Tabelas e Imagens de Carimbos

Cabe a este capítulo a apresentação dos diversos tipos e suas respectivas imagens.

A tabela abaixo traz, em ordem cronológica,  os tipos de carimbos aéreos circulados no Rio de Janeiro. Vale observar que a tabela reserva algumas linhas, apresentadas em cinza, para tipos que não encontrei, mas que por analogia poderão existir.

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Entendo que é difícil catalogar os exemplares, pois as legendas se repetem; por isso compilei uma tabela sinóptica, ordenada pela legenda superior, para facilitar a localização de tipos semelhantes mas com características de layout próprias.

 

Imagens dos carimbos aéreos da coleção do autor

As imagens seguem aproximadamente a ordem cronológica da circulação.

Tipo AER 01

Esse tipo foi usado exclusivamente na postagem de correspondência que seguiu nos voos de estudo da Latecoère no Brasil em 1925.  Ver menu Latécoère ao lado

Tipo AER 02

O belo carimbo AER 02 tem ao centro um aeroplano estilizado. Foi utilizado na correspondência embarcadas nos voos de alguma empresas particulares precursoras. Se houver interesse, clique no link para ver a página detalhada de cada aerolinea.

Condor Syndicat Ver menu Condor Syndikat ao lado
Aeropostale / CGA Ver menu CGA ao lado
ETA  Ver menu ETA ao lado

 

Tipo AER 03 (Aéropostal)

Esse tipo foi um dos autorizados pelos Correios para a postagem de correspondência nas agencias da CGA – Ver menu CGA ao lado

Há alguns subtipos:

O tipo 03 é um circular datador cujo layout tem um pequeno sol como separador.
O tipo 03a é semelhante com um florão :: como separador
O tipo 03b é um mecânico propagandístico com legenda CGA e
O tipo 03c é igual com legenda AIR FRANCE

 

Tipo AER 04 (ETA)

A ETA – Empresa de Transportes Aéreos também obteve autorização para usar seus carimbos (e também sua emissão postal) em sua agencias. Ver menu ETA ao lado

As imagens apresentam envelopes postados em alguns de sus voos mais marcantes em sua breve existência. As duas primeiras imagens devem ter sido postadas em agencias dos Correios. As duas seguintes, nas agencias da companhia.

 

Tipos AER 5 (Nyrba), AER 6 (Panair) e AER 7 (Pan American)

O layout desses carimbos é muito agradável e será usado também no tipo Condor que apresentarei no próximo bloco. As três empresas aéreas tiveram ligação acionária entre si e por isso as apresento em conjunto. Os envelopes estão descritos em detalhe na página das companhias.  Ver menu Nyrba ao lado

 

Tipo AER 8 (Condor)

Ao contrário das outras empresas citadas até aqui, a Condor terá uma vida longa e será uma das grandes empresas aéreas do país. Seu amplo uso desse carimbo é um amostra do que virá.  Ver menu Syndicato Condor ao lado 

Os parágrafos a seguir são copiados da página da Condor, onde há mais detalhes sobre as imagens de envelopes.

Os carimbos AER 8 do Syndicato Condor (AER 8) seguem o mesmo layout dos AER 5 (Nyrba) AER 6 (Panair) e AER 7 (Pan Am) e também tiveram permissão para obliterar os selos das emissões regulares bem como da emissão particular “syndicato condor” encomendados pela “Syndikat Condor” na Alemanha em 1927.

Diferentemente das anteriores, os carimbos da Condor utilizaram uma linha de pontos como separadores das legendas superior e inferior. Curiosamente, existem 5 subtipos com o número de pontos variando de 3 a 7 (AER 8a a 8e). No caso dos utilizados no Rio de Janeiro, encontrei tipos com 3, 4 e 7 pontos. Já com 5 e 6 pontos, somente em outras cidades. Para ilustrar, também os apresentei juntamente com os do Rio.

Existe ainda um separador em forma de hélice que aparentemente foi utilizado basicamente no Rio (*). Ele está numerado como subtipo 8f. Vale dizer que o de sete pontos também só encontrei no Rio de Janeiro).

(*) Recentemente, o Boletim da SPP (nº 236, dezembro de 2019) publicou um artigo de Wady Nagem Vidal intitulado “Syndicato Kondor” onde aborda os tipos Condor. Lá, encontrei menção a Cuyabá também com separador em hélice.

 


CARIMBOS DO CORREIO CENTRAL


Como vimos acima, de 1925 a 1934 foram usados tanto selos e carimbos aéreos do Correio Central quanto de empresas privadas. Em 1º de julho de 1934, estes últimos foram desautorizados e somente selos e carimbos dos Correios passaram a ser usados. As empresas aéreas continuaram a ser as transportadoras e seus carimbos ou logotipos são encontrados com alguma frequência nos envelopes.

O tipo AER 9 (1930 – 1933) apresentado a seguir ainda é contemporâneo das empresas privadas, o que explica sua relativa escassez. Seus carimbos obliteram somente selos de emissões regulares ou aéreas dos Correios.

O envelope de 9/10/1931 endereçado a São Paulo pagou franquia de $200 segundo a nova tabela publicada em janeiro desse ano, e taxa aérea de $350. O carimbo de recepção em São Paulo tem a mesma data e a indicação “Correio Aéreo” na legenda.

O segundo envelope é de 9 de outubro de 1933. Pagou $200 de franquia mais $100 de sobretaxa com um “carrapato” (decreto de 5 de abril desse ano). Taxa aérea de $500 “via Condor”; no verso, há um carimbo tipo AER 8 da Condor com a mesma data (nessa época, cada empresa tem sua tabela própria). O carimbo de recepção em Cachoeira é do dia 11.


 

O tipo AER 9A (1931-1934) tem um elegante desenho cujo layout tem o nº T6 no meu estudo de carimbologia.

O envelope foi postado no Rio em 3 de setembro de 1934 com destino a Curitiba. Porte aéreo e registrado. Nessa época, foi autorizado o uso de selos regulares e aéreos indiferentemente e a sobretaxa havia sido englobada. Também já existia uma tabela aérea unificada. Valores de franquia: 1º porte interior $300; tarifa registrada $400 e tarifa aérea 1$200 (parece-me que foi cobrado indevidamente $200 pelo porte). Notar que em 1934 já estavam banidos os carimbos e selos de empresas privadas.


 

O tipo AER 10 (1932-1935) traz algumas significativas diferenças em relação aos anteriores:

  • o datador tem o ano grafado em 3 dígitos (dd.mmm.aaa). O layout tem o nº T7 no meu estudo de carimbologia e o correio aéreo foi o primeiro a utilizá-lo;
  • os carimbos trazem os turnos de trabalho registrados na legenda superior quatro turmas

Envelope postado no Rio de Janeiro em 03.08.1932 com destino a Florianópolis possui o mais antigo carimbo desse tipo na coleção. Franquia de 1º porte $200 mais taxa aérea de $500 (cia aérea não especificada).

 

Envelope postado no Rio de Janeiro em 20.11.1932 com destino a Recife. Franquia de 1º porte $200 mais taxa aérea de $750 em selos aéreos (cia aérea não especificada).


 

O tipo AER 11 (1932-1935) mantém as 4 turmas mas volta a ter o ano grafado em quatro dígitos e traz pela primeira vez “Districto Federal” grafado na legenda inferior.

Envelope postado no Rio em 27.06.34 pagou porte aéreo “argentina-uruguai” de 1$200. Fiquei curioso para saber por que havia uma franquia mecânica sobre a qual se colaram selos comemorativos. Por transparência, soube que ela era também de 1$200; talvez alguém tenha achado que a mecânica não se aplicava… aí, por garantia… quem sabe?


 

O tipo AER 12 (1938-1960) mantém quatro “divisões” que, somente neste tipo, são definidas por “números” de 1 a 4. Não tenho informação a que se referem. 

Envelope postado no Rio de Janeiro em 13.04.1937 com destino a Alemanha pelos serviços aéreo e registrado. Franquia de 9$800, valor que eu não consegui calcular.


 

O tipo AER 13 (1935-1941) é muito semelhante ao AER 11 mas com duas diferenças. O datador agora está com o mês em romanos e a legenda inferior está abreviada para “D. FEDERAL”. Uma curiosidade é que só o conheço na 2a. turma.

Envelope postado no Rio de Janeiro em 24.12.1936, via aérea, com destino à Suiça. Recolheu franquia de 4$000 que é a tabela vigente para a Europa.


Obs. o tipo AER 14 não existe.

O tipo AER 15 (1938-1940) é bastante similar ao AER 11 mas o datador tem o mês em romanos. Nota-se também algumas diferenças na tipologia. De modo similar ao anterior há também uma curiosidade: só o conheço na 4a. turma.

 


 

O tipo AER 16 (1938-1940) confunde-se à primeira vista com o 13 (embora deste só se conheça a 2a. turma), sendo as diferenças os diâmetros e a tipologia e distribuição das legendas na circunferência. 

Cabe aqui uma explicação sobre objetos onde se vê o carimbo do serviço aéreo sobre uma franquia mecânica. O que acontece é que o Serviço Aéreo recebeu uma máquina de franquear “genérica” do correio central, ou seja, uma que não traz legenda “Serviço Aéreo” mas sim a genérica “Rio de Janeiro”. Assim, para cumprir o protocolo de apor ao objeto o local de postagem, o setor o marcou com o carimbo utilizado na seção.

O uso de carimbos “genéricos” no município do Rio está descrito em detalhes no menu Franquias Mecânicas Rio de Janeiro.

Envelope postado em 1º de maio de 1944 no Rio de Janeiro com destino a São Paulo por via aérea (via Panair do Brasil). Pagou franquia de Cr$ 1,20 que corresponde a porte aéreo interestadual até 5g. De quebra, o envelope recebeu o carimbo comemorativo de “primeiro correio aéreo noturno” da Panair nessa rota.

Envelope postado no RJ com destino aos EUA em 26.06.1938 via Panair. Franquia aérea de 5$000, taxa para Américas central e do norte, paga com carimbo mecânico franqueador. Recebeu também carimbo da agência. (ver observação no início deste bloco).


 

O tipo AER 17 (1940-1941)  apresenta um novo tipo de carimbo que tem como diferenciais as “orelhas” (letras ou números no lugar dos separadores) e legenda inferior *BRASIL* cujo layout está classificado na minha carimbologia sob o nº T11. É também composto por quatro turmas (embora me falte a 2a.).

Envelope postado em 8.9.1941 no Rio de Janeiro com destino à Suíça porte aéreo via USA pela Condor. Foi submetido à censura em tempo de guerra. Taxa de 9$000.

Envelope com destino a Genova  via aérea pela empresa LATI – Linee Aeree Transcontinentali Italiane que operou voos Itália – América do Sul entre 1939 e 1941 (ver menu LATI ao lado). Taxa aérea de 5$400.

O cartão comemorativo do 4º aniversário do estado novo está copiado somente para mostrar com nitidez as orelhas do carimbo AER 17C – 3AªT – DF uma vez que existe uma rara variante sem o T apresentada abaixo no AER 17Ca – 3=A. DF

Envelope com destino a Nova Iorque postado em 2.9.1942 que passou por censura. Taxa de 5$000 para Américas central e norte que no ano seguinte já seria expressa em cruzeiros Cr$ 5,00 conforme tabela de preços publicada na imprensa. O mesmo para o envelope a seguir da 4a. turma.

 


O tipo AER 18 (1944-1955) tem como particularidade substituir nas orelhas as quatro turmas por três turnos M, T e N (manhã, tarde e noite). Valores em cruzeiros, nova moeda do Brasil a partir de 1º de novembro de 1943.

Envelope postado em 1.8.1951 com destino à Alemanha via aérea e registrada. Porte de Cr$ 7,60 que não consegui identificar.

Envelope postado em 25.7.1955 com destino à Alemanha. Porte de Cr$ 8,30 que não consegui identificar.

O envelope é um FDC do centenário da ACM no mundo postado em 10.6.1944 durante e exposição filatélica juvenil no Rio. Em seu verso, o certificado de registro de porte urbano no Rio de Janeiro com carimbo do serviço aéreo. Coisas do Brasil.


 

O tipo AER 19 (1941) foi criado exclusivamente para o lançamento de ações da estatal Companhia Siderurgica Nacional criada por decreto federal em 9 de abril de 1941.

 


O tipo AER 20 (1946-1955) é um tipo de transição, que mantem as orelhas com indicação de turmas mas o datador volta a ter o mês alfabético, coisa que o tipo 21 oficializará. Só os conheço em duas turmas.

 


O tipo AER 21 (1949-1957)

Em seu livro, Petrucci informa que em 1947 acontece uma reformulação gráfica dos carimbos utilizados no país e que novo tipo foi lançado com alarde pelos Correios, tendo sido objeto de reportagens nas seções filatélicas dos principais jornais. Acrescenta que esse tipo é tradicionalmente conhecido por “1947”.

No correio aéreo, o tipo 21 apresenta esse novo layout. O datador volta a ter formato alfabético (dd.mmm.aa) e as orelhas agora indicam simplesmente o estado de origem da postagem. No nosso caso, a DR-DF para o Distrito Federal ou a DR-RJ para o Estado do Rio. A legenda superior engloba a indicação do turno: 1º turno Serv. Aereo. Só os conheço em dois turnos.


 

O tipo AER 22 (1954-1958) é semelhante ao 21, com troca de posição da indicação de turnos na legenda superior. Parece existir em 4 turnos, apesar de eu não possuir o 3º.


 

O tipo AER 23 (1954-1961) já tem novo layout, onde desaparecem as orelhas e a legenda inferior coloca o estado (DR-DF) no lugar de Brasil. Note-se que ele volta a falar em turmas.

O envelope é de tipo especial para remessa de valores. No verso, os correios aplicaram uma etiqueta adesiva aparentemente para reforçar o fecho e o carimbaram com o mesmo carimbo utilizado na frente.

 


Do tipo AER 24 (1964) só conheço um exemplar na 4ª turma. Não se se existirão as demais.

 


O tipo AER 25 (1958-1960) fecha os tipos de carimbos aéreos. Sua legenda superior é bem original, e menciona “guichet” além da turma. A palavra também aparece em registrados e expedição.

 


Além dos exemplares acima utilizados no correio central, algumas agencias do perímetro urbano do Rio receberam autorização de receber objetos postais aéreos. A legislação pertinente e imagens dos carimbos por elas utilizados são apresentados a seguir.


O SERVIÇO AÉREO EM AGENCIAS REGULARES NO DISTRITO FEDERAL

O Correio Central autorizou algumas sucursais e agencias a coletar a correspondência aérea. Em 18 de janeiro de 1928 a Diretoria dos Correios publica resolução [8] autorizando as sucursais Praça Duque de Caxias (rua do Cattete), Estácio de Sá (Largo do Rio Comprido) e sucursal Nº7 (Rua 13 de Maio), bem como as agencias da Av. Rio Branco e Copacabana a receber correspondência aérea da CGA, com distribuição pela 2a. Secção.

2a. secção do correio central

De 1928 a 1932 foram usados carimbos obliteradores aéreos pela 2ª Secção do Correio Central (tipo CRJ 42) que na época era a seção responsável pela recepção e distribuição da correspondência. Ele poderia ser considerado como um dos tipos regulares AER não fosse especificamente de uma só secção.

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Em 14 de junho de 1929 as autoriza também a receber correspondência da ETA [9] e, em 7 de fevereiro de 1930, da NYRBA [10], desta feita adicionando as sucursais de Botafogo, Praça Municipal, São Cristóvão e Vila Isabel. Em 30 de outubro de 1929 a DGC estabelece esse serviço também na agencia da Câmara dos Deputados. Destas, não tenho carimbos.

Em 4 de agosto de 1931 a DGC informa que estendeu o serviço aéreo, através da rede de aviação militar, às Sucursais e às agências de Copacabana, Estação D. Pedro II, Arsenal de Marinha, Largo Santa Rita, Praça 11 de Junho, Praça 15 de Novembro e Largo da Lapa. A Sucursal Nº 7 fica encarregada da correspondência aérea expressa. Comunicado semelhante de 9 de setembro inclui também as agencias de Botafogo, Praça Duque de Caxias e Praça Municipal.  Não conheço carimbos com legenda aérea utilizados por essas agências nessa época.

Dessa relação, só possuo carimbos aéreos da Sucursal nº7 e da Avenida Rio Branco em dois períodos, que apresento a seguir.

Sucursal nº7 (1928-1943)

Av. Rio Branco 1º período (1929)

Av. Rio Branco, 2º período (1946-1967)

A Portaria 1.302 de 8 de novembro de 1933 [7] publica o primeiro Regulamento dos Correios para o DF no Estado Novo. Como novidade, introduz uma 9ª Secção com atribuições específicas para o serviço aéreo. De fato, carimbos “9ª Secção Expressas” já circulam em dezembro desse ano. Em 1940, aparecem também carimbos com legendas “Aeroporto” (vide CRJ 162). Note o carimbo adicional indicando o transporte via VASP.

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A partir de janeiro de 1941 os selos aéreos foram equiparados aos regulares para efeito de franquia. Em 14 de janeiro de 1941 foi lançado o primeiro “aéreo comemorativo”: o do recenseamento nacional.

Anos depois aparecem alguns carimbos aéreos em outras agencias, tais como a Praça Mauá (1954-56), Lapa (1961) e Agencia Central do Rio de Janeiro (1963-69) – estes os últimos carimbos aéreos de que tenho notícia. Aliás, as emissões de selos comemorativos aéreos encerraram-se com o comemorativo aéreo “Gioventù” de 31 de julho de 1966.

Fontes:

7. Diario Oficial da União de 9 de novembro de 1933 pg 21271
8. Diario Oficial da União de 18 de janeiro de 1928 pg 34
9. Diario Oficial da União de 14 de junho de 1929 pg 23
10. Diario Oficial da União de 7 de fevereiro de 1930

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