Por volta do século XVI, o antigo Andaraí (na verdade, o Engenho Velho, antes da expulsão dos jesuítas) era subdividido em Andaraí Grande (Andaraí atual, Vila Isabel, Grajaú e Aldeia Campista) e Andaraí Pequeno (Tijuca).
O mapa Laemmert de 1900 apresentado acima me permite um comentário histórico, onde a denominação Tijuca deixou de estar ligada à entrada para o Alto e praticamente denominando hoje quase todo o território do antigo Engenho Velho.
Um dos bairros mais antigos do Rio de Janeiro, Andarahy em tupi significa “Rio dos Morcegos”, hoje o rio Joana, canalizado no centro da Rua Maxwell. A história está preservada em diversas construções icônicas. Abaixo alguns exemplos:
A propriedade engloba a pedra da Babilonia e o Palacete da Babilonia (imagem da APM do Colegio Militar) cuja construção foi iniciada em 1864 pela família Silva Pinto. Mais tarde, por dificuldades financeiras, ela foi vendida para o comendador Jeronimo José de Mesquita, futuro Barão de Mesquita, que terminou a obra. Em abril de 1889 o governo imperial a adquire para integrar o Imperial Colégio Militar, projeto acalentado pelo Duque de Caxias desde seus tempos de senador em 1850.
A primeira rua aberta no bairro foi a “Estrada do Andarahy”, que, unindo-se à antiga estrada da Babilônia, formou em 1875 a atual Rua Barão de Mesquita.
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A partir de meados do século XIX o Andaraí adquiriu feições de bairro industrial com a instalação da primeira fábrica de tecidos do Rio de Janeiro, a Fábrica São Pedro de Alcântara de Tecidos de Algodão. Ao lado da fábrica, foi fundado o Hospital Militar do Andarahy Grande, edifício que hoje abriga o 1º Batalhão da Polícia do Exército, evidentemente também na rua Barão de Mesquita (Imagem Google Maps).
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O mapa Wikimapia atual, com anotações do autor, indicando os principais locais mencionados nesta página.
Agencias Postais
A primeira agencia postal do bairro foi criada em 1869 como parte de um projeto imperial de descentralização do correio central através de uma rede de 25 agencias “de letras” distribuídas pela zona urbana. A do Andaraí foi instalada no Ponto do Affonso, na rua Conde de Bonfim, recebendo o nome “K” e posteriormente registrada na rua Conde do Bomfim.
MRJ 7 – Agencia Urbana K (1869-1878)
MRJ 8 – Rua do Conde de Bonfim, agencia K (1878-1880)
Dessas agencias não tenho imagem. PA também não apresenta modelo da “K”, mas a exemplo das demais agencias apresento o layout básico para registrar a agencia.
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A Barão de Mesquita seria a rua com mais agencias no bairro, por vezes mais de uma agencia na mesma época. Não tenho a certeza de que a MRJ 9, listada em locais de recepção de correspondência no Almanak Laemmert, tenha de fato sido instalada. Não lhe tenho imagens.
MRJ 9 – Rua Barão de Mesquita (1881-1882)
MRJ 10 – Barão de Mesquita (1901-1931)
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Nessa época é criada, por volta de 1933, a APT Andaraí que foi instalada – como se esperava – na rua Barão de Mesquita, primeiro no nº 1027, depois no 922. (apresentada mais abaixo).
O nome Barão de Mesquita retornaria com duas novas agencias que aparecem listadas no GP de 1996, o primeiro a listar também agencias terceirizadas, as famosas ACF: a AC Barão de Mesquita, transformada em ACF logo a seguir, e a ACF Paula Brito, sobre a qual já falamos anteriormente. Essas duas foram as últimas a servir o bairro, já que a APT Andaraí havia fechado poucos meses antes.
MRJ 11 – AC Barão de Mesquita (1996-1998)
MRJ 12 – ACF Barão de Mesquita (1998-2012)
A agencia da rua Leopoldo funcionou na esquina com a Barão de Mesquita.
MRJ 13 – Rua Leopoldo (1898-1934)
Aldeia Campista
MRJ 14 – Aldeia Campista (1910-1940) Não possuo imagens
O bairro foi construído em 1897 por Domingos Pereira Nunes, usineiro de Campos que loteou grande área entre a Tijuca e Vila Isabel e abriu, entre outras, a Rua Pereira Nunes onde seria instalada a agencia postal. No bairro foi construída a Fábrica Confiança com a consequente construção de vilas para os operários.
Os seus apitos, que marcavam os horários dos trabalhadores na fábrica, foram imortalizados na música “Três Apitos” de Noel Rosa. A Vila Operária, contudo, ainda existe e conserva a sua arquitetura original. Veja matéria sobre ela, e ouça a musica, no menu História Postal.
O bairro foi também imortalizado na literatura de Nelson Rodrigues. O autor, que morou na rua Alegre em 1916, inspirou-se no cotidiano de Aldeia Campista para escrever boa parte das crônicas “A Vida Como Ela É…” e também o livro “Engraçadinha”, que foi posteriormente adaptado como série pela TV Globo.
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Outra agencia com nome de rua foi a ACF Paula Brito, paralela à Leopoldo, que ficava num edifício na esquina dessa rua com a Barão de Mesquita em frente à rua Maxwell A rua homenageia Paula Brito (Rio de Janeiro, 1809-1861) empreendedor de origem humilde que montou uma tipografia e livraria e foi, entre outras coisas, editor, jornalista e escritor. Foi também ativista político e o primeiro a inserir no debate político a questão racial.
MRJ 17 – ACF Paula Brito (1996-2012)
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A APT Andaraí
Por último, a agencia própria dos Correios com o nome do bairro, a MRJ 16 – APT Andaraí que foi instalada, é claro, na rua Barão de Mesquita, primeiro no nº 1027, depois no 922. Segundo consta ela foi fruto da fusão da AP Andarahy (a MRJ 15 que existiu por breve período e da qual não tenho carimbos) com a agencia “Grajahú” citada na nota (provavelmente estação telegráfica, pois de agencia postal não encontrei pista).
MRJ 15 – AP Andaraí (1933-1934)
MRJ 16 – APT Andaraí (1934-2010)
MRJ 17 – ACF Paula Brito (1996-2012)
As ACF Barão de Mesquita (MRJ 12) e esta Paula Brito foram as derradeiras agencias do bairro. Ambas resistiram até o fim do prazo para que se regularizassem até o final de 2012 – o que não quiseram ou não conseguiram. O bairro não possui mais agencias.
MRJ 18 – Aldeia Campista (1910-1940)
Uma agencia importante, que funcionou por 30 anos mas da qual infelizmente não tenho imagens.
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