Parte I – Tipos Regulares do Império (1880-1889)
O Decreto 3.443 de 12 de abril de 1865 apresenta pela primeira vez uma estrutura organizacional em quatro seções e atribui à 2ª Secção a responsabilidade pela tesouraria e pelo serviço de registro, ou seja, sem atividades operacionais. Isto será alterado pelo decreto 4743 de 23 de junho de 1871, quando a tesouraria é incorporada à 1ª Seção e passam a ser atribuídas à 2ª as atividades de coleta e distribuição da correspondência.
No entanto, de 1865 até 1880 não encontramos nenhum carimbo com legenda que identificasse a “secção” reponsável pelo trânsito daquela correspondência. As primeiras que conheço com identificação são exatamente as da 2a. secção, datadas de 1880, sobre bilhetes postais. De fato, descobri que os bilhetes postais foram criados através de dois decretos imperiais:
- Decreto 7695 de 28 de abril de 1880 criando os bilhetes de 50 Rs para o interior do país e de 80 Rs para o exterior.
- Decreto 7841 de 6 de outubro de 1880 criando os bilhetes de uso urbano no valor de 20 Rs.
Não se seria uma coincidência de datas, mas as duas primeiras peças que apresento foram postadas logo a seguir em 6 de dezembro de 1880. Elas representam o primeiro registro de legendas com identificação do setor responsável. A seção faz sentido, pois o decreto imperial nº 4743 de 23 de junho de 1871 atribui à 2a.S a coleta e a distribuição da correspondencia, que manteria por todo o período imperial.
A nota [1] ao pé da página, traz alguns dados históricos da imprensa sobre o Bilhete Postal.
Vamos às imagens (as não identificadas são todas do fantástico acervo de Klerman Lopes). Nota-se que não há um padrão ao longo da década. Há diferenças nos diâmetros, na tipologia e nas legendas. Destaco os cinco tipos principais:
Tipo CRJ 50A (1880)
As duas peças que possuo são de posta urbana utilizando a primeira série de bilhetes postais simples emitidos em 1880 no valor de 20 Rs, registrados no RHM respectivamente por BP-1 (F-1) e BP-2 (F-2) (ver a introdução da Parte I acima).
Outra peculiaridade desses bilhetes está na carimbologia. O carimbo é o único que conheço com essas caraterísticas. Eu o classifiquei como T1c, ou seja, uma variante do tipo francês com o característico diâmetro 21×0 mm, que é um formato muito peculiar que só aparece em dois outros tipos da “agencia 1º de março” nos anos 1860. Ao invés do (*), o 2A.
Tipo CRJ 51 (1881)
Uma única imagem, fragmento de Bilhete Postal de 1881 (acervo E.S.)
Tipos CRJ 52 (1882-86)
Esse tipo não manteve padrão definido em seus carimbos, apresentando diversas variações de formato e tipologia; tentei pelo menos organizá-los em três famílias de diâmetros que se sucederam no tmpo:
CRJ 52: 21x12mm (1882)
CRJ 52a: 24-25×13-14mm (1883-1886)
CRJ 52b: 22x12mm (1884)
A peça mais antiga é de 1882 do livro de E.S.
Tipo CRJ 52
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Esse tipo não guarda padrões de formatos e tipologia com exceção da legenda inferior ( 2A. ) sob a qual apresento as diversas peças em ordem cronológica.
Há diversas pequenas diferenças entre eles, não suficientes para abrir novos tipos. Mas saliento o primeiro exemplar (1883) onde o ª de 2ª está sublinhado.
Há pouca informação sobre as atribuições das seções nos anos 1880. Percebe-se no entanto que as peças têm sempre carimbos das duas seções operacionais: a 2a. e a 4a. Observando as datas dos carimbos, percebe-se que na correspondência urbana (os bilhetes postais são da coleção do autor) a coleta é da 2aS e a distribuição da 4aS. No entanto, na correspondência externa, a 4aS. faz a recepção e a 2aS. a distribuição.
Todos os bilhetes postais a seguir são da coleção do autor.
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Tipo CRJ 54 (1889)
O último tipo imperial traz novidades advindas do regulamento de 1888 – que atribuiu à 1ª secção atividades operacionais pela primeira vez. Dessa forma, reúne-se nessa peça cinco marcas postais. O carimbo “Correio Urbano” (postado portanto no município neutro) e os da 4aS (no verso) e 1aS no dia 7 e o CRJ 54 da 2aS no dia 8. Não me atrevo a explicar o trajeto entre as três seções. Completa a peça a marca da 1A. distribuição. Lamento a falta do carimbo de recepção em Nova Friburgo.
Parte II – Serviço Registrado no Império (1878-1888)
O serviço de “classe de cartas registradas” foi criado pelo Decreto 3.443 de 12 de abril de 1865 em seu artigo 15 e elencado nas atribuições da 2a. Secção no artigo 8º.
No entanto, ele só será inaugurado em 1º março de 1867 segundo nota assinada pela 3a. Secção em 27 de fevereiro e publicada em 28 de fevereiro pelo Correio Mercantil (v. imagem de trecho). A nota também nos informa que “deixará de segurar cartas mas em substituição registrará as endereçadas para toda a província do RJ e para as principais cidades do país”. Os seguros continuarão para as demais localidades.
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Para facilitar a leitura da Parte II, vou incluir um resumo da evolução da carimbologia registrada, baseado em exemplares da 2a.Secção do Correio Cenrtral do RJ.
- 1865: criação do serviço registrado;
- 1867: implantação, substituindo o “serviço segurado”;
- 1872-1875: uso de carimbos regulares da agencia 1º de março em vermelho;
- 1878: aparecem carimbos circulares de várias dimensões com legenda superior “REGISTRADO”, tambem em vermelho;
- 1880: aparecem marcas postais REGISTRADO em oval e também o “R”;
- 1881: aparecem carimbos “regulares” de registro com legenda superior Rio de Janeiro e (S.R.) na inferior;
- 1888: a atribuição do serviço registrado é transferida para outra secção.
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Tipos precursores: carimbos regulares utilizados no serviço registrado utilizando a tinta vermelha como diferencial do serviço (ca. 1872-1875)
As primeiras cartas registradas podem ser identificadas por terem o numero de registro manuscrito. Ainda não possuem carimbos com legenda “registrado” na postagem e os de recepção na Corte são carimbos regulares da época mas na cor vermelha. Isso me levou a propor a tese que isso poderia caracterizar um serviço especial, no caso, o registrado.
Tenho exemplares assim carimbados de 1872 a 1875. Nota-se que também não havia o carimbo de registrado com o caracteristico “R” maiúsculo (as imagens abaixo são do acervo de Klerman Lopes).
CRJ 55a – carimbo PA 1624, que foi utilizado regularmente na Agencia 1º de Março de 1868 a 1882.
Fragmento de carta com registro nº 34 – manuscrito e sem o carimbo “R”; recebida na Corte em 14.02.1872
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CRJ 55b – carimbo não registrado por PA, mas que foi utilizado regularmente na Agencia 1º de Março de 1870 a 1877.
Carta postada em S. Paulo em 15 de dezembro de 1875 registrada sob o nº 4.930 e recebida no Rio em 17 com carimbo de recepção na cor vermelha.
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Tipos “oficiais”
Os primeiros carimbos com novo desenho que encontrei têm legenda específica “REGISTRADO” e são de 1878 mantendo a característica cor vermelha, como se vê nas imagens mostradas mais abaixo.
Tipo CRJ 56 (1878-1883)
Com legenda superior “REGISTRADO” e inferior “RIO DE JANEIRO” entre florões, tiveram formatos variados entre 25 e 30mm, sempre na cor vermelha. Os fragmentos são de diversas fontes e a maioria das cartas apresentadas em sequencia cronológica são do acervo Klerman Lopes.
Carta postada no Corte em 1879 com carimbo datador em vermelho com destino à Barra do Pirahy. Registro manuscrito nº 1145B
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Carta postada em 9 de janeiro de 1880 com carimbo datador em vermelho e destino a Buenos Aires. Surge o carimbo oval REGISTRADO.
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Postada em 3/11/1880 em Diamantina, com carimbo de recepção “registrado” em vermelho no Rio de janeiro em 16. Reparem que esse carimbo é bem diferente do anterior, embora do mesmo ano, exemplificando a variedade de carimbos usados.
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Postada na corte com destino a Cuiabá recebeu marca oval de “registrado” e também dois ( ! ) dois carimbos da mesma data 22/06/1883.
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- O tipo em preto na frente do envelope (da agencia 1º de março) já havia sido mencionado no tipo precursor CRJ 55b, mencionado anteriormente, onde aparecia em vermelho.
- O circular vermelho no verso do tipo 56 em pauta neste bloco. Há também mais selos para completar a franquia de S300; os selos são todos obliterados por carimbos mudos.
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Tipo CRJ 57 (1881-1888)
A partir de 1881 (v. Carta) aparece um novo carimbo com legenda “Rio de Janeiro” agora na superior e serviço registrado ( S.R. ) na inferior. Uma profusão de formatos que não me parece justificar a divisão em subtipos. As imagens a seguir mostram selos e fragmentos da coleção do autor e na sequencia peças do acervo K.L. apresentadas em ordem cronológica.
Procurei apresentar o maior numero de envelopes que encontrei para exemplificar a grande variedade de processos e carimbos ao longo dos anos.
Carta postada em Santa Anna das Palmeiras em 8.11.1881 é a mais antiga que conheço trazendo o novo desenho de carimbo de registro com legenda ( S. R. ).
Aproveito para falar um pouco desse fantástico local S A das Palmeiras que ficava no trajeto de um caminho de comercio que saía de Iguassu (Velha) e subia a Serra do Tinguá a caminho do rio Paraíba. O agencia é de 1857 e fechou em 1892. Todo esse caminho foi desstivado e transformado em reserva florestal. Hoje as ruínas de Santa Anna estão no meio da mata fechada e não há permissão para visitá-las.
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A novidade nesta carta de 1884 é o uso de cor preta nos tipos registrados.
Vale registrar as duas cartas da Corte para a Inglaterra em janeiro e dezembro de 1866, ambas com o novo carimbo registrado “BRAZIL R”. Na primeira há uma variante de carimbo de registro com círculo externo duplo. Note-se que estes foram usados também como carimbos obliteradores no lugar dos mudos.
As duas mostram também carimbos de registro vermelhos no transito em Londres.
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Esta última da série, postada em maio de 1888 na Corte com destino a Dresden na Alemanha, traz um “R” maior e em vermelho. Ela é uma das derradeiras peças do serviço registrado na 2a. secção, pois o regulamento de 1888 já aponta essa atribuição na 3a. Secção (embora, adianto, eu não tenha conhecimento de nenhuma peça com esse carimbo naquela seção).
Parte III – República, 1º tempo (1891-1894) “Capital Federal”
O Decreto nº 368-A, de 1º de Maio de 1890 é o primeiro da Republica, trazendo em seu bojo um novo regulamento – que revoga o de 1888.
Nele aparece primeira vez o termo “Capital Federal” ao se referir ao município. Isso deu origem ao grupo de carimbos com CAPITAL FEDERAL na legenda superior. Eles têm personalidade própria, sendo bastante homogêneos no formato e tendo circulado (discretamente) de 1890 a 1894 nas 2a., 3a. e 4a. Secções.
Tipo CRJ 58 (1890)
Coube à 2a. secção o privilégio de circular o primeiro exemplar – com a legenda “CORREIO da C. FEDERAL” em 30 de dezembro de 1890. É o único exemplar entre todas as seções a trazer essa legenda e a circular em 1890. O carimbo de recepção está meio apagado, mas é da 1a. secção e a da distribuição é o nosso 58.
Tipo CRJ 59 (1891-1894)
Esse foi o tipo mais representativo do modelo “capital federal”, tendo circulado em quatro distribuições diárias (peças da coleção do autor).
Observações:
No CRJ 59.3 apresento imagem de uma variante sem datador. Ela consta no livro de Matrizes do MPT, numero 112. Não conheço exemplares circulados.
No CRJ 59.4 há uma anotação curiosa. Correspondência urbana postada pelo Consulado da Itália no dia 3 (carimbo ilegível, provavelmente da 1a secção) e distribuída pela 4a.D da 2a secção no mesmo dia, convidando-o a comparecer para urgente comunicação. No entanto, alguém escreveu no dia 4: “Não me deram informações” e há novo carimbo da 2a.D do dia 4. Não sei o que dizer sobre o manuscrito “C 315”.
Serviços Administrativos (1894-1914)
A primeira fase da república, título desta Parte III, teve vida curta com poucos exemplares circulados, como vimos. Seu fim se deve ao novo decreto republicano nº 1692-A de 10 de abril de 1894 que traz um novo regulamento postal que amplia o numero de seções de quatro para oito com consequente reordenação das responsabilidades. A 2ª Seção volta a responder por atividades administrativas e assim não circularão seus carimbos pelos próximos 15 anos.
Denominei o inicio das atividades em 1914 de “2º tempo”.
Parte IV – República, tipos regulares do 2º tempo “Distribuição” (1914-1929)
Os carimbos regulares da 2a.Secção só voltaram a circular com a publicação do decreto nº 9.080 de 3 de novembro de 1911. Nele, as atribuições da seção voltam a ser operacionais, abrangendo a recepção e distribuição da correspondência ordinária.
Regulamento a que se refere o decreto n. 9.080, de 3 de novembro de 1911
SUB-DIRECTORIA DO TRAFEGO E DOS SERVIÇOS POSTAES DO DISTRICTO FEDERAL
Art. 341. Incumbem ás (oito) Secções desta Sub-Directoria, a 1ª das quaes sob a direcção do secretario, cada uma das outras sob a direcção de um chefe, e todos elles immediatamente subordinados ao respectivo sub-director (…)
2ª Secção
1º Recebimento, abertura e conferencia das malas entradas por via quer maritima, quer terrestre, quando não servidas pelo Correio ambulante, manipulação das correspondencias ordinarias contidas nessas malas e suas remessas ás outras secções;
2º Recebimento, abertura, conferencia e remessa das malas de e para as Succursaes e Agencias do Districto Federal;
3º Recebimento da correspondencia urbana, sua marcação, apartação, distribuição na área central da cidade (…)
Tipos CRJ 60 a 64 Barras-Duplas
Os carimbos regulares só voltam a aparecem em 1914, com transferência da atribuição de distribuição da 7a.S, onde havia permanecido de 1907 a 1913. Foram mantidas a mesma estrutura anterior, com quatro distribuições diurnas mais uma noturna e nas orelhas os algarismos de 1 a 6 na identificação dos postos de trabalho (ou guichês).
Apesar de mantida a familia de carimbos Barras-Duplas, agora escolheram o subtipo T5d que, é importante saber, tem previsão no datador para dígitos do ano no mínimo abrangendo a década de 1920, antes limitada à de 1910.
Exemplares da distribuição noturna (CRJ 60) que possuem um “N” na orelha direita.
CRJ 60.1
CRJ 60.2
CRJ 60.3
CRJ 60.4
CRJ 60.5
CRJ 60.6
Seguem os exemplares das quatro distribuições diurnas (CRJ 61)
CRJ 61.1
Não possuo exemplares dos guichês 2, 3 e 4
CRJ 61.5
CRJ 61.6
*
Exemplares da 2a. Distribuição (CRJ 62)
CRJ 62.1
CRJ 62.2
CRJ 62.3
CRJ 62.4
CRJ 62.5
CRJ 62.6
*
Exemplares da 3a. Distribuição (CRJ 63)
CRJ 63.1
Como curiosidade, esse jornal diário em lingua alemã circulou no Rio de Janeiro de 1921 a 1941. Foi fechado por força das leis de nacionalização no Estado Novo.
- Não possuo exemplares dos guichês 2,3 e 4 (curiosamente, os mesmos da 1a.D)
CRJ 63.5
CRJ 63.6
*
Exemplares da 4a. Distribuição (CRJ 64)
CRJ 061
CRJ 063
CRJ 064
CRJ 065
A carta acima, com destino à Genebra na Suíça, foi postada em 1916 no meio da 1a. guerra e passou pela censura como se vê na marca postal.
CRJ 066
*
Prolíficos, os carimbos barras-duplas circularam até 1929.
Parte V – República, tipos regulares 2a. parte “Classicos” (1922-1944)
Tipos regulares clássicos (1922-1927)
O decreto seguinte tem o nº 14.722 de 1921 e inclui um novo regulamento. Embora não traga mudanças expressivas às atribuições da 2ª.Secção, pode ser a origem do aparecimento dos carimbos regulares “clássicos” (tipo 4b – circulares, datadores em 3 linhas com o mês alfabético). Estes aparecem em quatro turmas entre 1922 e 1927. São pouco comuns, tanto que não possuo nenhuma peça filatélica além de fragmentos.
Tipos CRJ 66 – 71 (carimbos tipo T4b com 27 mm de diametro externo)
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Tipos regulares com carimbos do tipo 10 com D = 30-32 mm (1929-1941)
O grupo seguinte de regulares são do tipo T10 (diâmetros na faixa dos 30mm e datador em uma linha com mês em romanos). Eles circularam amplamente em quatro turmas. Bem mais comuns, são encontrados de 1929 a 1945, ou seja, os prováveis sucessores dos barras-duplas (peças da coleção do autor).
Há duas séries distintas, com variantes carimbológicas
- Na primeira série, o diâmetro interno do carimbo é (31,5 x) 20 mm e o “DE” da legenda superior tem o mesmo corpo do restante da legenda. Circularam dois carimbos diferentes, tipos CRJ 72 e 73
- Na segunda, o diâmetro do carimbo interno é (31,5 x) 18 mm e o “de” da legenda superior tem o corpo menor. Circularam quatro tipos CRJ 74, 75 e 76.
Primeira série, tipo 72 (“DE” em tipologia grande)
A legenda inferior sugere que haviam 3 turnos: manhã, tarde e noite. Só tenho exemplares da tarde.
Primeira série, tipo 73 (“DE” em tipologia grande)
A legenda inferior sugere que haviam 4 turmas. Só tenho exemplares da 3a. e 4a.
3ª Turma:
4a.Turma (não tenho peças)
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Segunda série, tipo 74 (“de” em tipologia menor)
O tipo não tem indicação de turmas.
Segunda série, tipo 75 (“de” em tipologia menor)
A legenda sugere no minimo dois turnos, manhã e tarde.
Manhã
Tarde
O envelope Sudeletro é a última peça que conheço da 2a. seção. Circulado em agosto de 1941, está franqueado em 1$600 (tarifa nacional expressa) com o selo de 200 Rs do Centenário de Portugal emitido em dezembro de 1940.
Segunda série, tipo 76 (“de” em tipologia menor)
É identico em formato ao anterior, mas em vez de turnos, a legenda informa a existência de 4 turmas.
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As peças a seguir mostram os últimos carimbos regulares da 2a. secção, já sem nenhuma preocupação com padronização, como veremos.
CRJ 77
A legenda sugere a existência de mais de um turno…
CRJ 78
Carta postada em Berlim em 24.05.1940 em plena guerra. A França capitularia à bitzkriege um mes mais tarde. Aqui já se sente a influência da guerra, com consequente censura alemã. O carimbo menciona a psossivel existencia de 3 turmas.
Por volta de 1940, mesmo sem respaldo de um decreto específico, nota-se que a estrutura em seções do correio central é desmantelada. A 4a.Seção centralizará as operações do correio regular com as séries “colecta” e em 1962 dará origem à nova agencia “Central do Rio de Janeiro”, com total centralização das atividades.
É um período um tanto confuso. A 2a. seção utilizará franquias mecânicas até o começo dos anos 1950 e a 5a. terá funções de registro e outras atribuições de curta duração até a criação da Agencia Central.
Esse úlitmo tipo, como veremos, já mostra o uso avulso dos carimbos da 2a. secção. Na primeira peça, carimbo de recepção (?) junto com um carimbo mecânico da mesma seção de um dia anterior. No segundo, num evento de FDC quatro anos mais tarde.
CRJ 79.1
Carta postada em Londres em 21.05.1940, mesma semana da anterior, e com marcas de censura inglesa.
CRJ 79.2 (1944)
Registro com ressalvas um FDC da agencia temporária MRJ 136A (Centenário da ACM) no Centro do Rio onde postei peça semelhante e a descrevo em detalhe. Resumindo o que lá está, as peças circularam de fato mas, como é registrada, o uso do carimbo da 2a. secção é indevido, pois ela não era mais a responsável por esse serviço desde o ano anterior.
Por sua vez, o certificado que acompanha a peça está carimbado no guichê do serviço aéreo (para uma correspondência urbana!).
Ou seja, um FDC mal ajambrado.
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Outra peça é publicitária onde mal se distingue 2.S na orelha esquerda. Infelizmente só tenho um fragmento que não permite análise mais detalhada. Esse tipo de carimbo, o T13P, circulou em várias agencias como propaganda da recém criada CSN. Se houver interesse, veja matéria no menu carimbologia.
Parte V – Tipos especiais e de serviço
Apresento os serviços na sequencia do quadro acima:
SERVIÇO EXPRESSO
O Serviço Expresso foi atribuído à 2ª Seção pelo Regulamento de 1921 e utilizou carimbos específicos de 1924 a 1942, quando a atribuição foi transferida para a 4ª Secção.
CRJ 81 (1924-1928)
Vale destacar o CRJ 81, em presumíveis três turmas, que abre as imagens do serviço expresso. É um raro exemplo de carimbo octogonal que só conheço nesta série da 2a. Secção.
CRJ 82 (1929-1940)
Carimbo que indica organização em 4 turmas. Curiosamente, a referencia ao turno da noite é subdividida na 3a. e 4a. turmas, aos quais dediquei um tipo diferente
CRJ 82.2 – tarde (1928-1937)
CRJ 83.3 – noite 3a.turma (1934)
CRJ 83.4 – noite 4a. turma (1930-1940)
Por volta de 1940, mesmo sem respaldo de um decreto específico, nota-se que a estrutura em seções do correio central é desmantelada.
Como resultado, os proximos exemplares trazem características especiais que levam a alguma restrição à sua inclusão neste trabalho.
O tipo CRJ 84.1 tem legenda que insinua haver outras turmas, que deconheço.
O CRJ 85 tem indicação em suas orelhas estar organizado em 4 turmas.
CRJ 85.1 1a. Turma
CRJ 85.2 2a. Turma
Trata-se de eventos comemorativos, com carimbos de favor. O primeiro do Dia da Patria com selos de 1922 já desmonetizados. O segundo FDC da U.P.A.
CRJ 85.4 – 4a. Turma
O fato de só possuir fragmentos não me permite melhor análise. Mas as datas posteriores a 1940 trazem dúvidas.
SERVIÇO AÉREO
Serviço Aéreo CRJ 91: carimbos de serviço aéreo são bastante comuns na 2a. secção entre 1930 e 1932, quando essa atribuição passou à nova 9a.Secção pela Portaria de 1933 com a atribuição de centralizar o processo de serviço aéreo.
Lembro que há um capitulo específico no menu à direita sobre o Correio Aéreo.
CONFERÊNCIA
Conferência CRJ 93: responsabilidade atribuída à 2a. Secção pelo Art.2º do Regulamento de 1933: “recebimento, abertura e conferencia de malas destinadas ao Rio de Janeiro (…)”
Não me parece um serviço que exigisse carimbos. De fato, são estes são raros e só conheço esse exemplar da 2a.turma em 1941:
ASSINANTES
O serviço foi atribuído à 2a.Secção pelo Regulamento de 1921. São carimbos raros, até porque não sei exatamente para que serviam. Seria para se comunicar com assinantes?
- Guarda e conservação das caixas de assignantes, cujo serviço compete á, Secção;
CRJ 94.3 e CRJ 95.2 – tipos regulares com datas bem espaçadas (1928-1940)
Carimbos Propagandísticos
O tipo propagandístico “Rio The Wonder City” com legenda “Assinantes” é único por trazer na legenda um serviço e não um agencia ou uma seção do Correio Central. Não há identificação de agencia ou seção e assim o cataloguei na 2a.S por esta possuir as atribuições do serviço de assinantes.
CRJ 95A.2 – turno da tarde
CRJ 95A.3 – turno da noite
POSTA RESTANTE
Posta restante (do francês: poste restante) trata-se da correspondência que é enviada sob essa rubrica a uma agencia dos correios onde permanece até que seja reclamada por seu destinatário, mediante pagamento de uma taxa, ou decorra o prazo para levantamento da mesma. O regulamento de 1921 atribui esse serviço à 2a. Secção.
REFUGO
CRJ 97: o serviço trata da correspondência cujo destinatário não foi encontrado e que fica à disposição do emitente por algum tempo, sendo posteriormente enaminhado ao refugo. O regulamento de 1921 o atribui à 2a. Secção:
- Escolha e classificação da correspondencia cahida em refugo;
Não me parece um serviço que exigisse um carimbo. Talvez por isso, são raros os carimbos conhecidos. O envelope abaixo foi postado em 28.08.1931 em Glasgow UK. Pelo que entendi, foi encaminhado ao refugo em 20 de novembro de 1931 conforme atesta o carimbo da 2a.Secção aplicado no verso e posteriormente retornado ao emitente.
O envelope tem ainda – aparentemente na mesma data – um segundo carimbo bem estranho “RIO DE JANEIRO – REFUGO” que, com essa legenda genérica, só pode ser atribuido à Diretoria Regional (onde o cataloguei).
Há ainda uma marca postal “não reclamado”. Confesso que não entendi a sequencia do processo.
“EXP – SUC”
Entre os estranhos carimbos que encontramos nessa seção, este bate o recorde. Não tenho ideia do significado e nada encontrei nos Regulamentos Postais. Fica o registro para posterior esclarecimento.
CRJ 98: parece-me um folheto de propaganda do recenseamento de 1940 impresso pelo Serviço Nacional de Recenseamento, órgão subordinado ao IBGE. Mesmo sem ser um objeto postal, alguém resolveu remetê-lo a um amigo em S. Paulo. Postado em 1.9, há carimbo de recepção em 3.
Parte VI – Carimbos Mecânicos
A história do carimbo mecanico obliterador está apresentada em detalhe no menu principal “Carimbologia”. Clique no quadro abaixo para ser direcionado.
Um carimbo desse tipo é composto de duas partes: à esquerda, o datador com local e data da postagem e à direita, a “flâmula” linhas paralelas que obliteram o selo postal.
O datador traz ao centro o dia, mês e ano. Como veremos, há tipos com a hora de postagem (como no exemplo acima) e outros com os turnos (manhã, tarde ou noite). A flâmula traz letras
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Carimbos mecânicos obliteradores na 2a. Secção (1914-1940)
CRJ 101 (1921-1928)
O CRJ 101 usa um “carimbo de rolo”, que consiste num cilindro gravado com imagem sem fim que imprime o carimbo e a flâmula em sequencia. O datador mostra a hora e a data de postagem e a flâmula tem letras (I e C no caso). É o tipo T92 neste trabalho.
CRJ 102 (1914-1936)
O CRJ 102 usa carimbos T93 (com letras na flamula) e T93a (sem letras) que já não usam rolo, mas sim uma estampa fixa composta de um circular datador e uma flâmula obliteradora.
Como curiosidade, o envelope “álbum-carta postal” acima desdobra-se como uma flor na parte de trás, formando um quadrado com quase o triplo do tamanho onde são impressas imagens turísticas na frente e publicidade no verso, além de espaço reservado para o texto.
CRJ 103 (1936-1940)
A diferença deste tipo está no datador, que deixa de registrar a hora de postagem e passa a usar o turno (manhã, tarde e noite). A data permanece em 3 linhas com mês em romanos.
Essa última peça foi postada em Lages, SC em 16.08.1940 e recebida no Correio Central do Rio na noite de 24 com um carimbo obliterador, um novo uso para ele. Reenviada ao destino foi recebida em 25 na Sucursal da Tijuca à qual estava subordinado o bairro do Rio Comprido ao qual se destinava.
Nota: os carimbos obliteradores deixaram de ser usados no Rio de Janeiro em 1940 quando os Correios reorganizaram a estrutura das “secções”.
Carimbos mecânicos propagandísticos (1928-1951)
Esse tipo particular de carimbo obliterador apresenta mensagens publicitárias acopladas ao datador circular e que funcionam como obliteradoras ao invés de flâmulas. A 2a.Secção foi a primeira agencia a utilizá-lo no Rio e provavelmente a que fez uso mais extensivo, com nada menos de onze tipos utilizados até 1951.
Os tipos 105, 106 e 107 usam carimbos do tipo “rolo” com impressão contínua e os demais usam estampa fixa.
CRJ 105/T101a – “O Brasil Exporta o Melhor Café do Mundo” (1928-1931)
O datador apresenta os 3 turnos de trabalho e a data em romanos. Trata-se do tipo T101a, pois existe uma variedade de datador apresentada a seguir (T101b) com estrelas separando as legendas superior e inferior.
A página a seguir é uma curiosidade que complementa a apresentação do tipo com uma garimpagem de selos avulsos com fragmentos de mensagens classificados pelas respectivas datas de emissão das filigranas. O objetivo é auxiliar a estabelecer o provável período de circulação do tipo, independentemente de peças na coleção.
Assim, um exemplar com filigrana “K” de 1931, indica esse ano como o último ano desse tipo (a última peça que possuo é de 1929).
Da mesma forma, o uso de selos sem filigrana de emissão 1920 pode indicar haver peças anteriores a 1928, a mais antiga que possuo.
CRJ 105/T101b – “O Brasil Exporta o Melhor Café do Mundo” (1931)
A seguir um raro e interessante subtipo de carimbo T101b que a análise de data pelas filigranas indica como sucessor do 101a. A montagem ilustrativa que produzi é baseada na apresentação desse tipo na publicação de 2005 Brasilien Maschinenstempel por Karlheinz Wittig com adição de selos com fragmentos de mensagem mostra que o datador está montado de cabeça para baixo e possui uma legenda diferente “2a.SEC”.
Só possuo poucos selos avulsos, mas que são suficientes para comprovar a utilização. Notem como o 20Rs colado sobre a arte tem a estrela bem visível.
CRJ 106/T102 – “Feira de Amostras – Junho” (1929)
O carimbo T102 é propaganda da II Feira de Amostras realizada de 29 de junho a 29 de julho de 1929 no Distrito Federal. Infelizmente é péssima a qualidade das peças disponíveis na coleção com o turno da noite.
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CRJ 107/103a “Rio de Janeiro Saison d’ Été” (1929-1931)
Este tipo é um repeteco em tudo semelhante ao CRJ 105, também com dois subtipos.O datador apresenta os 3 turnos de trabalho e a data em romanos.
Trata-se do tipo T103a, pois existe uma variedade de datador apresentada a seguir (T103b) com estrelas separando as legendas superior e inferior.
Neste caso, a existência de filigranas de séries mais antigas sugere a possível existência de peças circuladas anteriores a 1929 que tenho na coleção
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CRJ 107/103b “Rio de Janeiro Saison d’ Été” (1931)
A próxima página é um raro subtipo de carimbo (T 103b), que a data das filigranas indica como sucessor do 103a. A montagem ilustrativa que produzi, com colagem dos exemplares com fragmento de mensagem, mostra que o datador está montado de cabeça para baixo e possui nova legenda “2a.SEC”.
Só possuo poucos selos avulsos, mas que são suficientes para comprovar a utilização. Notem como os 200Rs colados sobre a arte tem a estrela bem visível e tem filigrana “K” de 1931.
Tudo semelhante à variante do CRJ 105 mais acima, igualmente montada sobre a imagem do Karlheinz Wittig em © ArGe BRASILIEN e.V. – Forschungsbericht 58 (2005).
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CRJ 108 “O Brazil Produz o Melhor Café” (1932-1933)
Note-se que a data de 1933 deve-se ao exemplar sobre selo comemorativo do ano.
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CRJ 109 “Ask For Brazilian Coffee” (1946-1954)
Neste tipo a data limite de 1954 deve-se a vários exemplares da série bisneta.
A página a seguir é uma curiosidade que complementa a apresentação do tipo com uma garimpagem de selos avulsos com fragmentos de mensagens classificados pelas respectivas datas de emissão das filigranas. O objetivo é auxiliar a estabelecer o provável período de circulação do tipo, independentemente de peças na coleção.
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CRJ 110 – “Visite a Feira Internacional de 1935” (1935)
A imagem de abertura é do trabalho de K. Wittig já mencionado anteriormente.
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CRJ 111 – “A Instrução e o Trabalho” (1935-1941)
Há quatro variedades de carimbos CRJ 111 numeradas de T 119a a 199d. Compreendem datador e legendas, como veremos:
- 119a – horário em turnos, data romanos, legenda Secção, Rio de Janeiro D.F.
- 119b – horário em horas, data romanos, legenda Secção, Rio de Janeiro D.F.
- 119c – horario em turnos, ldata romanos, legenda SEC., Rio de Janeiro s/ DF
- 119d – horario em turnos, ldata alfabetica, legenda SEC., Rio de Janeiro s/ DF
CRJ 111 T119a – turnos, data romanos, legenda Secção, Rio de Janeiro D.F.
CRJ 111 T119b -horas, data romanos, legenda Secção, Rio de Janeiro D.F.
CRJ 111 T119c – turnos, ldata romanos, legenda SEC., Rio de Janeiro s/ DF
CRJ 111 T119d – turnos, ldata alfabetica, legenda SEC., Rio de Janeiro s/ DF
A página a seguir é uma curiosidade que complementa a apresentação do tipo com uma garimpagem de selos avulsos com fragmentos de mensagens classificados pelas respectivas datas de emissão das filigranas. O objetivo é auxiliar a estabelecer o provável período de circulação do tipo, independentemente de peças na coleção. No caso, os da filigrana “K” sugerem a existência de alguma peça entre 1933 e 1935.
CRJ112 – “O Correio Aéreo é o Mensageiro Mais Rápido” (1941-1942)
Apesar de as peças serem todas de 1941, não se pode desprezar os fragmentos sobre emissão de 1942.
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CRJ 113 – “Rio The Wonder City” (1940)
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CRJ 114 – “Auxilie o Correio” (1941-1952)
A data de 1952 é de imagem de fragmento na folha de filigranas.
Encerro aqui a 2a. Secção, que nem ao menos é uma agencia independente. Mas nela registrei mais de 200 carimbos diferentes. É a mais prolífica de todas. Impressionante.
Notas e Informações
[1] sobre o Bilhete Postal. Achei curioso que nenhum órgão de imprensa brasileira pesquisado na hemeroteca da BN tenha noticiado a iniciativa dos Correios. O que encontrei foram duas (duas!) notas na imprensa sobre alguém recebendo um BP em 1880. Uma delas de Machado de Assis. Copio abaixo.
Jornal da Tarde (SP) ed. de 6/12/80
Gazetinha (RJ) ed. de 20/12/1880
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Excelente. Trabalho fantástico
Obrigado. Sua opinião é importante.