boa Vista”, uma linha paralela à principal. Em azul, a linha principal, onde se vê à direita um comboio em trânsito. A rodovia BR 393 foi construída bem depois, na década de 1950. O rio Paraíba está logo abaixo da imagem. O mapa é Google.

A Linha do Centro da EF D. Pedro II cruzou o município em 1867 pela margem esquerda do rio Paraíba mas somente a estação da sede, Paraíba do Sul, foi construída nessa época. No local da fazenda, uma segunda linha, com quase 2 km de comprimento, foi construída em paralelo à linha principal, para escoar a produção de café. Ela ficou conhecida por “desvio da boa vista”.

FIG.3

A primeira notícia sobre esse ramal que encontrei está numa nota da Gazeta da Tarde, edição de 13 de setembro de 1884, reproduzida ao lado (FIG.3). Ela nos fala da criação de “uma agencia no desvio em frente à fazenda da Boa Vista”. Sabemos também que agencias ferroviárias eram criadas em estações (pela movimentação de pessoas) e portanto pode-se supor que já existisse nessa época ao menos uma parada nessa linha. Veremos a seguir.

A estação de Avellar

FIG.4

A  estação aparece oficialmente em 5 de julho de 1885 em uma nota do secretário da E F D. Pedro II comunicando a inauguração da nova estação do Avellar, antiga Parada do Barão (a imagem da FIG.4 é do Jornal do Commercio do dia 3). Essa nota corrobora a suposição que fiz no item anterior. Sim, realmente o desvio tinha antes uma parada, a “Parada do Barão”, o que já a relacionava com a família, no caso, o Barão da Parahyba). Na falta de informação mais precisa, adotei como a data de construção do ramal e da sua parada o ano do primeiro anuncio (da FIG.3) .

A inauguração da nova estação contou com vários políticos e representantes da imprensa que vieram em comboio da estação Central chegando às 10h00 no local. Foram recebidos por representantes da família, Manuel de Avellar e Luiz Gomes Ribeiro de Avellar que, após a cerimônia, convidaram todos para um almoço na Fazenda Boa Vista.

A agencia dos Correios

Chego finalmente ao nosso tema principal – a agencia postal. Como adiantei acima com a FIG.3, a agencia foi criada em 13/09/1884 “no Desvio da Boa Vista” e parece ter adotado esse nome, pois a nota de nomeação de agente publicada em 3/11 na Gazeta de Noticias do mesmo ano fala em “agente do correio do Desvio da Boa Vista” (FIG.5). Também possuo carimbos com essa legenda datados de 1886 e 1887 (o mesmo intervalo que R. Koester aponta em seu trabalho).

De qualquer modo é estranho que a agencia não tenha sido nomeada Avellar desde o início, pois a estação definitiva já havia sido inaugurada em 07/05/1885 com esse nome.  Também não conheço documento oficial de mudança, mas o Mapa Postal de 1888 já crava Avellar como agencia de 3ª. classe. Possuo também um exemplar com a legenda “Avellar” datado de 1889.

Para encerrar a questão, em 1º de novembro de 1897 o Boletim Postal nos informa que a agencia postal seria renomeada de Avellar para “Boa Vista”. A estação também acompanhou.

A mudança provavelmente é decorrente da construção da Linha Auxiliar (EF Melhoramentos do Brasil) que, atravessando Paty do Alferes, tinha uma das estações planejadas em terras cedidas pela família Ribeiro de Avellar, sobre a qual falamos logo no início desta matéria. Ela será a futura Avellar, sobre a qual falarei em Paty do Alferes.

Mas Boa Vista tinha também várias homônimas e assim em 15 de maio de 1924 o BP nos informa nova mudança, agora para Vieira Cortez, homenagem a um engenheiro ferroviário e nome atual da localidade e onde ela funcionou até 1973. A estação também acompanhou (ver quadro ferroviário no alto da pagina).

Resumindo, Avellar ou Avelar pode aparecer em dois locais:

  • Paraiba do Sul (EFDPII ou EFCB) de 1884 a 1897
  • Paty do Alferes (EFMB ou Linha Auxiliar) em 1897

Vamos aos carimbos:

ERJ 894 – Estação de Avellar ou Desvio da Boa Vista (1884-1897)
ERJ 895 – Boa Vista (1897-1924)
ERJ 896 – Vieira Cortes (1924-1973)


Barão de Angra (local 3 no mapa)


O local, por coincidência, homenageia dois ilustres brasileiros e barões do Império.

O Barão de Guaraciaba 


Na localidade da estação funcionou a Usina Cerâmica cujo envelope abaixo ilustra o carimbo da agencia local.  Francisco Paulo de Almeida, Barão de Guaraciaba (Lagoa Dourada MG 1826 – Rio de Janeiro 1901) foi fazendeiro e banqueiro. Distinguiu-se por ter sido o mais bem-sucedido negro no Brasil monárquico. Figura notável, possuiu diversas fazendas e foi sócio-fundador de vários bancos. Agraciado com o título de barão em 1887, foi por algum tempo dono do “Palácio Amarelo” em Petrópolis, atual sede do legislativo municipal. Sua história está contada no livro cuja capa está ao lado.

O Barão de Angra

A estação “Barão de Angra”, de 1912, foi a última a ser inaugurada em território de Paraíba do Sul e só teve agencia postal em 1927. O nome é uma homenagem a Elisiário Antonio dos Santos (Lisboa, 1806 – Rio de Janeiro, 1883), almirante que participou da Guerra do Paraguai (1864-1870) tendo recebido em 1871 o título de Barão de Angra. A homenagem lhe foi prestada pelo filho, então diretor da EFCB (Wikipedia).

ERJ 897 – Barão de Angra (1927-1966)

 


Santana da Lapa (local 4 no mapa)


Um local que possuiu uma agencia dos Correios por 36 anos (1895-1931), num município antigo e importante, não pode simplesmente desaparecer. Pois tive muita dificuldade em localizá-la e, para tanto, precisei juntar algumas evidências.

No período de sua atividade, dois dos Guias Postais traziam pistas de sua localização: os de 1906 e 1931. Pois ambos apontam a estação de Avellar ou Boa Vista (no Desvio da Boa Vista) como local de destino a partir do qual a entrega era feita por estafeta. Na verdade, entre 1900 e 1919 a imprensa publica a licitação para uma linha de condução de malas entre as duas agencias. Essas informações nos levam a localizar a agencia nos contrafortes da serra das Abóboras próximo à divisa com Rio das Flores.

O mapa é 1868 e mostra a região da serra das Abóboras antes da emancipação de Santa Theresa em 1890 (Futura Rio das Flores em 1943), cujo território tomou parte dos municípios de Valença (em verde) e da Paraiba do Sul (em amarelo).

No local havia várias fazendas. O Almanaque Laemmert nos anos 1910 cita pelo menos 3 delas servidas pelo correio de Sant’Anna da Lapa: Bom Successo e Santa Rita em Paraiba do Sul e Santa Gertrudes em Santa Theresa. Próximas também estão as fazendas Sincorá (assinalada no mapa atual no topo da pagina) e Santa Vitória (assinalada no local 4 no mapa de 1953 do CNG no topo da página).

A fazenda Bom Sucesso (também conhecida por Barão do Rio de Ouro) está arrolada entre as notáveis do Vale do Paraíba pelo Instituto Cultural Cidade Viva, onde encontrei as informações a seguir. Foi propriedade do Comendador Ignácio Pereira Nunes, que possuía várias fazendas na região da Serra das Abóboras. Seu filho Brás herdou a fazenda e em 1881 foi agraciado com o título de Barão do Rio do Ouro. A propriedade hoje se encontra abandonada (FIG.7)

Resumindo, creio haver suficientes evidências que me permitem propor o local 4 no mapa como localização da agencia.

ERJ 898 – Santana da Lapa (1895-1931)

 


Estações do Sub-Ramal de Afonso Arinos (locais 6 e 7 no mapa)


A linha ligava Rio das Flores a Afonso Arinos em Tres Rios, região que mais tarde formou o município de Comendador Levy Gasparian. A linha atravessava Paraiba do Sul por sua divisa norte, o rio Preto e tinha três estações no seu território; São Fidelis (que não teve agencia), Engenheiro Carvalhaes (1912) e Santa Mafalda (1889), que tiveram agencia por poucos anos. Ver tabela ferroviária ao alto.

ERJ 900 – Engenheiro Carvalhaes (1913-1918) sem imagem
ERJ 901 – Santa Mafalda (1889-1912)


Santo Antonio da Encruzilhada (local 8 no mapa)


Santo Antonio da Encruzilhada é distrito (freguesia) de Paraiba do Sul desde 1855. Em 1943 foi renomeado Salutaris, nome que a agencia adotou.
Diz a tradição local que a devoção a Santo Antônio surgiu com a negação de sepulcro, por medo de contágio, ao menino Antônio que em 1832 morreu de varíola. No ano de 1855 criou-se a paróquia a Santo Antônio dos Pobres da Encruzilhada com seu próprio cemitério e a Igreja foi terminada em 1872. A agencia é de 1876 e está atualmente ativa sob a forma de AGC.

ERJ 902 – Santo Antonio da Encruzilhada (1876-1941)
ERJ 903 – Encruzilhada (1941-1943)
ERJ 904 – Salutaris (1943-2002)
ERJ 905 – AGC Salutaris (2004 – )

Carimbos:

Até poucas semanas atrás mantive carimbos “Encruzilhada” aqui em Paraíba do Sul até descobrir se tratar de localidade do Rio Grande do Sul. Corrigido.

ERJ 903 sem imagens


Estações da Linha Auxiliar (locais 9 e 10 no mapa)


A EF Melhoramentos do Brasil foi projetada em 1890 para desafogar A EFCB no trânsito da serra, permitindo uma alternativa na ligação da capital com Paraíba do Sul. Incorporada pela EFCB em 1903, foi renomeada Linha Auxiliar. A linha vem por Paty do Alferes, cruza um pequeno trecho de Vassouras (na estação de Andrade Costa) e atravessa Paraiba do Sul, cruzando o rio Paraiba em ponte de ferro e compartilhando a estação central com a EFCB. Segue compartilhando os trilhos até Tres Rios.
No trecho do município, duas estações tiveram agencia e serão aqui descritas: Werneck e Cavarú, ambas inauguradas em 1898 quando da abertura da linha.

A Fazenda “Glória do Mundo”

A família Werneck tinha origem alemã e seu patriarca foi Inácio de Souza Verneck (Barbacena, 1742 – Paty do Alferes, 1828) fazendeiro e militar, também conhecido por Padre Werneck, que se estabeleceu em Paty do Alferes. Foi ele quem fundou a Fazenda Glória do Mundo em terras desmembrada da grande Fazenda da Várzea.

Em 1851 ela foi vendida ao tenente-coronel Luiz Quirino da Rocha, filho de José Quirino da Rocha, 1º Barão de Palmeiras; ao casar com Francisca das Chagas Werneck deu origem ao tronco dos Rocha Werneck, estabelecidos em Paraíba do Sul. Com sua morte, a fazenda passou para seu filho João Quirino da Rocha Werneck 2º Barão de Palmeiras (Paty do Alferes, 1846 – Vassouras, 1926), fazendeiro e político – foi vereador e deputado estadual por Paraíba do Sul.

O remanescente da fazenda é o prédio do engenho, com sua chaminé, hoje em ruínas (http://historiasdeps1633.blogspot.com).

Estação Werneck

A família Rocha Werneck teve grande influência na construção da EF Melhoramentos e as terras para a linha e a estação foram doadas por João Quirino da Rocha Werneck. A imagem mostra a estação (que tomou seu nome) em 1992 quando ainda conservava o projeto original de Paulo de Frontin. (imagem do site estaçõesferroviarias.com.br)
Werneck é distrito de Paraiba do Sul desde 1951.

Estação Cavarú

Situada em zona rural e turística, possui várias fazendas ao seu redor. A estação é de 1898, também projetada por Paulo de Frontin, e a agencia postal é um pouco mais recente, de 1925.
A linha voltou a funcionar por algum tempo no início dos anos 2000 com o projeto turístico “Trem da Estrada Real” entre Paraiba do Sul e Cavarú.

Carimbos das estações:

ERJ 906 – Werneck (1900-2002)
ERJ 906 – AGC Werneck (2000 – )
ERJ 908 – Cavaru (1927-1963)

 


Santa Anna de Cebolas (local 11 no mapa)


A placa azul da Estrada Real diz “Seja bem-vindo a Inconfidência” e, como se vê na placa menor, o nome turístico é “Sebollas”.
A história da Estrada Real do Comércio foi abordada na introdução desta página. Principal ligação entre a Corte e Minas Gerais entre 1725 e 1822, o chamado “Caminho Novo” da Estrada Real passava por Petrópolis e por Cebolas. Nesse local, uma capela com invocação Santa Anna de Cebolas foi ereta em 1770 e elevada a Curato em 1789. Pela lei provincial nº 153, de 07-05-1839 é criada a freguesia de Santana de Cebolas e anexada ao Município de Paraíba do Sul.

Rumo da Lage

O mapa Rensburg de 1867 mostra “Cebollas” no centro do vale do Rio Fagundes, afluente do Piabanha. No Almanak Laemmert dos anos 1850 são catalogados profissionais nos locais de Cebollas, Lage, Pampulha, Fagundes, Secretário, Gameleira, Piabanha e Cruz, entre outros locais que podem ser vistos no mapa Rensburg (marcados em azul).

Há indicações que Rumo da Lage era a sede da freguesia anos 1880, tanto que a agencia postal “Rumo da Lage” foi criada lá em 6 de novembro de 1882. Os roteiros de condução de malas na época são licitados entre Rumo da Lage e Campo da Gramma. Ainda nos anos 1880 uma nova matriz de Santana de Cebolas foi ereta em Rumo da Lage e escolas são lá instaladas (FIG. )

Em 20 de dezembro de 1895 a Assembleia Municipal de Parahyba do Sul mudou o nome da sede do “distrito de Rumo da Lage” para “Inconfidência”. Curioso é a sede do distrito ser renomeada e o próprio distrito só acompanhar em 1938.

Com a formação dos municípios de Petrópolis (ao sul) e Areal a oeste seu território seria drasticamente reduzido.

Inconfidência mineira

Um dos líderes do movimento de independência do Brasil então colônia de Portugal, conhecido por Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, nascido em Minas Gerais em 1746, foi nomeado comandante do destacamento de patrulha do Caminho Novo em 1781. Cebolas seria um dos locais por ele frequentado ao longo dessa década. Envolvendo-se com a conspiração, foi preso em 1789, julgado por traição e levado à forca pelo governo colonial em 1792. Parte de seus despojos foram enterrados na capela a que nos referimos acima.
O preâmbulo histórico explica os motivos que levaram Cebolas a homenagear o herói trocando, já na República, o nome do distrito de Santana de Cebolas para Santana de Tiradentes pela lei estadual nº 299, de 03-12-1896. Em 1938 nova lei a renomearia Inconfidência, nome atual e que homenageia o movimento separatista. A localidade hoje é hoje turisticamente conhecida por Sebollas e possui um pequeno museu dedicado a Tiradentes. A imagem é da Igreja de Sant’Anna de Sebollas (que pode ser vista no centro de Inconfidência).

Carimbos das agencias:

ERJ 909 – Rumo da Lage (1882-1896)
ERJ 910 – Inconfidencia (1896 – 2000)
ERJ 911 – AGC Inconfidencia (2000 – )


Cruz das Piteiras (local 12 no mapa)


Cruz das Piteiras é uma pequena localidade, próxima a Pampulha, na antiga Estrada do Fagundes que liga Secretário a Cebolas e portanto na rota da Estrada Real. Hoje, não a encontrei no Google.

ERJ 912 – Cruz das Piteiras (1891 – 1963)

 


Povoações rurais de Paraíba do Sul na freguesia de Cebolas (13,14 e 15 no mapa)


Tenho poucas informações sobre essas localidades que pertenciam à antiga Freguesia de Cebolas, hoje Inconfidência. Localizadas no sula do atual município, são Sardoal, Sertão do Calixto e Pampulha.

Pampulha

Delas, a mais antiga e com história mais rica é Pampulha. Como já vimos acima, Pampulha ficava na Estrada Real, trecho do “Caminho Novo” entre Secretário e Cebolas. Aí se cruzava o rio Fagundes, entrando-se em território de Paraiba do Sul. No local, a Coroa estabeleceu em meados do sec. XVIII um de seus “registros”, posto de fiscalização e controle, que ficou conhecido por “Guarda da Pampulha”. Das edificações do local, restam poucas ruínas, como se vê na imagem acima (IHG de Paraiba do Sul).

ERJ 913 – Sardoal (1887- 2000)
ERJ 914 – AGC Sardoal (2000 – )
ERJ 915 – Sertão do Calixto (1890- 1906)
ERJ 916 – Povoado do Sertão (1906 – 1963)
ERJ 917 – Pampulha (1855 – 1889)


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