AGENCIAS POSTAIS

História Postal do Rio de Janeiro através de suas agencias e seus carimbos

AGENCIAS POSTAIS

Niteroi

Município de Niterói com 29 bairros destacados (Wikimapia)

MUNICÍPIO DE NITERÓI

O município de Niterói tem sua origem vinculada à Freguesia de Vila Real da Praia Grande, criada em 18 de janeiro de 1696. Elevada à vila em 10 de maio de 1819, assume a condição de capital da Província do Rio de Janeiro em 26 de março de 1835 (até a data sendo acumulada pelo Rio de Janeiro, tendo seu nome alterado para Nictheroy, mais tarde atualizado para Niterói.  Em 30 de janeiro de 1894 perde  temporariamente a condição de capital, que passa para Petrópolis até 04/08/1902, quando volta a ser a capital do estado até a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro em 1º de junho de 1974. A capital fluminense passa a ser definitivamente o Rio de Janeiro (IBGE).

AGÊNCIAS POSTAIS

 

REDE FERROVIÁRIA

As duas estações da planilha são as que tiveram agencias postais, como é a prática neste site.

No caso de Niterói, no entanto, vale mencionar que uma estação central foi construída mais tarde, no centro da cidade. Sobre ela, reproduzo as informações e a imagem do site estaçõesferroviarias.com.br:

A estação de Niterói (General Dutra) foi inaugurada em 1930, como resultado de três anos de obras resultantes de um acordo da EF Leopoldina com o Estado do Rio de Janeiro. Ela foi construída sobre um aterro que avançou sobre o mar, junto ao cais de São Lourenço. Ela substituiu a antiga estação de Maruí, de onde partiam os trens da Leopoldina até essa data, e da qual dista cerca de um quilômetro e meio. A linha foi estendida de Maruí contornando a enseada até chegar à estação nova. Foi erradicada em 1971 quando da construção da ponte Rio-Niteroi“.


 O MUNICÍPIO

A história de Niterói começa com a aldeia fundada por Araribóia em 1573, que recebeu a denominação de São Lourenço dos Índios, o primeiro núcleo de povoamento no bairro que hoje leva seu nome. A imagem é da capela de mesmo nome. Com a morte de Araribóia em 1587 iniciou-se o declínio do aldeamento por localizar-se distante do Rio de Janeiro e não oferecer condições para expansão.

A chegada da Corte de D. João VI à colônia brasileira em 1808 deu novo alento à região, já que ele frequentava São Domingos e chegou a escolher a Praia Grande para as festividades de seu aniversário. Originalmente, essa praia se estendia do bairro da Ponta d’Areia até São Domingos, sendo a mais extensa de toda a Baía de Guanabara.  Nesse local já existia em 1696 a Freguesia de Vila Real da Praia Grande, que foi elevada a município em 1819, quando foi reconhecida pelo Reino de Portugal, que estava sediado naquele momento na cidade do Rio de Janeiro.

Em 1834, o Ato Adicional à Constituição de 1824 fez da Vila Real da Praia Grande a capital da província do Rio de Janeiro, e transformou a cidade do Rio de Janeiro, então capital do império, num município neutro, sem estar subordinado à alguma província. No ano seguinte, 1835, a cidade passou a se chamar Nictheroy. Nove anos depois, o imperador dom Pedro II concedeu à cidade de Niterói o título de Imperial Cidade. A nomeação era dada às cidades mais importantes, conferindo-lhes certa autonomia e poder regional. No fim do século XIX, por volta de 1885, foram fundados alguns sistemas de bonde, o que possibilitou a expansão da cidade para bairros como Icaraí, Ponta d’Areia e Itaipu.

A transferência da capital para Petrópolis

A República trouxe com ela momentos dramáticos para Niterói: a Revolta da Armada e a transferência da capital. A Revolta foi um movimento iniciado pelo Almirante Custódio de Melo, que considerava inconstitucional o Marechal Floriano assumir a presidência no lugar de Deodoro. A armada inicia bombardeios à capital federal e procura ocupar o Laboratório Pirotécnico da Marinha, na Ponta d’Areia. A Revolta de 1893 faz precipitar a transferência da capital do Estado, já decidida desde 1890. Teresópolis havia sido escolhida para ser a nova capital, mas, em 1894, no auge da Revolta, decide-se transferir a capital em regime de urgência para a cidade de Petrópolis. Em 1903, Niterói voltou a ser a capital do estado fluminense.

A criação da DR-RJ desmembrada da Diretoria Geral dos Correios

O Decreto nº 7.653 de 11 de novembro de 1909 em seu Art. 533 nos informa que a DR-RJ foi desmembrada da DR-DF; esta por sua vez permanecerá subordinada ao DGC.

Complementando a informação, a nota do Jornal do Commercio de 15 de dezembro de 1909 nos fornece a data exata de sua instalação:

O mesmo decreto, em seu artigo 352, nos informa sua estrutura em 5 seções:

1ª Expediente, estatistica e refugo, sob a immediata direcção do administrador;
2ª Contabilidade, dirigida pelo contador;
3ª Thesouraria, sob a direcção do thesoureiro;
4ª Importação e Exportação de correspondencias ordinarias, serviço internacional e correios ambulantes;
5ª Importação e exportação de registrados em geral.

A fusão com o Estado da Guanabara

O maior marco para o crescimento econômico da cidade viria em plena ditadura militar (1964-1985), quando foi inaugurada a Ponte Presidente Costa e Silva, mais conhecida como Ponte Rio-Niterói, em 1974. Foi o sinal para o redirecionamento de investimentos públicos, da especulação imobiliária, da infraestrutura e ocupação de bairros da Região Oceânica. Com a fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, em 1975, Niterói deixou de ser a capital, transferindo o título para o Rio de Janeiro.

O município possui uma população de 487 327 habitantes segundo dados de 2010. Em um relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no ano 2010 Niterói apresentou um índice de desenvolvimento humano entre os mais elevados do país (sétimo lugar dentre os 5 700 municípios brasileiros (texto baseado na Wikipedia em agosto de 2021).


NITEROI – SEDE


Correios de Niteroi, ca.1950 (Acervo CDP-FAN Prefeitura de Niterói)

A importância filatélica de Niterói dispensa apresentações, por ter sido capital do estado por mais de um século. O Palácio dos Correios, um imponente edifício em estilo Art Nouveau, inaugurado em 1914 e tombado como patrimônio histórico desde 1990, atesta sua importância. É ainda a sede do correio central da cidade. A agencia postal é pré-filatélica, criada a 22 de abril de 1829, o que a torna a 12ª mais antiga do estado.

ERJ 723 – Niterói (1829) Local 1 no mapa ao alto

 

IMAGENS DOS CARIMBOS DE NITERÓI: Devido à grande quantidade de exemplares utilizados pela sede do município, a imagem dos carimbos com legenda Niterói foram agrupados em uma página destacada que pode ser acessada ao clicar no vocábulo em Niteroi do quadro abaixo:

Niteroi

 


Demais AGENCIAS URBANAS NO CENTRO – Local 1 no mapa


ERJ 724 – Central (1979-1989) 

Oficialmente, o GP de 1985 é o único onde há o verbete “Central de Niteroi”, mas no mesmo endereço da tradicional “Niteroi”. Com exceção do citado GP, não tenho informação de que tenha havido uma mudança formal de nome, mas decidi classificar separadamente da sede os (poucos) exemplares grafados “Central”

ERJ 725 – Filatelica de Niteroi (1974-1996)

ERJ 726 – Forum de Niteroi (1987-2003)

ERJ 727 – Assembleia Legislativa (1952-1969) 

Não tenho carimbos

ERJ 728 – ACF Arariboia (1992-2012)

ERJ 729 – ACF Botto de Barros (1994-2013)
ERJ 729A – AGF Amaral Peixoto (2013 – )


 

ERJ 731 – Largo de São João (1914-1931)

A área pertencia à sesmaria concedida em 1568 aos índios temiminós sob o comando do cacique Arariboia. Em 1819 o rei Dom João VI, que costumava passar férias no bairro de São Domingos, elevou o Arraial da Praia Grande à condição de vila. No ano seguinte, foi contratado um projeto de arruamento da cidade, o primeiro planejamento urbano de uma cidade brasileira. O plano previa no Centro uma grande praça, que ficou conhecida como Largo de São João (atual Jardim S. João), local onde se construiria a igreja matriz, a Catedral de São João Batista, inaugurada em 1854.
Em 1824, no mesmo largo foi inaugurada a Casa da Câmara e Cadeia, prédio que em 1913 seria demolido para a construção do Paço Municipal de Niterói, inaugurado em 1914. A agencia postal “Largo de S. João” seria criada em 27 de janeiro desse mesmo ano, com a transferência da agencia em Sete Pontes.

Não tenho imagens. Mais abaixo, há imagem da terceirizada ERJ 740 – ACF Jardim São João que funcionou de 1996 a 2012 nas proximidades.

Outras três agencias são dessa época, localizadas em importantes vias próximas que obedecem ao traçado em xadrez do projeto original. Todas extintas na mesma data. São elas:

ERJ 732 – Marechal Deodoro (1914-1931)
ERJ 733 – Rua Visconde de Sepetiba (1920-1931)
ERJ 734 – Rua Visconde do Uruguai (1926-1931)

Infelizmente, também não lhes possuo imagens.


ERJ 734A – Feira de Amostras (1935-1935) agencia temporária)

A esse respeito, ver matéria no menu História Postal sobre agencias temporárias.

ERJ 735 – Palacio da Justiça de Niteroi (1946-1989)

 

ERJ 736 – Estação Rodoviaria de Niteroi (1962-1997)

ERJ 739 – ACF Rink (1994-2012)

ERJ 739A – AGF XV de Novembro  (2012- ) (sucessora de Rink)

ERJ 740 – ACF Jardim São João (1996-2012)

ERJ 740C – AGF Doutor Celestino (2013-2015)

ERJ 741 – Praça Fonseca Ramos (1911-1943)

***

Até aqui, apresentei somente das agências no centro da cidade, local 1 no mapa. A seguir, as agencias da região metropolitana e do interior do município.

 


PONTA D’AREIA (Local 2 no mapa)


A Ponta da Areia, ou península da Armação, era originalmente dedicada à pesca , tendo sido importante porto baleeiro. A vocação industrial veio depois, com as oficinas de material bélico da Marinha do Brasil e estaleiros. Na época do Barão de Mauá, a indústria diversificou-se e passou a produzir vários equipamentos. Mauá, precursor da industrialização brasileira, é homenageado no bairro com nome de rua e de estaleiro.

ERJ 742 – Armação (1920-1932)
ERJ 743 – Vila Pereira Carneiro (1932-1962) desta não possuo exemplares

A Companhia de Comércio e Navegação estabelecida também na Ponta d’Areia, possuía importante frota de cabotagem e grandes armazéns gerais. Foi dessa companhia o dique Lahmeyer, considerado o mais sólido do mundo por ter sido cavado em rocha e que durante muito tempo foi o maior da América do Sul. O Conde Pereira Carneiro (1877-1954), principal acionista da empresa, também construiu a vila que leva o seu nome, existente até hoje, que foi criada com fins sociais para os empregados da empresa. Atualmente a vila está incorporada ao patrimônio arquitetônico da cidade. O Conde foi também acionista do Jornal do Brasil. Uma agência postal funcionou na vila de 1920 até 1962; inicialmente com o nome de Armação e a partir de 1932 renomeada em homenagem ao conde .

ERJ 744 – Ponta da Areia (1907-1963)

 (sem imagens)


SÃO DOMINGOS (Local 3 no mapa)


São Domingos é um dos bairros mais antigos da cidade. Suas ruas ainda preservam um pouco da arquitetura do fim do século XIX e o ar de cidade do interior. Sua localização, junto ao centro da cidade e a existência de um porto de atracação favoreceram a ocupação e urbanização ainda no período colonial. No ano de 1816, São Domingos recebeu a visita do rei D. João VI que passou temporadas na região em uma casa a ele cedida e sua presença foi fundamental para o desenvolvimento da povoação. Esse prédio foi a primeira Casa da Câmara até a transferência da sede da Vila de São Domingos para o atual Centro.

No mesmo período, o atracadouro passou a ter bastante movimento com o serviço de transporte marítimo e com a construção da Companhia Cantareira (imagem), hoje um Centro Cultural e um dos símbolos do bairro.

ERJ 745 – São Domingos (1856-1931) 

Esta agencia postal é a mais antiga da cidade depois da Central e sua criação em 1856 consta do Relatório dos Correios de 1858. No entanto, há uma lacuna no seu funcionamento entre 1880 e 1908 quando reaparece no DOU como “São Domingos de Niteroi“. É possível que em algum momento tenha sido renomeada ou restituída com o novo nome. Seria fechada no pacote de 25.11.1931 (BP). O fragmento abaixo é quase no fechamento.


INGÁ (local 4 no mapa)


No passado, antes da fusão entre os estados do Rio de Janeiro e Guanabara, o bairro era a sede do poder estadual. No Ingá, encontram-se importantes museus, como o Museu do Ingá e o Museu Antônio Parreiras. O bairro recebeu este nome devido ao frondoso Ingá que existia nos primórdios da ocupação do bairro na atual Rua Tiradentes (outrora rua do Ingá).

ERJ 746 – Ingá (1910-1931)
ERJ 747 – ACF Ingá (1992-2013)
ERJ 747A – AGF Aguia (2013- )

É a tradicional agencia do bairro, ainda ativa como AGF.

ERJ 748 – Palacio do Governo (do Estado do Rio de Janeiro)

O Museu de História e Artes do Estado do Rio de Janeiro, ou Museu do Ingá, como é conhecido, ocupa o Palácio Nilo Peçanha, antiga sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, entre 1904 e 1975, quando se deu sua fusão com o antigo Estado da Guanabara. O palacete foi criado em 1860, para servir de residência ao médico e político José Martins Rocha. Nilo Peçanha, empossado como governador do Rio de Janeiro a 31 de dezembro de 1903 adquiriu o imóvel para residência oficial dos chefes do executivo fluminense. O prédio foi o primeiro a receber luz elétrica na cidade e sofreu obras, em 1920, para acréscimo de dependências destinadas à residência dos governadores (texto adaptado de museusdorio.com). Uma agencia postal telegráfica funcionou por pouco tempo no edifício entre 1950 e 1960.

Boa Viagem O local, vizinho ao Ingá, abriga a Ilha da Boa Viagem assim denominada porque os navegadores que chegavam ou saíam da Baía agradeciam a boa viagem que fizeram ou para pedir a bênção para uma nova viagem. É ocupada pela Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, erguida no século XVIII, no ponto mais elevado da ilha.

Construído sobre o Mirante da Boa Viagem, o MAC é um museu de arte contemporânea brasileira inaugurado em 2 de setembro de 1996. Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o MAC tornou-se um dos cartões-postais de Niterói. O museu abriga o acervo da Coleção João Sattamini.


SÃO LOURENÇO (local 5 no mapa)


O bairro de São Lourenço tem grande importância para a história da cidade, pois foi nessa elevação onde a cidade foi fundada em 22 de novembro de 1573 pelo chefe temiminó Arariboia, na sesmaria que recebeu pela sua ajuda na expulsão dos franceses.  No bairro está a mais antiga igreja da cidade, a Igreja de São Lourenço dos Índios, localizada próxima ao outeiro do mesmo nome. O seu altar, com a estrutura quase toda em pau-brasil, e o seu piso, são ainda originais da época da construção. Segundo consta, a igreja foi erigida em 1627 e é tombada pelo IPHAN.

O Parque Natural Municipal de Niterói ocupa parte desse morro e uma de suas trilhas, conhecida por trilha colonial, leva à Ponte de Pedra, construída na década de 1830 por escravos numa trilha de indígenas no período colonial.

ERJ 749 – Ponte de Pedra (1918-1992)

A agencia postal Ponte de Pedra funcionou de 1908 a 1992 e ficava próxima à Matriz da Paroquia de São Lourenço.


ILHA DO MOCANGUÊ – Local 6 no mapa


ERJ 750 – ACCI Ilha do Mocanguê (2006)
ERJ 750A – AC Ilha do Mocanguê (2010-2018)

Eram duas ilhas conjugadas, conhecidas por Mocanguê Grande e Pequena. Na pequena se localizava o estaleiro da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro e a grande sempre pertenceu à Marinha. Nos anos 1970 aterrou-se o canal que separava as duas ilhas e nela foi estabelecida a Base Naval, integrada por uma série de organizações militares voltadas à capacitação de pessoal da Marinha. Não tenho exemplares.

 


ILHA DA CONCEIÇÃO – Local 7 no mapa


ERJ 751 – Ilha da Conceição (1969)
ERJ 751A – ACF Ilha da Conceição (1996-2012)
ERJ 751B – AGF Carajó (2012-2013)

No passado, a Ilha da Conceição tinha uma fazenda e uma capela, com data de 1711. A capela se transformou na Igreja da Nossa Senhora da Conceição, hoje emparedada no centro urbano. A sede da fazenda se localizava onde hoje se encontra o Centro Social Urbano.

Hoje, totalmente urbanizada e parcialmente favelizada, tem sua orla tomada por empresas ligadas a serviços navais. A ilha menor é hoje atravessada pela ponte Rio-Niterói. Também não tenho exemplares de carimbos.


SANTANA (LARGO DO BARRADAS) (Local 8 no mapa)


O antigo bairro de Santana foi desfigurado com aterros e cortado pelas pistas expressas decorrentes da construção da ponte Rio-Niterói. Hoje ele é mais conhecido como Largo do Barradas.
A rua Benjamim Constant corta todo o bairro no sentido Norte-Sul e foi durante muito tempo a única via de acesso para a zona norte.

ERJ 752 – Largo do Barradas (1985-1996)
ERJ 753 – ACF Benjamin Constant (1993-2013)
ERJ 753A – AGF Ponte (2013-2014)

 


SANTANA DE MARUÍ – Local 9 no mapa


ERJ 754 – Santana de Marui (1874-1906)
ERJ 755 – Santana de Marui (1920-1931)

A E F Cantagalo (Linha 35) tinha inaugurado seu primeiro trecho entre Porto das Caixas e Cachoeiras de Macacu em 1860. Com a operação, ficou claro que a ferrovia precisava de conexão ferroviária com a Corte para melhor desempenho logístico. A construção contornando a Baía era na época tecnicamente inviável pela natureza do terreno (só ficaria pronta em 1926), de modo que a conexão por mar via Niterói parecia ser a melhor solução. Para tanto, organizou-se a Cia Ferro Carril Niteroiense em 1871.
A estação inicial, Sant’Anna de Maruhy, é desse ano; a imagem é de mapa de 1914 e mostra também o “Porto da EFLR” (Estrada de Ferro Leopoldina Railway). Não possuo imagens


BARRETO (local 10 no mapa)


Planta hydrografica do Porto do Rio de Janeiro, capitão-tenente Diogo Jorge de Brito 1810 (hemeroteca da BN)

Barreto é um bairro da zona norte de Niterói, vizinho a S. Gonçalo, que abrigava uma antiga fazenda denominada de Caboró (ou Tribobó), de propriedade do frei José Barreto Coutinho de Azevedo Rangel, que deu origem ao bairro (wikipedia). A fazenda utilizava um porto para comercializar sua produção que também tomou seu nome. O mapa acima é de 1810 e registra o porto.

No final do século XIX, grandes indústrias se estabeleceram no bairro. O mapa de 1914 mostrado em ERJ 754  registra duas delas: a Cia. Fiat Lux de fósforos e a imponente textil “Cia. Manufactura Fluminense Fabrica de Tecidos (1893-1997 imagem acima) com sua simpática vila de casas operárias [1]. O mapa também registra a estação Barreto, próxima ao largo de mesmo nome.

ERJ 756 – Porto do Barreto (1862-1886)
ERJ 757 – Barreto (estação)  (1910-1992)
ERJ 760 – ACF General Castrioto (1996-2013)
ERJ 760A – AGF Barreto (2013- )

A história das agencias do bairro está bem documentada. Uma agencia postal “Porto do Barreto” foi criada em 10 de março de 1862 (NM). Nota do “Correio da Côrte” publicada no Diario do Rio de Janeiro em 29 de abril informa o envio de correspondência para a localidade a partir de 1º de maio de 1862. Ela já não mais está registrada no Relatório dos Correios de 1886.

Uma segunda agencia “Barreto” foi criada foi criada em 24 de outubro de 1910, na época da construção do Ramal de Niterói [2]. Ela seria sucedida por volta de 1996 pela terceirizada “ACF General Castrioto”, principal artéria do bairro e próxima à Igreja Matriz de S. Sebastião e à antiga tecelagem. Hoje no local funciona a “AGF Barreto” que sucedeu aquela seguindo a regulamentação dos Correios.

[1] Quando o apito não tocou: experiência operária e identidade de classe em um bairro operário em declínio (Barreto – Niterói) dissertação de mestrado por Luciana Wollmann (2011)
[2] A segunda estação em território de Niteroi é Barreto e foi inaugurada em 1913. Um pouco adiante na linha está a estação “Entroncamento” (sem agencia) que é a inicial da Linha 58 – EF Maricá.


ICARAÍ (posição 11 no mapa)


No início do século XVI, o bairro fazia parte do território dos índios tupinambás. Com a derrota destes perante os portugueses e seus aliados temiminós em 1567, a região, sob o nome de Freguesia de São João de Carahy, foi doada ao chefe temiminó Arariboia em 1568, como parte da Sesmaria dos Índios (wikipedia).
A Freguesia de São João Baptista de Icarahy é de 1696 (AL).

ERJ 761 – Icaraí (1875 – )

Terceira agencia mais antiga do município, criada em 1875 e ainda ativa.


Agencias em Icaraí e Santa Rosa – Locais 11, 12, 13 e 15 no mapa

Santa Rosa originou-se da antiga Fazenda Santa Rosa, no século XVIII, e sua história funde-se com a de Icaraí. Da partilha da fazenda originaram-se várias chácaras para onde deslocaram-se famílias abastadas da cidade. Em fins do século XIX o Colégio Salesiano Santa Rosa instalou-se no bairro e o Centro Educacional de Niterói, fundado em 1960, no vizinho bairro de Pé Pequeno.


ERJ 762 – ACF Miguel de Frias (1992-1996)

ERJ 763 – ACF Shopping Icaraí (1996)
ERJ 764 – AC Moreira Cesar (1981-2019)

ERJ 765 – AC Largo do Rosário (1927-1931) (local 13)
ERJ 766 – ACF Paulo Bregaro (1996-2012) (local 12)

ERJ 767 – ACF Domingues de Sá (1996-2013)

ERJ 767A – AGF Jardim Icaraí (2013 – )
ERJ 768 – ACF Bazarte (1993-2013) (local 15)
ERJ 769 – Santa Rosa (1907-2018) (local 13)

O antigo Largo do Rosario foi engolido pelas obras viárias da região e ficava em frente ao atual Instituto Abel La Salle. Não possuo imagens. A agencia Santa Rosa, hoje fechada, ficava um pouco mais adiante na Dr. Paulo Cesar.

ERJ 769A – Centro Educacional de Niterói (1970-1972) (local 13)


SÃO FRANCISCO (local 16 no mapa)


 

Seu nome vem da igreja consagrada a São Francisco Xavier. Referências à igreja e ao bairro podem ser encontradas já no século XVII. A Enseada de São Francisco, também conhecida como Saco de São Francisco (devido ao formato da enseada) era importante fonte de peixes tanto para os nativos indígenas como para os colonos portugueses.

ERJ 770 – Saco de São Francisco (1928-1963)
ERJ 771 – São Francisco (1980- )
ERJ 772 – ACF Olho de Boi (1996-1999)


JURUJUBA (17 e 18 no mapa)


Jurujuba, praia em frente a São Francisco no Saco de mesmo nome, é predominantemente ocupada por antigos moradores de uma vila de pescadores, uma das mais tradicionais do estado. Aí se organiza em 29 de junho uma procissão marítima em louvor de seu padroeiro, São Pedro. Sua localização está a meio do caminho para o Complexo dos Fortes, antiga área de defesa da entrada da Baía de Guanabara contra invasores no Brasil Colônia, tendo como destaque a Fortaleza de Santa Cruz.

Não tenho imagens das agencias.

ERJ 773 – Fortaleza Santa Cruz (1898-1917)
ERJ 774 – Jurujuba (1884-1931)


ZONAS NORTE, PENDOTIBA e LESTE (locais 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27 e 28)


Essa região está representada no mapa de macrorregiões administrativas apresentado acima. As agencias pioneiras tendem a estar próximas aos caminhos de comércio que as une, atualmente representados pela alameda São Boventura (RJ-104) e a estrada para Maricá (RJ-100) representadas em vermelho no mapa do alto da página, que replico aqui.

Dentre as agências catalogadas darei destaque às cinco que foram criadas na virada do século. Infelizmente os carimbos dessas agências são raros e só possuo os de Fonseca, mesmo assim só os mais recentes.

ERJ 776 – Engenhoca (1911) tem nome oriundo de antigos engenhos existentes na área. Até 1920 era formado por três grandes fazendas: Fazenda das Palmeiras, Fazenda da Madame e a Fazenda do Alemão. É dessa época sua agencia postal.

ERJ 777 – Fonseca (1907) No passado, o bairro possuía grandes fazendas cujos proprietários deram nome aos atuais bairros. “Seu” Fonseca era José da Fonseca e Vasconcelos, dono de uma das maiores fazendas de cana-de-açúcar da região, que tinha engenho e capela, esta ainda existente.

ERJ 779 – Serrão (1911) renomeada ERJ 780 – Cubango (1917) O bairro só foi criado oficialmente no começo do século XX, e prolongava-se pelo vale de ligação com os bairros de Santa Rosa e do Fonseca. O tráfego de bondes, a partir de 1911, trouxe o loteamento que gerou rápida valorização local. A agencia é de 1911, próxima ao morro do Serrão do qual tomou o nome, mudado depois para Cubango.

ERJ 781 Pendotiba (1907). A região Pendotiba foi definida pelo Plano Diretor de Niterói de 1992 como sendo constituída pelos seguintes bairros: Badu, Cantagalo, Ititioca, Largo da Batalha, Maceió, Maria Paula, Matapaca, Sapê e Vila Progresso. Este último foi originado de uma fazenda, pertencente a ingleses, que ali se estabeleceram ainda no século passado. Por volta de 1920, a fazenda foi desmembrada e o loteamento daí surgido recebeu o nome de Vila Progresso. O local me pareceu o mais adequado para localizar a antiga agencia pela data e por estar ligado ao mesmo sistema viário das demais agências listadas acima.

ERJ 783 – Baldeador (1890) tinha uma extensão territorial muito maior pois nele estavam incluídas partes do atual município de São Gonçalo bem como os territórios dos atuais bairros do Caramujo e de Santa Bárbara. O bairro foi estabelecido pelos limites do Decreto Lei 4895 de 1886.


Agencias franqueadas

Todas as agencias descritas acima foram fechadas em algum momento. Das terceirizadas, listo a seguir as que tenho carimbos na coleção; duas AGF estão ativas.


ERJ 775 – ACF Irmãos Fidalgo (1996-2012) (local20)

ERJ 778 – ACF Vitoria (1994-2012) (Local 22)

ERJ 778A – AGF Alameda (2012- ) (Local 22)

ERJ 782 – ACF Pendotiba 1993-2013) (Local 24)

Obs. Não confundir com a agencia ERJ 781 (1907-1963) em localização diferente que foi apresentada mais acima.

ERJ 782A – AGF Largo da Batalha (2013-2016) (Local 24)

 

ERJ 782C – ACF Itaipu (1994-1996) (Local 24)

Obs. Não confundir com a agencia ERJ 784 (1907-1963) na região oceânica que será apresentada abaixo.


REGIÃO OCEÂNICA (locais 26 e 29)


É a maior das regiões de Niterói e a que possui menor numero de agencias, são somente três, das quais duas são agencias terceirizadas recentes sendo que uma delas, a AGF Região Oceânica, ainda está ativa.

A ocupação humana na região é antiquíssima, povos coletores que deixaram como vestígios de sua presença os sambaquis encontrados na região da Duna Grande de Itaipu. A povoação surgiu com a chegada dos portugueses no século XVI. Testemunhos dessa época são a Igreja de São Sebastião, concluída em 1716, e o Convento de Santa Tereza, inaugurado em 17 de junho de 1764 (imagem). Em 1755 foi criada a freguesia de São Sebastião de Itaipu.

A história do atual bairro de Itaipu se confunde com a da própria Região Oceânica. Em 1977, o Museu de Arqueologia de Itaipu foi inaugurado, utilizando-se das instalações abandonadas do Convento de Santa Tereza (texto e imagem da wikipedia).

Pelo Decreto Estadual 124 de 22/09/1890 é desmembrada de Niterói a Freguesia de São Sebastião de Itaipu e anexada ao novo município de São Gonçalo. Foi remembrada a Niterói pelo Decreto-lei Estadual 1.056 somente em 31/12/1943 (IBGE)

ERJ 785 – Itaipu (29/08/1889-1933)

Com os dados acima vemos que esta agencia tem uma história bem fora do comum. Criada em Niterói, um ano depois é transferida, junto com o distrito, para o recém-criado município de São Gonçalo, retornando em 1943, dez anos depois de ter sido fechada. Lamento não possuir exemplares.

A região tem outras duas agencias terceirizadas, uma delas sucessora e ativa.

ERJ 786 – Oceânica (2000-2012)
ERJ 786A – AGF Região Oceânica (2013- )

Obs. A data do primeiro carimbo é algumas semanas anterior à data da criação que consta da etiqueta. Isso acontece frequentemente com as AGF porque o que a data do contrato estipula é o prazo limite para instalação da agencia.


UNIDADES OPERACIONAIS


Preferi agrupá-las funcionalmente ao invés de colocá-las em seus respectivos locais. A relação completa está no quadro de agencias ao alto da pagina. Aqui registrarei somente as que possuem carimbos na coleção.

ERJ 788 – CDD Niteroi

ERJ 792 – CDD Icarai

ERJ 793 – CTCE Niteroi

ERJ 795 – CDD Largo da Batalha


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