Devido ao elevado numero de agencias do município, eu as apresentarei em cinco páginas, sendo a primeira um guia geral de localização de áreas no município. Esta página é a da região da sede. Caso desejar ver outra região, clique no respectivo link para redirecionamento automático a cada uma das páginas.
A região metropolitana está destacada em escuro no mapa acima, sendo (1) o tradicional centro da cidade e (2) o antigo distrito de Guarus.
Freguesia criada com a denominação de São Salvador dos Campos foi elevada à categoria de vila com a denominação de São Salvador dos Campos, por Ato de 02/09/1673. Instalada em 1676.
Pelo Alvará de 03/01/1759 é criado o distrito de Guarulhos e anexado a vila de São Salvador de Campos. Em 06/02/1967 o distrito já renomeado Guarus é extinto e seu território anexado a Campos (IBGE).
Quadro geral de agencias
CAMPOS (1 no mapa)
Por sua arquitetura eclética, a cidade de Campos é considerada um museu a céu aberto, ficando atrás só da cidade do Rio de Janeiro. O município foi palco de importantes acontecimentos: recebeu quatro vezes o imperador D. Pedro II, foi a primeira cidade da América Latina a ser dotada de luz elétrica, teve um campista na Presidência da República (Nilo Peçanha) e outros no governo estadual.
A cidade se sobressai pelos seus prédios históricos e por seu patrimônio cultural (as danças típicas, as festas tradicionais, as bandas centenárias) e pela produção de doces tradicionais como o chuvisco e a goiabada.
Campos teve a honra de sediar a primeira agência postal do Brasil criada em 1798 (ver parágrafo seguinte), além de ser o local onde cataloguei o maior número de agências postais entre todos os municípios do interior do estado – 132 até esta data.
O Correio em Campos, a primeira agencia postal do país (16 de junho de 1798)
Transcrevo abaixo um trecho do livro de Julio Feydit [1]
“No livro de registros da Camara Municipal, a folhas 167, se acha a provisão seguinte:
´Dona Maria por graça de Deos Rainha de Portugal, etc. faço saber ao coronel Jose Caetano de Barcellos Coutinho, comandante da Villa de Sam Salvador, Goitacazes, que nomeio (…) para Administrador e Ajudante do Correio que em officio de 16 de junho mandei crear nessa villa (…) A Rainha Nossa Senhora o mandou (…) nesta Cidade do Rio de Janeiro aos 13 de Novembro de 1798´.
(…) Em 5 de dezembro de 1798, que era uma quarta-feira, saía de Campos o primeiro estafeta (para o Rio de Janeiro) (…) O porte de cada carta era de 480 réis.”
Um pouco mais de História
- Origens
A Capitania de São Tomé, uma das quinze capitanias hereditárias criadas por Dom João III de Portugal foi criada em 1536 e doada a Pero de Góis [2]. Sua área compreendia o território entre as cidades de Itapemirim no sul do Espirito Santo a Macaé no Rio de Janeiro. História e mapa ver nota [5].
A colonização não teve muito sucesso devido à hostilidade das tribos locais e em 1619 a capitania foi renunciada em favor da Coroa e posteriormente absorvida pela Capitania Real do Rio de Janeiro. Esta, por sua vez, foi constituída após a fundação da cidade do Rio de Janeiro em 1565.
A colonização portuguesa só se iniciou de fato a partir de 19 de agosto de 1627 quando o governador Martim Correia de Sá doou uma parte da área, delimitada pela cidade de Macaé até o Cabo de São Tomé (no atual território de São Francisco do Itabapoana) ao grupo de militares conhecido por Sete Capitães [3]. A posse jurídica dessa sesmaria ocorreu em 1629 e a ocupação do território, com pecuária e canaviais, teve início. Com a chegada do grupo liderado pelo General Salvador Correia de Sá e Benevides, então governador da província, as disputas políticas entre os herdeiros dos dois grupos se estenderam por muitos anos. Estes últimos ficaram conhecidos como “os Assecas” (do Visconde de Asseca, título de membros da família), e acabaram por controlar a região por quase um século (fonte: Wikipedia, verbete Campos dos Goytacazes).
- A Vila
A Freguesia de São Salvador de Campos, instalada por volta de 1650, foi elevada à categoria de vila com a mesma denominação, por Ato de 02-09-1673. Instalada em 1676 (fonte IBGE) ou em 28-5-1677 segundo gravação do marco de instalação [4].
No início dos anos 1800, toda a planície encontrava-se ocupada e partilhada, mas ainda restavam quatro latifúndios: Colégio dos Jesuítas, São Bento (correspondentes à cidade de Campos e seu entorno), Quissamã e a fazenda dos Assecas, onde surgiu o povoado da Barra Seca, no atual município de São Francisco de Itabapoana (fonte: Wikipedia, verbete Campos dos Goytacazes).
3. A rede ferroviária
Como em vários outros municípios, as estradas de ferro deram origem à maioria das agências do município. Várias delas cruzavam seu território, conforme se pode observar no mapa abaixo (fonte: menu Correio Ferroviário neste site).
- E.F. Macaé e Campos (ca.1875 – em laranja) linha 43
- Ramal de Campista, ou de Atafona (1896 – em violeta) linha 48
- Ramal de Santo Amaro (1873 -1908 – em azul) linha 49
- Ramal de S. Sebastião ou Ramal de Colomins ou (1900 – em verde) linha 50
- Linha de Itabapoana (1878-79 – em vermelho) linha 51
- Linha Campos a Miracema (ca.1895 – em amarelo) linha 53
NOTA: as linhas 49 e 50 assinaladas acima atravessam a região da Baixada Campista que foi objeto de estudo detalhado e cujo texto vale ser lido no menu História Postal – Agencias da Baixada Campista (clique para ver).
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Notas e informações
[1] No livro “Subsídios para a história de Campos dos Goitacases” (sic) de Julio Feydit – Editora Esquilo, Rio de Janeiro 1979 (reedição atualizada e ilustrada por Hylze Peixoto Diniz Junqueira da obra original de 3 de janeiro de 1900). Feydit (Campos, 1845-1922) industrial e político, foi vereador e prefeito de Campos no periodo de 1908 a 1910.
Nesse livro, há um interessante capítulo intitulado “O Correio em Campos”, cujo primeiro parágrafo reproduz documento de D. Maria I assinado em 13 de novembro de 1798 e que consta do livro de registros da Câmara Municipal de Campos a folhas 167. O texto traz uma informação mais específica sobre a data de criação da agencia em Campos. Segue fac-simile do trecho inicial, com meu grifo:
Portanto, adotarei 16 de junho de 1798 como data de criação da agência.
[2] idem. O nome da capitania foi tomado do Cabo de São Tomé, na costa sudeste do município de Campos nomeado em 1501. Conta a lenda que assim o foi em memória do apóstolo de mesmo nome pois sinais de sua passagem pelo litoral brasileiro, tais como marcas de cajado e pés, podem ser vistos de S. Vicente à Bahia.
[3] idem. Os sete capitães eram: os irmãos Gonçalo, Duarte e Manoel Correa; Miguel Ayres Maldonado; Antonio Pinto; João de Castilho e Miguel Riscado. Eles tomaram posse em 1629.
[4] idem. Gravação no marco de instalação (29.5.1677) em memorial instalado na igreja de São Francisco.
[5] Mapa do século XVI, fonte livro de 1928 “História do Estado do Rio de Janeiro” de Clodomiro Vasconcellos Edições Melhoramentos. Continuando a história: a Capitania de São Vicente foi doada a Martim Afonso de Souza e se estendia de Macaé ao norte do estado do Paraná. O donatário pouco se interessou na colonização da região norte da sua capitania e com isso propiciou a ocupação pelos franceses. Com a expulsão destes e a fundação do Rio de Janeiro em 1565 foi criada a pequena capitania do Rio de Janeiro com limites entre Macaé e a Serra do Mar em Paraty. Com a devolução da capitania de São Tomé, esta foi incorporada à do Rio de Janeiro.
Tabela das agencias da sede do município de Campos dos Goytacazes
(Local 1 no mapa)
ERJ 192 – CAMPOS (1798)
Carimbos mecânicos
CARIMBOS DE SERVIÇO
Serviço Aéreo
Nota: a próxima página é reprodução de um trabalho gentilmente cedido por Orio Massari. Apesar de não ter sido postada em Campos, vale pelo registro histórico do primeiro vôo do serviço aéreo dessa companhia para Campos em 17/06, que havia sido autorizado pela DGC em 14 de junho de 1929 pela portaria 844 E/1ª (fonte DOU de 14/06 pag 13582). Os dois carimbos seguintes também estão citados, embora sem descrição. Pelas datas, suponho que tenham ambos sido criados para uso nesse serviço aéreo que, no entanto, durou pouco e a linha foi desativada em 16 de novembro do mesmo ano.
Nos carimbos regulares, cinco páginas acima, apresentei uma segunda carta postada em Campos em 21 de junho de 1929 (ERJ 192 – T10 “Campos-Tarde” ). Infelizmente foi utilizado um obliterador comum apesar de ter recebido um carimbo de serviço “Pelo Correio Aéreo da ETA”).
De qualquer modo, Campos mais uma vez mostrava sua presença de vanguarda.
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Serviço Imperial
A marca postal S+I+DECAMPOS tem aparecido nos catálogos RHM, pelo menos desde 2008, no capítulo referente a carimbos pré-filatélicos sob o nº P-RJ-05 com a observação que uma única peça é conhecida (no caso, um envelope).
Como me dedico especialmente à carimbologia do Estado do Rio, perguntam-me vez por outra se tenho informações sobre a peça, o que eu vinha negando. Numa revisão recente do site em 2021, voltei a me debruçar sobre o tema.
Orientei minhas pesquisas para o significado da abreviatura ( S+I+ ). Dentre as alternativas, a que me pareceu mais adequada foi “Serviço Imperial” até porque também aparecia assim em Portugal. No entanto, esse epíteto aparece relacionado a uma grande variedade de coisas, tais como meio de transporte, empregados ou até serviço de porcelana.
Um documento finalmente atraiu minha atenção. Foi publicado pelo Anuário do Museu Imperial de Petrópolis em 1942. Trata-se da “Instrução para o Correio Público estabelecido entre esta capital e as vilas de Jundiaí, São Carlos, Itú e Sorocaba.”
O artigo “Vinte Hum” desse documento reza (sic): “Somente as cartas e papéis dirigidos pelas Authoridades constituídas ou pelos seus Secretarios, ou Escrivaens, que houverem por objecto o Serviço Imperial, e Nacional, serão isentos de taxas, e para o que se deve expressar nos subscriptos o titulo da Authoridade, que os dirigir (…)”
Está assinado e datado “Sam Paulo, vinte e cinco de Novembro de mil oitocentos e vinte e quatro – o Secretario do Governo Joaquim Floriano de Toledo.”
O grifo (meu) remete naturalmente ao detalhado capítulo “Marcas de Isenção de Porte” que está às pgs. 21-23 do Vol. I do catálogo RHM de selos do Brasil 59ª edição de 2016. Os tipos descritos sob o nº MIP-m4 e MIP-m4A se referem exatamente ao Serviço Imperial e Nacional. Mais adiante, à pg. 23, são reportados exemplos de serviço COM SUFIXO. Finalmente, à pg. 27, trata-se de marcas de isenção aplicadas por carimbo. A pergunta que fica é: o carimbo S+I+DECAMPOS não deveria estar classificado nessa seção do catálogo ao invés dos pré-filatélicos?
Enderecei essa questão ao Peter Meyer, editor do referido catálogo, que me enviou o seguinte comentário:
(…) “a peça que está na minha coleção foi escrita no dia 19 de fevereiro de 1836 para Benavente com porte de 100 réis com carimbos ITAPEMERIM e S+I+DECAMPOS (apagado). Tudo indica ser Serviço Imperial e entraria no capítulo de marcas de isenção postal caso seja encontrada uma peça isenta de porte com este carimbo. Como eu faço (ou procuro fazer) o catálogo apenas com peças que me são apresentadas pessoalmente, eu não faria esta mudança”.
Com a questão em suspenso, conforme opinião do colega, eu incluí a imagem nos carimbos de serviço de Campos acompanhada por este artiguete de esclarecimento.
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Serviço Registrado
Serviço Expresso
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ERJ 193 – Campos dos Goytacazes (1988)
Em 1988 a cidade retomou seu nome tradicional, com a grafia Goytacazes incialmente com I e posteriormente com Y (acompanhando o Acordo Ortográfico de 1990).
OUTRAS AGENCIAS DA REGIÃO METROPOLITANA
Algumas dessas agencias podem ter sido localizadas em estações ferroviárias das várias linhas que foram construídas nas últimas décadas do século XIX. Abaixo incluo um pequeno histórico das diversas linhas, o que ajudará na eventual localização das agencias.
Linha 49 EF Campos a São Sebastião foi autorizada pela Lei 1407 de 24/12/1868. Os estatutos foram aprovados em 10/11/1871 inaugurando-se o tráfego até São Gonçalo em 21/06/1873. Posteriormente foi vendida à EF Macaé e Campos que a prolongou até Mineiros em 1889. Adquirida pela Leopoldina, teve prolongamento até Santo Amaro de Campos em 1908. Sua estação inicial Avenida foi inaugurada na mesma data.
Linha 43 EF Macaé e Campos foi construída pela Cia EF Macaé e Campos autorizada a funcionar pelo Decreto 4803 de 18/10/1871. Em 10/08/1874 inaugurou-se o primeiro trecho Imbetiba-Carapebus e entregue até Campos em 13/06/1875, com festividades com a presença do Imperador. Sua estação inicial foi a Central de Campos na região conhecida como Coroa. Em 1906 a Leopoldina, nova dona da linha, construiu uma ponte ferroviária sobre o Paraíba, permitindo conexão dos trilhos da EF Carangola com os da EF Macaé e Campos. Em 02/03/1907 foi inaugurada a nova estação Central da Leopoldina no local da anterior de 1875. Ficou conhecida por Estação do Sacco.
Linha 55 EF de Carangola teve aprovado seu estudo em 15/04/1875 pelo Decreto 6167. Em 10/08/1876 foi inaugurado o trecho até Murundu. Deste local partiriam posteriormente as linhas de Santo Eduardo (1879) e Carangola (1886). Sua estação inicial, a Central de Carangola, é de 1877 e ficava na região de Guarus na margem norte do rio. Em 1906 a Leopoldina construiria a poste sobre o rio Paraíba conectando esta linha com a EF Macaé e Campos. A nova Central dessa linha foi reconstruída em Campos como Estação do Sacco e a antiga em Guarus foi renomeada Estação Campos – Cargas.
Linha 48 EF Campista recebeu licença pelo Decreto 130 de 16/10/1894 para a linha de Campos à foz do rio Paraíba. O tráfego foi aberto provisoriamente em 11/04/1896 até Atafona em S. João da Barra.
Histórico das agencias
ERJ 194 – Becco (1910-1934)
ERJ 195 – Corôa (1910-1969)
ERJ 196 – Covas d’Arêa (1910)
Essas três agencias foram criadas no mesmo dia de 20 de novembro, conforme nos informa o Boletim Postal. No meu entender, isso reduz uma eventual ligação com as estações homonimas de Becco e Coroa. A rua Covas d’Area é a atual Jose do Patrocínio.
ERJ 197 – Lapa (1911)
A Lapa fica à beira-rio junto ao antigo porto
ERJ 198 – Estação Central da EF Macaé e Campos (1881)
A estação central da EF Macahe e Campos foi inaugurada em Campos em 13 de junho de 1875 e a agencia postal é de 18 de fevereiro de 1881 (nota na Gazeta de Noticias). Trata-se de agencia instalada no prédio da estação. Infelizmente não lhe possuo carimbos.
ERJ 199 – Sacco (1911)
A estação do Sacco foi inaugurada em 1906 e desde então a mais importante da cidade). A agencia Sacco é de 08.06.1911 (O Fluminense de 10). Faria sentido que a agencia se instalasse no amplo prédio que abrigava a nova estação da Leopoldina, até porque a anterior já lá esteve.
ERJ 200 – Turf Club (1941)
Turf Club é nome de um bairro próximo ao centro.
ERJ 201A- Avenida (1921)
Não creio que haja ligação com a estação homônima, que é de 1873.
ERJ 201B – Parque Rosário (1969)
Infelizmente não possuo carimbos do início do século xx. Os poucos que tenho, apresentados abaixo, são bem mais recentes.
ERJ 202 a ERJ 209 – Agencias Franqueadas
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PARTE II – GUARUS (local 2 no mapa)
No livro de registro da Câmara Municipal consta em 22 de julho de 1739 a doação de uma légua de terra na parte do norte do Paraíba para a aldeia dos índios Guarulhos. Em 3 de janeiro de 1759 o IBGE nos informa ter sido criado o distrito de Guarulhos. incorporado a São Salvador de Campos. O distrito será renomeada Guarus em 31/12/1943 e extinto em 6/12/1967 sendo seu território incorporado a Campos. Lamento não possuir imagens das três primeiras denominações do distrito e somente duas de Guarus. Quem sabe, um dia…
Tabela das agencias
ERJ 210 – Santo Antonio de Guarulhos (1898)
ERJ 211 – Guarulhos (1898)
ERJ 212 – Guarulhos (1899)
ERJ 213 – Guarus (1943)
Em 06/02/1967 o distrito de Guarus foi extinto e seu território anexado a Campos. A agencia Guarus fechou por volta de 1992 e na virada do século não havia nenhuma agencia aberta no distrito, nem mesmo terceirizada, com exceção da Unidade Operacional CDD Guarus, que apresento mais abaixo.
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Agencias Franqueadas de Guarus
ERJ 216 – ACF Tancredo Neves
UNIDADES OPERACIONAIS DE CAMPOS
ERJ 219 – CDD Campos dos Goytacazes
ERJ 316 – CDD Guarus
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