Mapa de 1906 do atlasandreatta (editora Vivercidades, 2008). Clique para expandir.
Um pouco de história
O Plano Pereira Passos (1903-1906), nome do prefeito do DF no governo Rodrigues Alves, projetava reformas importantes para a modernização do tecido urbano do centro da cidade, cuja obra mais emblemática foi a construção da Avenida Central que se vê ao centro do mapa acima.
Ela ligava o porto (a atual Praça Mauá) à região da Glória, que nessa época se expandia urbanisticamente. O responsável pelo projeto foi o engenheiro Paulo de Frontin.
A via foi inaugurada em 7 de setembro de 1904 com 1.800 metros de 
extensão por 33 metros de largura. Em termos estilísticos, a construção da avenida Central representa o auge do estilo eclético monumental no Rio.
A avenida, renomeada Rio Branco em 1912, contava com um canteiro central ajardinado, com mudas de pau-brasil e iluminação elétrica a arco voltaico. As calçadas, em mosaico português, foram feitas por artesãos vindos de Portugal.
A avenida terminava na Praça Floriano Peixoto, região conhecida como Cinelândia (v. 
ao lado imagem do Cine Odeon, um dos últimos grandes cinemas da região), ao redor da qual se construíram vários edifícios públicos de grande valor arquitetônico que ainda existem: o Theatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional.
No final da avenida foi erguido o Palácio Monroe, por algum tempo sede do Senado e infelizmente demolido em 1976 durante o governo militar.
As agencias postais da Avenida
Como veremos, as datas oficiais de funcionamento da agencia Av. Central não são compatíveis com as datas de circulação dos carimbos. Por isso, ao longo do texto, procuro apresentar imagens das fontes de informação nas quais me baseei.
MRJ 144 – AGENCIA AVENIDA CENTRAL (1908-1912)
A primeira nota acima é do Relatório Postal de 1908 e a segunda do Boletim Postal de setembro de 1908; elas nos informam a criação da primeira agencia postal a Avenida Central . Ela foi criada no nº 123 da via, no prédio do Jornal do Commercio [1]
Seu nome foi alterado para Avenida Rio Branco em 4 de março de 1912, acompanhando a nova denominação da via (fonte: Boletim Postal).
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Observação: há menção a uma agencia “Avenida Central no Ponto dos Bondes” em 1910. Ela não chegou a ser instalada. Veja nota [2] abaixo.
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Imagens de carimbos
Nota-se que os primeiros carimbos regulares aparecem na coleção em 1914, seis anos depois de criada a agencia, que a esta altura já se chamava Av. Rio Branco desde 1912 (tenho carimbos dela já em 1912). Mais estranho ainda é que continuaram sendo usados até 1925, superpondo-se aos da Avenida Rio Branco durante todo esse tempo. Não imagino com que objetivo.
Carimbos mecânicos obliteradores
Estes os tenho datados de 1911 a 1922 mas com legenda simplesmente “Avenida” que casam bem com ambas. São os mais antigos carimbos obliteradores circulados no Rio.
Notas e informações
[1] A agencia Avenida aparece na imagem abaixo (ca.1917) onde se vê a discreta placa de identificação “Correios” no edifício do Jornal do Commercio no nº 123 da avenida (o jornal tinha como endereço o nº 117, o que se nota à esquerda da imagem com um grupo de pessoas sob o toldo).
Nota [2] É espantosa a noticia que encontrei no BP de 31.12.1910. Ela nos diz que a “agencia da Avenida Central do Ponto dos bondes” deverá ser instalada na rua Uruguaiana visto já existir uma agencia na Avenida. Será que os Correios não se lembravam da agencia instalada dois anos antes?
Boletim Postal de dezembro de 1910
Aproveito no entanto a deixa para comentar um pouco a nota. Em 1908 inaugurava-se o hotel Avenida, o maior da cidade, na Avenida Central 152, no “ponto dos Bonds da Cia. Jardim Botanico”. Deve ter ocorrido a alguém que faria sentido que aí existisse uma agencia postal, talvez a origem da confusão. O mapa ilustrativo está em seguida.
A Imprensa de 1º de julho de 1908
O mapa Gomes de Mattos de 1906 acima mostra em tracejado a linha de bondes “CFCJB – Cia. Ferro Carril Jardim Botânico” cujo ponto final era o quarteirão em volta do Hotel Avenida (circulado em azul no mapa), em cujo térreo ficava a famosa Galeria Cruzeiro.
MRJ 146 – AVENIDA RIO BRANCO (1912-1931)
Reforçando a informação do bloco anterior, a agencia Avenida Rio Branco foi criada em 4.3.1912, acompanhando a nova denominação da via (fonte: BP).O Guia Postal de 1913 já a classifica como agencia urbana de 2a.classe. No Guia Postal de 1931 o vocábulo Avenida Rio Branco aponta elevação de classe como “ag.urbana 1a.classe”.
O fechamento da agencia.
O Boletim Postal de fevereiro de 1931 informa o fechamento da agencia em 26 de fevereiro. Mas desta vez deram mais explicação no Boletim do mês seguinte, que traz a lista das seis agencias fechadas no DF entre as quais a da Avenida Rio Branco, pela Circular n. 8-C/1ª da Subdiretoria de Contabilidade que obedecia o citado decreto.
Esse decreto foi assinado pelo governo Vargas em seu primeiro mês de trabalho já sinalizando a fusão dos Correios com os Telégrafos no ano seguinte com forte impacto na estrutura postal. No artigo 4º citado, determina que “Serão fechadas, nesta Capital (…), todas as agências próximas das sedes das Administrações ou das sucursais (…). A circular se referia à proximidade com a Sucursal nº7 que estava sendo transferida para a Avenida nesse ano – sobre a qual falaremos no próximo bloco.
Carimbos da MRJ 146 (1912-1931)
Notem as datas dos carimbos, que nesta agencia correspondem exatamente às datas oficiais de operação: regulares de 1913 a 1930; serviço de 1912 a 1929 e mecânicos propagandísticos de 1928 a 1931.
Carimbos de serviço (M.P. e Tesouraria)
Carimbos Mecânicos Propagandísticos
Tipo 104: “O Brasil Produz o / Melhor Café Não / Use Substituto”
É o único propagandístico circulado nessa agencia. As peças que reuni apresentam um bom retrato do carimbo; no final, selos avulsos também permitem datar pela filigrana.
MRJ 148 – SUCURSAL Nº7 (1921-1940)
A Sucursal nº7 é um caso à parte entre as sucursais, uma vez que foi criada em uma data intermediária e no centro da cidade. (todas as demais foram em bairros). Ela foi instalada em 1º de outubro de 1921 no edifício do Liceu de Artes e Ofícios na rua 13 de Maio. (nota no JB, hemeroteca da BN, abaixo). Foi a data que adotei como criação, pois o Boletim Postal é omisso, como sempre o é no caso das sucursais.
A próxima referencia está no Guia Postal de 1931 que costuma ser detalhado mas que, neste caso, não ajudou em nada. O vocábulo Rua Treze de Maio aponta normalmente a sucursal e o vocábulo Succursal Numero 7 diz “ver Av. Rio Branco no suplemento” (no qual não consta esse vocábulo).
Tudo indica que a Sucursal nº 7 foi transferida para a avenida Rio Branco na virada de 1930 para 1931 Sabemos por exemplo que lá já estava em abril de 1931. Daí existir a “proximidade”, razão pela qual a agencia Rio Branco foi fechada conforme indiquei no bloco anterior.
Alguns anos depois, o Indicador Postal de 1937 aponta como endereço o numero 106-108 da avenida. No GP de 1940 não existe o vocábulo Sucursal nº7 mas em Avenida Rio Branco ele registra: “ag. urb. suc. 7 PT (serviço feito pela sucursal nº 8)“, cujo significado é dúbio.
Pelo exposto, adotei 1940 com o data de fechamento da sucursal. Mas é curioso que, a exemplo de várias outras sucursais, seus carimbos regulares continuem aparecendo até 1942 e carimbos obliteradores até 1953, com evidente superposição com os da nova agência AC que viria ser instalada na avenida em1940 e sobre a qual falaremos no bloco seguinte.
O fechamento da sucursal nº 7 acompanha o gradual abandono da rede de sucursais que começou a ser desmontada no final de 1939. A esse respeito, o menu “Sucursais no DF” traz um histórico completo. Nesse mesmo texto, comento a falta de data oficial de encerramento da sucursal e da criação de sua sucessora, a APT Avenida Rio Branco. A data de transição que adotei é 1940 (embora existam carimbos grafados sucursal no inicio dos anos 1940).
Carimbos da Sucursal nº7
Carimbos franquias mecânicas
Carimbos mecânicos obliteradores (tipo 95, antigo tipo F)
Tenho só dois exemplares incompletos. Um é de 1953; o segundo é ilegível, mas leva jeito de 1959.
Carimbos mecânicos propagandisticos tipo 105
Esse tipo tem legenda “Ask For Brazilian Coffee (…)”. Os exemplares datados são de 1929 a 1935. Selos com fragmentos da flâmula mostram filigranas na mesma época.
Carimbos mecânicos propagandísticos tipo 116
Esse tipo tem legenda “Rio de Janeiro / Cidade Turismo (…)”. Os exemplares datados são de 1937 a 1945. Selos com fragmentos da flâmula mostram filigranas na faixa de emissão 1933-1946. Uma coleção que aprecio bastante.
Carimbos de serviço (Aéreos e Tesouraria)
MRJ 149 – APT AVENIDA RIO BRANCO (1940-1968)
O Guia Postal de 1940 é bastante ambíguo no registro da nova APT, como vimos no bloco anterior. Nota no DOU de abril de 1940 informa que um contrato de aluguel do prédio 127 da av. Rio Branco “para a instalação da sucursal” estaria sendo analisado pelo Tribunal da Contas. No entanto, mais tarde saberíamos que a nova agencia av. Rio Branco é que seria instalada nesse endereço. Esse foi o ano que escolhi para registrar sua criação. O próximo Guia Postal, de 1948, é bastante claro ao citar somente a agencia “APT Av. Rio Branco”.
Uma nota lacônica na imprensa em fevereiro de 1968 informa que a agencia da av. Branco deverá deixar o prédio em 30 dias, requisitado pelos proprietários. Assim se encerrariam as atividades dos Correios na Avenida. O último carimbo que possuo é uma franquia mecânica de março de 1967.
Franquias mecânicas da APT Rio Branco (1945-1967)
Carimbos de serviço (Aereo, Registro e Expresssas)
Uma nota curiosa sobre o serviço aéreo é o uso aparentemente aleatório de “AÉREO” ou AÉREA” na legenda dos carimbos.
No caso do serviço expresso, chamo a atenção para os dois últimos carimbos (1963 e 1964) cuja legenda é “ENT.RAP.” Foi um serviço de entregas rápidas que funcionou por algum tempo nas principais capitais. Tenho uma monografia sobre isso no menu História Postal – Serviço Expresso. Clique para ver.
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