Linha 1 – Vitória-Rio

Introdução

A LINHA 1, nome que adotei neste site, constitui de fato o trecho capixaba da Linha Vitória – Rio, que ficou conhecida por “Linha do Litoral”. Essa linha foi construída por diversas companhias que acabaram por ser consolidadas pela Companhia Leopoldina nas décadas da virada do século XIX para o século XX.

  1. O primeiro trecho, Niterói a Rio Bonito, foi construído entre 1874 e 1880 pela Cia. Ferro-Carril Niteroiense.
  2. De Rio Bonito a Macaé a construção ficou em 1884 a cargo da EF Cantagalo, que inaugurou a linha em dezembro de 1888.
  3. Entrementes, a Cia. EF Macaé e Campos havia recebido autorização para o trecho até Campos em 1869, obra que entregou em junho de 1875.
  4. O trecho seguinte, Campos a Santo Eduardo, foi construído pela EF de Carangola, chegou ao rio Itabapoana na divisa com o estado do Espirito Santo em 13/06/1879. Nesse ponto, a linha Rio-Vitoria chegava à divisa com o ES.
  5. A linha ficou aí estacionada até a entrada em cena da Leopoldina em 1890, quando esta construiu a ponte sobre o rio Itabapoana e em 1895 estendeu a linha até Mimoso. Novo tempo de espera em trâmites burocráticos tomaram mais sete anos até que em 1902 a linha avançou até Muqui, chegando a Cachoeiro do Itapemirim no ano seguinte.
  6.  Enquanto isso, do lado capixaba foi constituída em 1891 a empresa estatal EF Sul do Espirito Santo (EFSES) com o objetivo de ligar Vitoria a Cachoeiro de Itapemirim. Em 1895 foi inaugurada a estação de Viana e, após algumas delongas, chegou a Matilde onde foi inaugurada em 1902 a estação Engenheiro Reeve pouco antes de cruzar o rio Benevente.
  7. Faltava o trecho Matilde a Cachoeiro onde, como vimos no parágrafo anterior,  havia chegado em 1903 a linha da Leopoldina.  As negociações entre as duas empresas emperraram a obra até que finalmente em 1907 a Leopoldina adquiriu a EFSES. O Decreto 6827 de 16.3.1908 autorizou a Leopoldina a construir o trecho Cachoeiro a Matilde. Este foi concluído com a inauguração da estação de Matilde em 27 de junho de 1910 e a construção do pontilhão sobre o rio Benevente.

Dessa forma, em Matilde finalmente se completou a ligação ferroviária entre o Rio de Janeiro e Vitória. Ao todo 450 km. A efeméride foi comemorada com a viagem do presidente Nilo Peçanha ao norte fluminense e ao sul capixaba até Vitória com festejos em todas as paradas.

Correio Ambulante

São infelizmente poucos os exemplares, o que dificulta a classificação e, muitas vezes, não permitindo a leitura completa das legendas. Vamos às imagens disponíveis:

LINHA 1 – Trecho entre Ponte de Itabapoana a Mimoso do Sul

No exemplar a legenda superior diz (Conductor?) ramal de Mimoso. Ou seja, o trecho inicial da linha descrito no item 5 da Introdução. A linha é de 1890 e o carimbo de 1922, indicando que pelo menos até essa data tenha existido serviço ambulante nesse trecho.

LINHA 1 – Trecho Vitória a Cachoeiro do Itapemirim

O carimbo sugere um serviço ambulante entre a capital, Vitoria, e a cidade de Cachoeiro do Itapemirim. Como vimos no item 7 da introdução, essa ligação só foi completada em 1910.

 

NOVO TRAÇADO DA LEOPOLDINA

Em algum momento, talvez na virada dos anos trinta, a Leopoldina inaugurou uma linha Vitória-Carangola, unindo o trecho Vitoria-Cachoeiro da Linha 1 com as Linhas 3 e 5 chamando tudo de “Linha e Ramal Sul do Espirito Santo e Sub-Ramal de Castello” como se vê na imagem a seguir que informa modificação de horários nessa linha.

Como se vê no segundo parágrafo, há menção do pernoite em Cachoeiro sendo mudado para Castelo. Mas, como mostram os carimbos de 1939 e 1941 abaixo, deve ter voltado a Cachoeiro.

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Agencias Ferroviárias

Agência Ferroviária é a denominação que utilizei para uma agencia postal instalada dentro, ou próxima a uma estação ferroviária. Elas se subordinam à estrutura regular dos Correios.

  • A lista das estações nas tabelas só apresenta as que tiveram agencias ferroviárias.
  • As linhas acompanham a sequência das estações na linha. Se a estação tiver sido renomeada ao longo do tempo, esses nomes serão apresentados cronologicamene.

Nota [1] A estação 1.15 aparece em duas linhas na tabela pela maneira com que as estações foram construídas.

A primeira linha a chegar na localidade foi o trecho construído pela EF Sul do ES a partir de Vitória. Quando a linha chegou a Matilde em Alfredo Chaves, encontrou o rio Benevides. A linha não cruzou o rio e a estação “Engº Reeve” foi construída na margem esquerda. Em 1910, a Cia Leopoldina, nova proprietária da linha desde 1907, entregou o trecho entre  Cachoeiro e Matilde, onde inaugurou, na margem direita, a nova e moderna estação “Matilde”. A estação Reeve foi desativada (*) e um pontilhão de aço foi construído sobre o Benevides, concluindo a ligação ferroviária entre o Rio e Vitória em junho de 1910.

Essa história está contada com imagens e mais detalhes na localidade de Matilde em Alfredo Chaves, agencia EES 72.

(*) O que sabemos sobre o engenheiro Carlos Bloomer Reeve é que tinha grande experiencia ferroviária e foi contratado em 19 de maio de 1894 como responsável técnico pelo 2º e 3º trechos da EF Sul do Espirito Santo (Commercio do ES ed.20). Sabemos também que foi assassinado em 10 de maio de 1897, junto com outros, “em um agrande conflito em Mathilde” (Commercio do ES ed.1) e que foi posteriormente  homenageado pela companhia ao nomear “Engenheiro Reeve” a futura estação em Mathilde que seria inaugurada em 15 de março de 1902 com grandes festejos e na presença de várias personalidades (Commercio do ES ed.18).

Há no entanto lendas em torno do seu nome, como por exemplo a de que o povoado de Mathilde havia sido assim batizado em homenagem à sua esposa, coisa que não consegui confirmar e que não parece viável pelas datas, já que a igreja local de Santo Isidoro foi construida em 1884.


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