Penha

 


PENHA


Um pouco de história. A região da Penha pertencia à grande Freguesia de Irajá, da qual se desmembrou somente em 1919.

A área pertencia ao capitão Baltasar de Abreu Cardoso que, por volta do ano de 1635, construiu no alto da pedra uma pequena capela onde colocou uma imagem de N.S. da Penha em agradecimento à santa por livrá-lo de uma mordida de cobra. Logo, pessoas que, à distância, viam a pequena capela, passaram a subir a Grande Pedra – origem da palavra Penha – para pedir e agradecer graças alcançadas. Em 1870 foi construída uma igreja nova inaugurada em 1872 junto com uma escadaria monumental (que dizem ter 365 degraus…).

Em 1886 chegaram os trilhos da Leopoldina (então EF do Norte) que trouxeram progresso à região (em diagonal no canto inferior esquerdo do mapa).

O mapa do SGM de 1922 apresentado acima traz interessantes informações sobre o litoral da região. Começo pelo Ramal da Penha da EF Rio do Ouro construído em 1890. Este saía do Porto de Maria Angu (na verdade em Olaria) pela estrada de Maria Angu (a hoje abandonada rua Comandante Vergueiro da Cruz), cruzava a Leopoldina e ia juntar-se à sua linha-tronco em Vicente de Carvalho. No mapa abaixo reproduzo o traçado provavel desse ramal.

O mapa SGM mostra também o cais “Ponte das Barcas” que ficava ao final da rua Gruçaí onde se localizava o Cortume Carioca, um dos maiores empreendimentos do tipo na America Latina. Uma imagem da fábrica e da rua pode ser vista abaixo (imagem reproduzida do site “Memoria do Subúrbio Carioca”.

Antes de encerrar o capítulo histórico, gostaria de apresentar um mapa da região bem detalhado montado com páginas do Guia Rex de 1947.

O mapa, em alta resolução, pode ser bem ampliado ao clicar. Pode-se ver a Praia de Maria Angu e seu molhe, além do Caminho de Maria Angu em diagonal ao centro que vira para o norte, cruza a Leopoldina e toma a estrada Braz de Pinna que se dirige para Vicente de Carvalho no canto superior direito.


As agencias postais:

 

Notas preliminares:

  • Na Tabella das Agencias do Império de 1885 há menção a uma agencia “Penha (estação)” criada em 1871. A informação é equivocada, pois confunde uma agencia rural criada em 1871 no município do Rio (que só terá estação em 1886 Nota [1]) com a agencia da Penha em Campos (EF de Carangola) criada em 1883 mas que, esta sim, teve estação desde 1878.
  •  A mesma Tabella lista também “Ponto da Penha (freguesia)” como tendo sido criada em 1880. Mais um engano da publicação, pois esta é certamente a agencia rural, um “ponto” do roteiro das malas criada em 1871. O erro na data pode ser atribuído à sua menção no GP de 1880, o primeiro a registrá-la.

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A primeira informação oficial está na nota ao lado, da 4a. Secção da Diretoria Geral dos Correios em 26/06/1871, que menciona a criação na Penha de uma agencia dentro de um roteiro a cavalo do “Serviço Rural” que parte de Cascadura e segue pela estrada de Santa Cruz até a Penha e pela estrada de Irajá até a Matriz terminando na Pavuna. Publicada na edição de 27/06 do Diario do Rio de Janeiro. 

Ao longo dos anos, essa agencia é ora referida como rural, como ponto ou ainda como freguesia, conforme o documento consultado. Reproduzo o GP 1906, sempre bem documentado. Veja que, curiosamente, a correspondência pode seguir pela Linha do Norte (Leopoldina) bem como pelo Porto de Maria Angu até Vigário Geral (ou seja, pelo Ramal da Penha).

 

MRJ 473 – Penha (1871-1934)

Note-se que o primeiro carimbo conhecido de 1893 se refere ao local como Ponto. Não conheço nenhum que grafe “estação”.

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 Reflexo da criação da DCT em 1931, uma grande reestruturação na rede de agencias teve sequencia, entre as quais a criação de oito novas sucursais, entre as quais a nº15, Penha, em 5 de novembro de 1934. A mesma edição do BP informa também a supressão da agencia Penha no DF na mesma data.

A Sucursal

A rede de sucursais do Distrito Federal foi montada entre 1902 e 1940. Se as datas de criação estão relativamente bem documentadas, o mesmo não ocorre com seu fechamento. Há um artigo sobre a rede no menu Historia Postal.

A Sucursal nº 15 “Penha” foi criada em 1934 e, quanto ao seu fechamento, encontrei uma informação relativamente esclarecedora no DOU, onde uma funcionária foi demitida da sucursal em 31.12.1939 e readmitida na APT no dia seguinte.

Ou seja, aparentemente a sucursal foi extinta e em seu lugar voltou a funcionar a antiga agencia postal.

MRJ 474 – Sucursal nº15 – Penha (1934-1939)

MRJ 475 – AC Penha (1940 –  )

Carimbos de serviço

Além da agencia da sede, uma única agencia própria dos Correios funcionou por algum tempo na praça homônima.

MRJ 477 – AC São Lucas (1980-2003)

 

 


Agencias franqueadas na Penha


MRJ 478 – ACF Macapuri (1996-2012)

MRJ 479 – ACF Nicaragua (1992-1997)

MRJ 479A – AGF Nicaragua (2013 –  )

 

 


PENHA CIRCULAR


O mapa abaixo é um detalhe do original do Serviço Geográfico Militar de 1922 e permite ver claramente o ramal circular após a estação da Penha na EF do Norte.

As origens do bairro se confundem com a história do bairro da Penha. Seu nome vem da existência de uma linha circular destinada a permitir o retorno dos trens de subúrbios que vinham do centro. O Ramal Circular da Penha foi desativado em 10 de agosto de 1924 com a inauguração da nova estação Penha Circular, que deu nome ao bairro.

A nota ao lado, difícil de encontrar,  é do diário O Brasil da mesma data (hemeroteca da BN).

 

As agencias do bairro são bastante recentes:

MRJ 480 – AC São Sebastião (1980-2019)

MRJ 481 – AC Tenente Fabio Magalhães (1985-2015)

MRJ 481A – ACF Penha Circular (1996-2012)

MRJ 482 – ACF California (1996-2013)

MRJ 482A – AGF Siga (2013- )


Notas e informações

Nota [1] Penha teve também uma agencia do Ramal da Penha, mas inaugurada ainda mais tarde em 1890, como se vê na matéria do site Trilhosdorio.com.br (por Melekh)

“O ramal da Penha foi construído em 1890 pela Inspetoria de Obras Publicas, saía do Porto de Maria Angu, que existia na Penha, e seguia até o encontro com a sua linha principal, em Vicente de Carvalho (…)

O porto de Maria Angu localizado na baía de Guanabara possuía uma ponte de madeira e recebia no início do século, principalmente na época da festa da Igreja da Penha, barcos de passageiros, inclusive da companhia Cantareira (…)

O trajeto do ramal se desenvolvia ao longo da atual Avenida Vicente de Carvalho, Brás de Pina atravessando a E. F. do Norte, rumo a Maria Angu.

Por aviso de 13 de Outubro de 1909, o Ministério da Viação, concedia a Leopoldina Railway à permissão de ligar a sua Linha do Norte a este Ramal”.


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