MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO PAULO DE FRONTIN
Sua origem é o distrito de Rodeio, estabelecido em 30 de outubro de 1872 e subordinado a Vassouras. O distrito foi extinto em 21/09/1906 sendo no entanto restabelecido em 11/09/1909. Em 31 de dezembro de 1943 o distrito de Rodeio foi renomeado Engenheiro Paulo de Frontin e alçado a município com o mesmo nome em 25 de novembro de 1958, sendo instalado a 25 de março do ano seguinte. Extinto em 12/12/1960, retorna a distrito, mas é definitivamente restaurado em 04 de outubro de 1963 com o mesmo nome.
Quem foi Paulo de Frontin
André Gustavo Paulo de Frontin (Petrópolis, 17 de setembro de 1860 – Rio de Janeiro, 15 de fevereiro de 1933), foi um político e engenheiro brasileiro.
Foi senador, prefeito do então Distrito Federal e deputado federal. Ganhou notoriedade ao multiplicar, juntamente com o também engenheiro Raimundo Teixeira Belfort Roxo, o abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro num prazo recorde de uma semana, num empreendimento que ficou conhecido como “episódio da água em seis dias”. Ainda como engenheiro, teve notável participação durante o governo municipal de Pereira Passos que realizou a política do bota abaixo, que modificou o cenário carioca. Nessa mesma época chefiou a construção da Avenida Central. Como prefeito (de fevereiro a julho de 1919) realizou obras importantes, como o alargamento da Avenida Atlântica, em Copacabana, e a construção das avenidas Niemeyer e Delfim Moreira, ambas na zona sul da então capital do Brasil. É conhecido como o patrono da engenharia nacional (texto e imagem da Wikipedia em 2021). O selo foi lançado pelo DCT em 12 de outubro de 1960 em homenagem ao seu centenário natalício.
AGÊNCIAS POSTAIS
REDE FERROVIÁRIA
Escolhi o mapa de 1953 por ele apresentar com mais clareza o emaranhado de linhas ferroviárias que cruzaram Paulo de Frontin ainda como distrito de Vassouras. Destaquei em azul os limites atuais do município.
Vemos no canto inferior esquerdo a EF D. Pedro II (1860) que vem da baixada fluminense e sobe a serra na direção de Mendes. Em diagonal à direita tangenciando o município vê-se a Linha Auxiliar que sobe a serra em direção a Governador Portela. Essas duas linhas ainda aparecem em preto no mapa atual.
Por fim, ao norte vê-se o chamado Ramal de Vassouras que liga Vassouras tanto à linha do Centro (do qual se vê um trechinho no canto superior esquerdo junto ao rio Paraíba) quanto à Linha Auxiliar em Governador Portela.
HISTÓRIA, CURIOSIDADES E IMAGENS DAS AGÊNCIAS
Linha da EF D. Pedro II – Local 1 no mapa
ERJ 441 – Rodeio (1865-1935)
ERJ 442 – Paulo de Frontin (1935-1941)
ERJ 443 – Rodeio (1941-1943)
ERJ 444 – Soledade de Rodeio (1943-1949)
ERJ 445 – Engenheiro Paulo de Frontin (1949 – )
A imagem é da Revista Fon-Fon de 1910 (hemeroteca da BN) e mostra o belo prédio novo da estação de Rodeio, já então sede distrito em Vassouras.
Ponto de trânsito em direção à Côrte, aí se faziam os rodeios de gado destinados ao corte, origem de seu nome. A zona urbana do povoado pertencia à fazenda Hermitage, a primeira a se estabelecer em Rodeio em 1755. Na década de 1860 houve grande impulso econômico, quando a Estrada de Ferro D. Pedro II atravessou suas terras e inaugurou a estação “Rodeio” em 2 de julho de 1863. Uma agencia postal foi instalada na estação em 9 de agosto de 1865. Em 30 de outubro de 1872 foi criado o distrito de Rodeio subordinado a Vassouras. Uma série de alterações em seu nome aconteceu em sequência, que ficará mais bem entendida (espero) com a planilha abaixo.
Local 2 no mapa
Primeira estação em Paulo de Frontin para quem vem do Rio, Palmeiras foi inaugurada alguns anos depois de Rodeio em 1873. A agencia é de 1876 e foi instalada no mesmo edifício da estação.
ERJ 447 – Palmeiras, estação (1876-1969)
A carta a seguir vale uma análise pela curiosidade. Veja matéria completa na nota [4] ao pé da página.
Linha do Ramal de Vassouras
Local 4 no mapa
ERJ 448 – Sacra Família do Tinguá
ERJ 449 – AGC Sacra Família do Tinguá
Sacra Família do Tinguá foi distrito do município de Vassouras desde 1909. Dele foi desmembrado quando da emancipação de Paulo de Frontin em 1958. É atualmente o seu único distrito.
A localidade tem rica e antiga história. Foi elevado a Freguesia em 12 de janeiro de 1755. À época, englobava as terras dos atuais Municípios de Vassouras, Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin, Miguel Pereira e Paty do Alferes cujas capelas eram subordinadas à matriz Nossa Senhora da Conceição construída em 1715.
Com a riqueza trazida pelo ciclo do café Vassouras passou a ter importância estratégica culminando por se tornar, no final do século XIX, sede administrativa da região englobando Sacra Família, Morro Azul e Paulo de Frontin.
Morro Azul e dr. Francisco Sá – Local 5 no mapa
ERJ 449A – Morro Azul (1915-1915)
ERJ 449 – Doutor Francisco Sá (1915-1935)
ERJ 450 – Morro Azul, estação (1923-1966)
ERJ 451 – Morro Azul do Tinguá (1966-1989)
ERJ 451A – AGC Morro Azul do Tinguá (1999 – )
Planilha cronológica
Morro Azul e/ou Dr. Francisco Sá [1] é um local bem curioso, como veremos, pois aparentemente são duas agencias na mesma povoação. Vejamos o que dizem, em ordem cronológica, o Boletim Postal e os documentos oficiais dos Correios:
- Morro Azul foi agencia em Rio Claro (RJ) de 04.12.1866 a 12.05.1922;
- A estação Morro Azul foi inaugurada em 30.05.1914 em Vassouras [2]. Ela só será desativada em 1971. Ela está situada bem no centro dessa povoação – o prédio ainda existe, bem conservado (imagem mais abaixo)
- Em 19.03.1915 foi criada a agencia de 4a.classe Morro Azul, Vassouras (BP). No entanto, um mês depois, em 19.04.1915, o BP informa a mudança de nome da agencia para Dr. Francisco Sá, (reconhecendo ‘de facto’ a duplicidade do nome, já que Morro Azul ainda era agencia em Rio Claro, como se vê na planilha).
- O GP de 1920 registra a agencia como doutor Francisco Sá, est.-ag.4a.Classe. O ‘estação’ será a única vez que ela será assim adjetivada. Morro Azul é listada corretamente no GP como agencia em (S. João Marcos) Rio Claro.
- Em 22.02.1923 é recriada a agencia Morro Azul em Vassouras (agora possível, pois a agencia de Rio Claro havia sido fechada em 1922). O BP traz a criação da agencia de 4a. classe, sem referencia a Francisco Sá. Em 1926 ela é transferida para Arcozelo, no municipio vizinho – o que nos faz imaginar que talvez tenham descoberto as duas agencias. Mas não, o BP de 15/07/1927 nos informa que Morro Azul foi restabelecida (!!).
- O mapa postal de 1928 registra a agencia Dr. Fco. Sá de 4a. classe no local da estação de Morro Azul, o que se comprova no mapa de 1953 que aponta a ligação com Ferreiro no mesmo local.
- O GP de 1931 explicita a minha dúvida ao registrar Morro Azul, est.ag.4a.classe em Vassouras acrescentando que “troca malas com Doutor Francisco Sá” (então não é o mesmo local?) Também registra Doutor Francisco Sá pov.-ag.4a.classe “que permuta malas com Morro Azul”. Suas malas seguem pela EFCB para Morro Azul “e daí ao destino”. Ambas permutam malas com S. Sebastião dos Ferreiros. Note que Morro Azul é “estação” e Francisco Sá “povoado”. Ambas com agencia.[3]
- Em 16.01.1935 a agencia de 4a. Classe Doutor Francisco Sá é suprimida (BP), mas a de Morro Azul permanece.
Resumindo: o GP de 1931 diz que as duas agencias “trocam malas” e o BP diz que a agencia Francisco Sá fechou somente em 1935 (BP); isso deixa claro que são localidades diferentes, embora os mapas a coloquem no mesmo local. De 1923 a 1935 as duas agencias convivem.
Uma hipótese é que, com a criação da nova agencia Morro Azul, a Francisco Sá tenha sido realocada para outro local. Como não encontrei esse local, o assunto fica pendente (março de 2022).
Carimbos dos locais
Notas:
[1] Segundo a Biblioteca do IBGE, Francisco Sá (1862-1936) foi Ministro da Viação na presidência de Nilo Peçanha (1909-1910) e na de Arthur Bernardes (1922-1926), quando construiu estradas de ferro, portos, aumentou as linhas telegráficas e as comunicações postais.
No entanto, a estação com seu nome mais conhecida é a que se tornou a inicial da E.F. Rio do Ouro em 1922 no DF. A imagem abaixo é de 1938 (estacoesferroviarias.com.br).
A imagem abaixo é de 2021 do Google Maps em Morro Azul e ainda registra na parede o nome da estação “Morro Azul do Tinguá” (a placa borrada tem os dizeres: Distância 124.078 km).
[2] Extensa matéria na edição de 31 de maio de 1914 do jornal O Paiz cobre a inauguração no dia anterior do trecho ferroviário que ligou Governador Portela na Linha Auxiliar a Barão de Vassouras na linha do Centro da EFCB passando pela sede do município de Vassouras que assim receberá finalmente ligação à rede ferroviária. A inauguração contou com uma grande caravana de autoridades, incluindo a presença do então presidente da republica Hermes da Fonseca. Conforme a matéria, foram inauguradas as estações de Sacra Família e Vassouras e as paradas de “Monseres” (Monsores), Morro Azul, “Palma” (Palmas) e Triumpho (mais tarde Engenheiro Nobrega). Segue imagem de um trecho da matéria.
[3] Achei por bem reproduzir os textos do GP de 1931 para que os colegas possam eventualmente ajudar a destrinchar o mistério. Como se vê, a mala para Dr. Francisco Sá vai por ferrovia a Morro Azul e ao destino.
Ou seja, o povoado é próximo à estação, não?
[4] Análise da carta cuja imagem foi apresentada na ERJ 447 acima
Carta escrita em 24 de junho de 1915 e, pelo que dá para decifrar, postada em Santiago, Chile em 31.06. Endereçada ao Dr. Rodrigo Octavio (Senior), chegou ao Rio de Janeiro em 31 de julho conforme carimbo mecânico obliterador da 3a.secção do Correio Central, acrescido de um segundo carimbo ilegivel mas tambem do dia 31.
Dr. Rodrigo Octavio foi procurador da republica, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras. Originalmente fez carreira no interior da Estado do Rio e foi por muitos anos colaborador do jornal Vassourense. Na época, residia na elegante rua das Palmeiras em Botafogo e sua casa no numero 38 dessa rua era conhecida por Villa Sylvia.
O Correio entendeu se tratar de pessoa em Vassouras, no então distrito de Rodeio (que mais tarde formaria o município de Engº Paulo de Frontin). Assim, a 4a. Secção, a que se subordinava o correio ambulante, a enviou em 1º de agosto sendo recebida na agencia na estação de Palmeiras no dia 2. O conferente da agencia anotou no dia 5: “não é aqui no interior, é no Rio de Janeiro” e, aparentemente, também acrescentou na frente da carta “Rua das Palmeiras, 38” e a enviou no mesmo dia como atesta o segundo carimbo da agencia e também o ambulante E.M – RIO Volta. Alguém acrescentou abaixo: “Villa Sylvia”. Total, 5 dias. Bingo!
(a nota é do jornal O Imparcial do dia 12 de outubro de 1913).
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