Quadro de agencias
MRJ 206 – Newco Central (1991-1993)
MRJ 206A – APT Olavo Bilac (1939-1957)
MRJ 207 – ACF Orly (1991-2012)
A RUA DO OUVIDOR
Antes da chegada da família real em 1808, nada distinguia a então Rua do Desvio do Mar das demais ruas do centro da cidade. A mais importante via da cidade era na época a rua Direita, renomeada Primeiro de Março em 1870 (não por acaso, a sede dos Correios está nessa rua desde 1842).
Seu nome atual deriva da instalação em 1745 do Ouvidor da comarca – dr. Manoel de Amaro Pena de Mesquita Pinto – em casa quase na esquina da rua da Quitanda. A rua teve ainda alguns nomes oficiais que nunca “pegaram” e foi sempre conhecida por Ouvidor.
Uma das primeiras medidas do governo real foi a abertura dos portos ao comércio internacional, quando então importadores ingleses e comerciantes franceses adotaram a rua como sede de seus negócios. Em 1854 Mauá fundou a Companhia de Gás e a Ouvidor foi a escolhida para inaugurar a novidade; logo em seguida recebeu também calçamento de paralelepípedos.
Publicidade no Jornal do Commercio em 1852
Nessa época já era considerada a rua mais elegante da cidade. Surgiram as livrarias (a Casa do Livro Azul de Albino Jourdan em 1828 e a Garnier Frères em 1844), veículos de imprensa (Pierre Plancher e o seu Spectador Brasileiro e depois o Jornal do Commercio nos anos 1820), confeitarias, salões de beleza e as lojas, que evoluíram para grandes magazines sendo o primeiro inaugurado em 1848 ( A Notre Dame de Paris de Noel Décap) no número 155.
Rua do Ouvidor em 1941 (imagem da revista Life)
Seu reinado como a mais importante rua da cidade começou a declinar com a inauguração da Avenida Rio Branco. Mas ainda houve tempo para nela se instalarem dois cinemas e a primeira gravadora do país, a Casa Edison [1]
Atualmente, é uma rua estreitinha e escura, esmagada por arranha-céus, como se vê na imagem abaixo do Google Maps, que mostra em primeiro plano a agencia postal AGF Perrone, ainda ativa como a última sucessora das agencias da rua.
As agencias postais na rua do Ouvidor
MRJ 208 – rua do Ouvidor, agencia urbana “Y” (1877-1882)
O Correio Urbano Imperial
O Decreto Imperial de 1865 abordava a regulamentação do Serviço de Correio Urbano na cidade do Rio de Janeiro. Assim, entre 1868 e 1877 foi implantada uma rede de 25 agencias identificadas por letras de A a Z. O assunto está descrito em detalhes no menu “Correio Urbano“.
A da rua do Ouvidor foi criada ca.1877 e recebeu a letra “Y”. Os carimbos, chamados “de letras”, são raros e desta especialmente não conheço exemplares. Como se nota, as agencias postais acompanhavam de perto as tendências socioeconômicas das regiões onde se instalavam.
Para marcar presença, reproduzo o provável layout que teria o “Y” central.
MRJ 208A – Ouvidor (1965-1993)
Quase um século mais tarde, uma nova agência seria criada na rua, possivelmente como reflexo da instalação do Estado da Guanabara. Não encontrei sua data de criação. Adotei 1965 por ser o IV centenario.
MRJ 208B – ACF Ouvidor (1993-2012)
Com o advento das agencias franqueadas, a ACF Ouvidor seria a sucessora da agencia regular homônima, sendo seu endereço vizinho àquela.
MRJ 208C – AGF Perrone (2012 – )
Sucessora das “Ouvidor”, está ainda ativa.
Notas
Anúncio no JB em 1910.
[1] Casa Edison foi a primeira casa gravadora no Brasil e na América do Sul, fundada em 1900 por Frederico Figner no Rio de Janeiro na Rua do Ouvidor, 107 (depois 135). Inicialmente apenas importava cilindros para os fonógrafos de Thomas Edison e discos. Em 1902 lança o que é considerada a primeira música brasileira gravada no país, o lundu “Isto É Bom” do compositor Xisto Bahia. A matéria completa é da Wikipedia.
Ouça a gravação original no youtube
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