Correio Suburbano no Império

INTRODUÇÃO AO CORREIO SUBURBANO

 

Vimos no menu “Correio Urbano” (clique para consultar) a implantação das primeiras linhas do correio urbano na Corte, com a definição do perímetro urbano que a grosso modo, é a área que compreende as freguesias entre as do Engenho Novo e a Gávea, ambas em amarelo no mapa acima.

O Correio Suburbano e também o Correio Rural, que veremos no próximo menu são extensões das linhas de correio para além daquela região, que é também referida por “Freguesias de Fóra da Cidade” como se vê no titulo da seção do Almanaque Laemmert – publicação que servirá de guia para este artigo. Serão referidas por “Freguesias Suburbanas” no AL a partir de 1874.

Oito freguesias estão listadas nesse almanaque, que tomarei a liberdade de dividir em dois grupos, as Suburbanas e as Rurais. A ilustração ao alto (*) permite visualizar bem as freguesias sobre as quais irei falar.

(*) De fato, trata-se da capa da edição lançada em 1965 por Paulo Berger tendo como base o texto original de Noronha Santos impressa em 1900.

O assunto será desdobrado em dois menus:

Correio Suburbano no Império 

  • Senhor Bom Jesus do Monte da Ilha de Paquetá
  • São Thiago de Inhaúma
  • Nossa Senhora da Ajuda da Ilha do Governador
  • Nossa Senhora da Apresentação de Irajá

Correio Rural no Império

  • Nossa Senhora do Desterro do Campo Grande
  • São Salvador de Guaratiba
  • Nossa Senhora do Loreto de Jacarepaguá
  • Curato de Santa Cruz

 


CORREIO SUBURBANO NO IMPÉRIO

 

Diferentemente do processo implantado no Correio Urbano que, como vimos, baseava-se em redes de caixas de correio e agencias urbanas para atender as áreas mais densamente habitadas, aqui o processo foi decorrente da construção de ferrovias cujo objetivo era ligar a corte com o interior do estado e as demais províncias.

Agencias do correio foram sendo criadas à medida que, em volta dessas estações, se desenvolviam povoados. Abaixo, o mapa postal de 1888 (BN, com anotações do autor)

No mapa, a linha inferior mais espessa é a Estrada de Ferro D.Pedro II, trecho construído entre 1858 e 1859. A segunda, que passa por Inhaúma e pela Pavuna, é a EF Rio d’Ouro construída em 1883 e a terceira, que passa por Irajá e Merity é a Linha do Norte construída em 1886.

Os números em vermelho que adicionei ao mapa mostram as agencias, descritas na tabela abaixo. No mapa original pode-se ver as “bandeirinhas” que identificam agencias e suas respectivas classes pelo numero de listas.

A planilha abaixo foi extraída do menu ferroviário e contempla as agencias postais citadas no mapa postal de 1888 que estão localizadas junto às linhas (tipo A significa instalada no mesmo prédio e B nas vizinhanças)

 

Comentários e curiosidades sobre algumas agencias

[1] Ilha de Paquetá possui a mais antiga agencia do município neutro, um ano mais antiga que a do Curato de Santa Cruz.

[11] Ilha do Governador, outra agencia insular, tem no bairro do Zumbi sua mais antiga agencia, local servido por rota marítima de malas.

[2] Cascadura é de 1862, provavelmente a mais antiga agencia ferroviária do país, criada poucos anos depois da estação ser inaugurada em 1858 no primeiro trecho entregue da EFDPII (a EF Mauá é ainda mais antiga, mas não teve agencias em estação nesse período). Cascadura foi também a estação final da linha que atendia os subúrbios da cidade naquela época, onde as composições eram giradas para retornar para o centro. Daí partia também o “tramway” Cascadura-Jacarepaguá. passando por Campinho, tradicional ponto de parada das tropas. Vale ver a página no bairro Campinho.

[3] São Francisco Xavier foi estação de pelo menos duas ferrovias e até hoje é dos metropolitanos da Supervia. Pela sua posição geográfica pode-se discutir se ela é suburbana, mas faz parte das estações que desbravaram os subúrbios.

[4] Engenho Novo de modo semelhante à anterior é sede de freguesia que possuiu agencias no perímetro urbano. Mas esta ferroviária faz sentido estar nesta relação.

[5] Deodoro, antiga Sapopemba, estação da EFDPII, é importante entroncamento ferroviário de onde sairá o Ramal de Santa Cruz em 1878 e, mais tarde na república, o ramal de Honório Gurgel que faz ligação com a Linha Auxiliar. Sua agencia é de 1865.

[8] Irajá foi sede da imensa e mais antiga freguesia da região, criada em 1644,  como se nota pelo mapa no topo da página.

[9] Campinho 

“No cruzamento da Estrada Real de Santa Cruz (que são, atualmente, a Estrada Intendente Magalhães e a Rua Ernani Cardoso) com a Estrada de Jacarepaguá (atual Rua Cândido Benício) e a Estrada de Irajá (atual Rua Domingos Lopes), havia um local onde os viajantes descansavam, próximo a um campo onde havia uma feira de gado – o “Campinho”. No século XVIII, foi aberta uma hospedaria que Tiradentes frequentava, quando vinha ao Rio de Janeiro”

Essa posição logística privilegiada tornou o lugar importante ponto de passagem das linhas do correio para a Zona Oeste. Aliás, importância não só logística como estratégica, uma vez que no local foi construído em 1822 o Forte de Nossa Senhora da Glória do Campinho (hoje em ruínas). Veja também [2] Cascadura.

[10] Engenho de Dentro é também conhecida por Oficinas, já que era ligada às instalações de manutenção dos trens.

[14] Inhaúma não é exatamente uma agencia do Império, já que foi criada em 1895. No entanto, deve ser incluída pela sua posição estratégica como rotas de malas desde 1879. É também sede da Freguesia de mesmo nome, criada em 1743, ano em que se desmembrou da de Irajá.


O tema das agencias “nas freguesias de fora” continua no menu a seguir:

Correio Rural no Império. Clique para ver.


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