Rio Claro

MUNICÍPIO DE RIO CLARO

Sua origem está ligada à Freguesia de Rio Claro criada por ato provincial nº 152 em 7 de maio de 1839 e subordinada a São João do Príncipe. Elevada à Vila pela lei provincial nº 481 em 19 de maio de 1849 com território desmembrado de São João do Príncipe; foi extinta por breve período, 06 a 23 de julho de 1891, período que se subordinou à vizinha São João Marcos (ex – São João do Príncipe) que foi elevada à cidade na mesma época. Embalada pela riqueza do café, Rio Claro também receberia o status de cidade em 27 de dezembro de 1929.

Em 14 de dezembro de 1938 o município de São João Marcos foi por sua vez extinto, uma vez que grande parte de seu território foi inundado para a construção da represa de Ribeirão das Lajes. O território remanescente foi anexado a Rio Claro que passou a contar com os distritos de Passa Três, São João Marcos e Arraial do Príncipe. Em 31 de dezembro de 1943 o município é renomeado Itaverá, retornando ao nome original de Rio Claro em 14 de junho de 1956 (fonte: IBGE).

O Município de São João do Príncipe

Como vimos acima, a história de Rio Claro está imbricada com a da Freguesia de São João Marcos, elevada à vila com o nome de São João do Príncipe. O município seria mais tarde extinto para a construção da represa do Ribeirão das Lages. Sua história está contada no menu Municípios Extintos – São João do Príncipe: clique aqui.

AGÊNCIAS POSTAIS

REDE FERROVIÁRIA


FATOS, HISTÓRIAS E IMAGENS SOBRE AS AGÊNCIAS


A história de Rio Claro é totalmente entrelaçada com a de São João Marcos que está descrita alguns parágrafos mais abaixo. Conhecê-la facilita o entendimento dos distritos de Rio Claro:

Rio Claro (1839); Itaverá (1943); Rio Claro (1956)
Santo Antonio de Capivari (1892); Parado (1938); Lídice (1943)
Arrozal de S. Sebastião (1890); Arraial do Príncipe (1939); extinto (1943)
Passa Três (1846)
São João Marcos (1739)
Getulândia (1943)

Rio Claro (Local 1 no mapa)


Recapitulando o que foi dito acima, o distrito de Rio Claro foi criado em 7 de maio de 1839 e anexado a S. João do Príncipe, nome do município na época. Dez anos mais tarde, em 19 de maio de 1849, o distrito de Rio Claro, acompanhado pelo distrito de Nossa Senhora da Conceição de Passa-Três (por sua vez criado em 7 de maio de 1846), seriam desmembrados para formar o novo município de Rio Claro.

Seguindo a profusão de decretos que se seguem à República, em 06-07-1891 é extinta a vila de Rio Claro, mas elevada novamente à categoria de vila com a mesma denominação poucos dias depois em 23-07-1891. Por algum tempo chamou-se Itaverá, nome que a população nunca gostou. A agencia postal é de 1855 e continua ativa.

A ferrovia conhecida por EF Oeste de Minas chegou à cidade em 1899. A partir desse ponto, as obras se arrastaram, chegando à próxima estação (Santo Antonio do Capivary, ver mais abaixo) em 1910 e à Angra dos Reis somente em 1928.

ERJ 1070 – Rio Claro (1855-1943)
ERJ 1071 – Itaverá (1943-1958)
ERJ 1072 – Rio Claro (1958-  )


Passa Três (Local 2 no mapa)


O Curato de Nossa Senhora da Conceição de Passa Três é de 20 de setembro de 1845, que foi elevado à freguesia homônima em 7 de maio de 1846 no município de S. João do Príncipe. Em 1849 seria dele desmembrado , junto como de Rio Claro, para formar esse município.

A Estrada de Ferro Piraiense foi aberta em 1883 seguindo o vale do rio Piraí. Quase todo seu traçado está em território do município de Pirai, onde se encontrará mais detalhes de sua construção. A estação de Passa Três foi construída no território de Rio Claro. Há dúvidas se a linha teria ou não continuado até São Sebastião. A esse respeito, reproduzo um parágrafo do capítulo sobre agencias ferroviárias neste site:

A efetiva construção do trecho Passa Três a S. Sebastião é controversa. Eu optei por acompanhar o mapa postal de 1888 que, como mostra a imagem, registra a estação (sem agencia).

Além da ferrovia, o local beneficiou-se por estar na rota da atual BR-465, conhecida como estrada velha Rio-São Paulo, aberta em 1928 e principal rota rodoviária entre as duas metrópoles. Com a abertura da rodovia Presidente Dutra, perdeu importância. É distrito de Rio Claro desde a sua constituição, sendo transferida do então município de S. João do Príncipe.

ERJ 1073 – Passa Três (1844-1999)
ERJ 1073A – AGC Passa Três (1999-  )


São João Marcos e São João do Príncipe (Locais 3 e 4 no mapa no alto)


O mapa baixo procura posicionar a localidade ao longo do tempo. O local 3 é o original da sede do município, hoje um Parque Ecológico e Ambiental que contém as ruínas. O local 4 é onde está atualmente a sede do distrito São João Marcos e o local 8, também inundado, é onde estão os remanescentes da Ponte Bela, de arquitetura e história preciosas.

História política

As origens de Rio Claro se entrelaçam com a do extinto município de São João Marcos, no qual se originou e posteriormente anexou, como veremos em seguida.

No vale dos rios Piraí e das Lages, S. João Marcos teve origem em 1739 na capela curada na fazenda de João Machado Pereira que seria elevada à Freguesia em 1755. Por alvará de 21 de fevereiro de 1811, a comunidade foi elevada à vila incorporando o aposto “do Príncipe” em homenagem ao príncipe regente D. João VI, recém-chegado ao Brasil em 1808. O ciclo do café traria prosperidade ao novo município.

Dois distritos seriam criados e incorporados a S. João do Príncipe: Rio Claro (7/5/1839) e Nossa Senhora da Conceição de Passa-Três (7/5/1846). Em 1849, um novo município – Rio Claro – seria formado com a separação desses dois distritos.

Com o advento da república, o decreto estadual nº 115 de 15 de agosto de 1890 a eleva à categoria de cidade retornando à primitiva denominação de S. João Marcos. Um novo distrito seria criado nessa época em 3 de setembro de 1890, Arrozal de São Sebastião.

A decadência do município viria com a mudança do eixo econômico para o vale do Paraíba e o fim do ciclo do café. O golpe final viria com a construção da represa de Ribeirão das Lages em 1938, sendo o município extinto em 14 de dezembro desse ano. A cidade começou a ser inundada e a população se retirava. As construções abandonadas eram demolidas pelo pessoal da Light. Mesmo a igreja.

Uma comissão foi formada para estudar a transferência da população e em 21/10/1941 apresentou como conclusão a escolha de Rubião, local a 14km de Mangaratiba, como local para a reconstrução da povoação. Para esse local foi levada em 1950 a imagem de São João Marcos da finada Matriz. Entretanto, a comunidade não prosperou e o povo se espalhou. Um dos locais escolhidos foi Macundu, não muito distante do local original, onde existe uma singela capela de S. João Marcos (imagem). Não tenho certeza de que lá seja a sede do distrito.

Enquanto isso, a cidade foi paulatinamente inundada e o município extinto em 14 de dezembro de 1938. a área remanescente foi incorporada a Rio Claro, formando os distritos de S. João Marcos e Arrozal de S. Sebastião.

Hoje no local original existe o Parque Ecológico e Ambiental São João Marcos que a imagem ilustra.

Sobre esse tema, há uma matéria mais extensa no menu “Municipios extintos” em História Postal. Ver:

https://agenciaspostais.com.br/?page_id=18947

***

História Postal

Como vimos acima, de 1739 a 1811 a localidade se chamou São João Marcos (nome aliás do evangelista São Marcos). Nessa época, não há registro de agencia postal.

A vila foi criada com o nome de São João do Príncipe e a agencia pré-filatélica foi criada em 1829, o que a torna a 15ª  mais antiga do estado. Seu primeiro carimbo conhecido é o PA 1433 reportado sobre emissão D. Pedro de 1866. Em seu território registra-se em 1841 uma segunda agencia pré-filatelica no Registro de Pouso Seco (ERJ 1091).

Também vimos que o município foi elevado à cidade em 1890 já na república, quando seu nome perdeu o aposto monárquico “do príncipe” retornando a São João Marcos. Os roteiros de malas continuariam a registrar o nome antigo até 1895 quando encontramos nota publicada em 13 de janeiro de 1895 pelo JB que deixa uma pista da alteração de nome; foi a data que eu adotei, já que não há nota oficial de mudança de nome.

A agencia ERJ 1077 (que seria em outro local) mostrou-se no entanto bem mais difícil de localizar. Os guias postais a registram até 1957 sem nenhuma alteração. Sabemos que a partir 1938 a cidade foi inundada, mas a agencia deve ter sido transferida. Talvez para Rubião e depois para Macundu? Não há informação. Foi extinta em 2002.

ERJ 1075 – São João do Príncipe (1829-1895)
ERJ 1076 – São João Marcos (1895-1938)
ERJ 1077 – São João Marcos (1938-2002)

 


Arrozal de São Sebastião (Local 5 no mapa)


Distrito criado em S. João Marcos em 3 de setembro de 1890. Roteiros de condução de malas diárias entre ele e Passa Tres são publicados por toda a década. A boa fase não duraria muito.

Em janeiro de 1911 o DOU publica carta assinada (com firma reconhecida) por centenas de cidadãos da região e endereçada ao presidente da província relatando os inúmeros males causados pela barragem da Light às terras vizinhas, entre as quais insalubridade, inundação de terras férteis e destruição de estradas vicinais assim arruinando as lavouras. É citada a lei estadual 717 de 6 de dezembro de 1905 que permitiu a obra “desde que não sejam prejudicadas as condições de salubridade local”. Na carta, são citadas particularmente a cidade de S. João Marcos e S. Sebastião do Arrozal “que tem água no seu perímetro urbano” [1]. Em agosto desse mesmo ano um depoimento de viajante no DOU descreve Arrozal como “erma de gente” com casas e prédios públicos completamente abandonados [2].

Sob a ótica postal, é sintomática a suspensão da agencia dos correios por quase dez anos a partir de 1910, sendo “restabelecida”, segundo o BP, em 29 de março de 1919.

Aparentemente, por algum tempo a população deve ter retornado já que o DOU registra em 1921 uma ata de eleição lá assinada [3]. Sabemos no entanto que a situação deve ter se agravado, uma vez que em 1938 a represa acabaria por inundar até mesmo a sede do município, S. João Marcos (ver acima).

A agencia de Arrozal de S. Sebastião foi definitivamente fechada em 1926.

ERJ 1078 – Arrozal de São Sebastião (1877-1926)

 


Morro Azul (Local 6 no mapa)


Morro Azul é povoado no distrito de Passa Três e sua agencia criada em 1866 consta entre Passa Três e Arrozal de S. Sebastião no mapa postal de 1888 acima.

Quando foi aberto o Ramal de Vassouras na linha Auxiliar, uma de suas estações foi nomeada Morro Azul que era parte do maciço do Tinguá. Como era praxe, os Correios não demoraram a abrir uma agencia no local, criada em 19.03.1915 com o nome de Morro Azul. Alguém deve ter descoberto tardiamente que esse nome já existia em Rio Claro e assim, no seguinte BP a agencia foi renomeada Doutor Francisco Sá em 19.04 como se vê na planilha acima.

Com o fechamento da agencia em Rio Claro em 1922, os Correios voltaram a criar em em 23.02.1923 nova agencia Morro Azul. Mas aparentemente não notaram que Francisco Sá continuava a existir e assim, até 1935 as agencias coexistiram. Mais detalhes na agencia ERJ 350 em Engenheiro Paulo de Frontin.

ERJ 1079 – Morro Azul (1866-1922)

Até recentemente eu não possuía imagens dessa agencia até que apareceu uma peça  em leilão, que reproduzo abaixo, circulada em 1900 para a Capital Federal. Trata-se de uma cinta emitida em 01.02.1889 com os dizeres em espanhol catalogada no RHM como raro tipo CT-3 adicionando que “presumivelmente não foi emitida” embora o assunto seja controverso. Segue a reprodução:

 


Picada dos Indios (Local 7 no mapa)


A Fazenda da Grama foi o núcleo original do local. Segundo nos informa o site do Inepac, era a sede administrativa do império de Joaquim José de Sousa Breves, o Rei do Café. Nela, Breves construiu em 1877 a igreja de São Joaquim da Grama que doou à Igreja junto com três alqueires ao seu redor. Nela foi sepultado em 1889 – e mais tarde sua mulher e filhas. O local é Patrimônio Cultural do Estado desde 1990. A imagem é muito interessante por apresentar juntos os prédios da igreja e da agencia.

Agencia postal criada em 1877 no Arraial da Picada dos Índios na Freguesia do Arrozal. Em 1883, havia uma linha de correio direta da estação de Pinheiros à Picada dos Índios, o que faz sentido, visto que a estação (futura sede de Pinheiral) foi construída junto à sede da fazenda São José do Pinheiro, residência do Comendador Breves. A nota informa que a agencia foi criada “na Freguesia do Arrozal” – que fica em Piraí. Já no GP de 1906 consta em S. João Marcos. Talvez um acerto de divisas – ou o prestígio do Breves. A agencia continua ativa sob a forma de AGC, no mesmo local.

ERJ 1080 – Picada dos Índios (1877-1892)
ERJ 1081 – São Bento da Grama (1892-1896)
ERJ 1082 – São Joaquim da Grama (1896-1963)
ERJ 1082A – AGC Fazenda da Grama (2004 –  )

 


Ponte Bella (Local 8 no mapa)


A Ponte Bella foi construída sobre o rio Guandu em 1857 na “estrada do atalho” obra assumida pelo Comendador Breves, o “Rei do Café”, para ligar seus armazéns no porto de Mangaratiba à vila de São João do Principe. Veja mais detalhes na página de Mangaratiba:

https://agenciaspostais.com.br/?page_id=263

A ponte fica a maior parte do tempo quase submersa, mas excepcionalmente pode exibir sua arquitetura bem preservada, como mostra a imagem acima. Sua localização está assinalada no wikimapia que ilustra a posição do São João Marcos apresentada no item respectivo mais acima.

ERJ 1084 – Ponte Bela (1882-1912)

 


Santo Antonio de Capivary e Lidice (local 9 no mapa)


Santo Antonio de Capivary teve origem na freguesia criada em 8 de maio de 1840 (outras fontes dizem 1842) no municipio de S. João do Príncipe. Transferida em 1892 para Rio Claro com a extinção daquele município. Em 1910 a EFOM, no caminho para Angra, inaugurou a estação “Capivary” na localidade; infelizmente decidiu-se por um traçado que a deixou a dois e meio quilômetros da povoação (Correio da Manhã, ed. de 19.04.1934) e hoje está abandonada.

A agencia postal é de 1854. Ambas foram renomeadas Parado (nome do rio que corta seu centro) em 1938 e Lídice em 1943. A agencia sempre se chamou Santo Antonio de Capivari, ao contrário da estação, simplificada para Capivary.

Lídice

A cidade Tcheca tornou-se um ícone mundial ao ser arrasada pelos nazistas na segunda guerra. Em vários países nomearam-se cidades e locais com seu nome. No Brasil, a Vila do Parado em Rio Claro em 1944. Imagem do O Jornal de 10 de junho.

 

ERJ 1085 – Santo Antonio de Capivary (1854-1938)
ERJ 1086 – Parado (1938-1943)
ERJ 1087 – Lidice (1943 –  )

 


Capelinha e Getulândia (Local 10 no mapa)


Capelinha foi estação da EFOM na divisa com Barra Mansa. Inaugurada em 1924, no mesmo ano da agencia homônima. Ambas foram renomeadas Getulândia, a estação em 1939 e a agencia em 1943, uma homenagem ao presidente da época. Em 1943, Getulândia foi elevada a distrito.

ERJ 1088 – Capelinha (1924-1943)
ERJ 1089 – Getulândia (1943-2002)
ERJ 1089A – AGC Getulândia (1999 –  )

Não lhes possuo imagens de carimbos

 


O Registro de Pouso Secco (Local 11 no mapa)

 

Situada na divisa estadual, na antiga estrada Rio-São Paulo que vinha de Queluz e passava por Bananal, Pouso Seco fazia parte da rede de Registros, ou postos de fiscalização aduaneiros, que remonta ao século XVIII. Sua importância é atestada pela existência de uma agencia postal pré-filatélica criada em 1841, o que torna a 41ª mais antiga do estado.

ERJ 1091 – Pouso Secco (1841-1943)


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