MUNICÍPIO DE TRAJANO DE MORAES (*)
Sua origem está ligada ao Curato de São Francisco de Paula de 27.05.1840 e elevado a Freguesia (distrito) em 20 de maio de 1846, subordinada a Cantagalo. O distrito foi transferido em 24.10.1861 para o município de Santa Maria Madalena. Pelo Decreto Estadual de n.178 de 12 de março de 1891 foi emancipado como município de São Francisco de Paula, desmembrado de Santa Maria Madalena (a data oficial do município é, no entanto, 25 de abril de 1892, data em que foi instalado). Em 03.06.1892 é criado o distrito de Ventania e a ele anexado.
Aqui começa uma história ainda mais complicada, que transcrevo da página do IBGE:
Através da Lei Estadual n.1234, de 18.01.1915, Ventania foi renomeado Trajano de Moraes com sede na estação ferroviária de mesmo nome (que havia sido inaugurada em 1891). Na mesma Lei, a sede do município foi transferida para esse local, conservando, no entanto, o nome de São Francisco de Paula. Pela Lei n.1235 de 1919, a sede do município de São Francisco de Paula foi transferida mais uma vez, agora para a estação Visconde de Imbé. E, pela lei n.1790 de 27.12.1923 a sede volta para Trajano de Moraes. Finalmente, em 31.03.1938 pela Lei n.392-A São Francisco de Sá passa a ser denominado município Trajano de Moraes.
(*) Nota: as fontes divergem entre Moraes e Morais, o que é bastante comum nos vocábulos terminados em aes. Darei em princípio preferência ao primeiro.
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Distritos de Trajano de Moraes
O histórico dos distritos (em azul os atuais nomes):
- São Francisco de Paula (1846); transferida para Trajano de Moraes (Ventania) em 1915; transferida para Aurora /Visconde do Imbé (1919), retornando para Trajano de Moraes em 1923
- Santa Maria do Rio Grande (1902); Doutor Elias (1926)
- Ponte da Grama (1910); Vila da Grama (1957)
- Visconde de Imbé (1915)
- Boa Esperança de Macabu (1921); Sodrelândia (1928)
- Monte Café (1936); extinto (1943)
AGÊNCIAS POSTAIS
REDE FERROVIÁRIA
HISTÓRIAS, CURIOSIDADES E IMAGENS SOBRE AS AGÊNCIAS
Trajano de Moraes
Como vimos na introdução, o município foi emancipado em 12.03.1891 e instalado em 25.04.1892.
O Curato Ecclesiastico de S. João Evangelista da Ventania já consta do Laemmert em 1862, filial à Freguesia de Santa Maria Magdalena (em 1860 consta como povoado).
A agencia já existia desde 1876 com o nome de São João Evangelista da Ventania e a estação foi inaugurada em 1891 com o nome de Ventania. Com a instalação do município em 1892, a agencia mudou seu nome em 27.07.92 e foi reinstalada no edifício da estação, que também foi renomeada.
Trajano Antonio de Moraes era filho de José Antonio de Moraes, Visconde de Imbé. Ver mais informações em São Francisco de Paula de Cantagalo mais adiante.
ERJ 1434 – São João Evangelista da Ventania (1876-1892)
ERJ 1435 – Trajano de Morais (1892 – )
Leitão da Cunha
Tanto a estação como a agencia foram inauguradas nesse local com o nome de Macabu, rio que cortava a região, e posteriormente renomeadas Leitão da Cunha [2]. Além da nota do JB de 24.08.1892 abaixo, o mapa Laemmert de 1892 registra as duas localidades Macabu, sendo a primeira a futura sede de Conceição de Macabu e a segunda já em território de Trajano de Moraes (Ventania).
ERJ 1436 – Macabu (1891-1892)
ERJ 1437 – Leitão da Cunha (1892-1963)
Não lhes possuo imagens.
Santa Maria do Rio Grande e Dr. Elias
O rio Grande nasce em Nova Friburgo e corre por vários municípios, desaguando no Paraiba em São Fidelis. Na região de Santa Maria, forma a divisa com Macacu e Cordeiro. A localidade de Santa Maria do Rio Grande [3] se desenvolveu à sua margem e pode ser vista à esquerda no mapa acima. O local foi também sede da fazenda de mesmo nome, uma das maiores do município, de propriedade da família Moraes desde o final do século XVIII [4].
A agencia postal funcionou de 1894 a 1896. Não temos notícia dela até 1912, quando reaparece nas linhas de correio do suplemento do BP desse ano e já consta como verbete no GP de 1914. Um possível motivo é que Santa Maria recebeu a sede do 3º distrito em 1902 (o que está grafado no mapa acima).
Sabemos de nova mudança pelo GP de 1931 que nos solicita “ver Doutor Elias” no verbete Santa Maria. Não encontrei essa mudança em nenhum documento oficial, mas em 24/09/1929 no DOU há a notinha que reproduzo abaixo. Ela nos diz que a agencia já se chama Dr. Elias e que o agente trabalhou na agencia anterior até 31.12.1928, data que usei para a mudança.
Outra informação interessante sobre o local está nos guia postais que informam o roteiro de malas “através da estação de Cordeiro da EF Cantagalo e estafeta”. De fato, esta dista uns 25 km da agencia e presumo que deveria ser também a rota de escoamento da produção da fazenda.
A última mudança desta série está no Decreto-Lei 1055 de 31 de dezembro de 1943. O texto nos informa que fica extinto o distrito de Monte Café tendo seu território anexado ao do Dr. Elias, cuja sede é transferida para o povoado de Monte Café, que também passa a denominar-se Dr. Elias. Assim, mudei também a agencia para esse novo local, que está à margem da RJ-146, importante rodovia intermunicipal que liga Trajano a Bom Jardim. A agencia hoje está ativa como uma AGC, cujo nome homenageia o antigo distrito.
A sequência de agencias fica assim:
ERJ 1438 – Santa Maria do Rio Grande (1894-1896) não tenho imagens
ERJ 1439 – Santa Maria do Rio Grande (1912-1928) (sede de distrito)
ERJ 1440 – Doutor Elias (1928-1943) (no local 3)
ERJ 1441 – Doutor Elias (1943-2002) (no local 10) não tenho imagens
ERJ 1441A – AGC Monte Café (1999- ) (no local 10) não tenho imagens
Visconde do Imbé
O rio do Imbé corta a área urbana de Trajano de Moraes, atravessa Santa Maria Madalena e deságua na Lagoa de Cima.
O local era a sede da fazenda Aurora, de propriedade de José Antonio de Moraes, Barão e Visconde de Imbé. O mapa acima destaca a “Villa Aurora” com “Visc. do Imbé” entre parêntese. Ver artigo em São Francisco de Paula a seguir.
ERJ 1442 – Visconde do Imbe (1892-2000)
ERJ 1442A – AGC Visconde do Imbe (1999 – )
São Francisco de Paula de Cantagalo
Como se vê no mapa de 1866, São Francisco era a principal localidade da região.
A origem do local é o Curato de São Francisco de Paula de 27.05.1840 e elevado a Freguesia em 20 de maio de 1846, subordinada a Cantagalo, graças à influência de José Antônio de Moraes, Barão e Visconde do Imbé (Santa Maria Madalena, 1821-1890). Proprietário da Fazenda Aurora, Moraes tornou-se um homem rico e poderoso quando o cultivo de café alcançou a região. Conseguiu a patente de tenente-coronel da Guarda Nacional em 1882, o título de Barão do Imbé em 1884 e o de Visconde do Imbé em 1888.
Em volta da Fazenda Aurora surgiu o povoado de mesmo nome, renomeado Visconde de Imbé possivelmente em 1892 na ocasião da instalação do novo município de São Francisco de Paula (que é o ano também da instalação da agencia postal “Visconde do Imbé”). Em 1896 chegaram os trilhos e a estação homônima foi inaugurada em 1896. Desde 1915, foi elevado a 2º distrito de Trajano de Morais.
“Villa Aurora” aparece em destaque no mapa de 1921, quando era distrito de Trajano. Em compensação, S. Francisco de Paula está praticamente esquecido.
Com a transferência da sede do município para Trajano de Moraes em 1915, a agencia postal foi também fechada. Como aconteceu em várias outras localidades, ficar fora do traçado da ferrovia foi o sinal de rápida decadência. Hoje restam as ruínas de sua igreja, no meio do nada.
Nota: a rocambolesca história da localidade de São Francisco de Paula foi objeto de artigo de minha autoria que pode ser lido no menu História Postal>Municípios Extintos>São Francisco de Paula
ERJ 1443 – São Francisco de Paula de Cantagalo (1855 – 1915)
Barra dos Passos
Em Barra dos Passos encontra-se a Fazenda Olaria da família de João Antonio de Moraes, barão de Duas Barras, cuja história nos leva a várias outras fazendas e locais do município [6]
ERJ 1444 – Barra dos Passos (1912-1985)
ERJ 1444A – AGC Barra dos Passos (1999 – )
Sodrelandia
Sodrelândia é sede de distrito desde 1928, sucessora de Boa Esperança de Macabu, estabelecida em 1921.
ERJ 1445 – Sodrelandia (1929 – 2000)
ERJ 1445A – AGC Sodrelandia ( 1999 – )
Barra da Providência
Ao pesquisar Barra da Providência, encontrei a saga da família Lopes Martins no início do século XIX, cafeicultores e proprietários da Fazenda Providência, uma das maiores da região próxima ao rio Grande. Continua administrada pela família Martins [5]
ERJ 1446 – Barra da Providência (1920 – 1932)
Não possuo imagens de carimbos
Vila da Grama e Tapera
Vila da Grama é sede de distrito desde 1957, sucessora de Ponte da Grama, estabelecida em 1910. A sede fica à margem da RJ-162 e próxima à Hidreletrica de Macabu, também conhecida por Represa da Tapera, local turístico.
ERJ 1447 – Grama de Macabu (1913 – 1963)
ERJ 1448 – Vila da Grama (1976 – 2002)
ERJ 1449 – Tapera (1985 – 2002)
ERJ 1449A – AGC Tapera (1999 – )
As agencias comunitárias a seguir ficam todas na parte sul do município e muito procuradas por turistas. Em Serra das Almas, por exemplo, existe um local excelente para a prática de voo livre.
ERJ 1450 – AGC Ponte Nova (1999 – )
ERJ 1451 – AGC Ponte de Zinco (1999 – )
ERJ 1452 – AGC Maria Mendonça (1999 – )
ERJ 1453 – AGC Serra Das Almas (1999 – )
Notas e Informações
[1] Várias fazendas em Trajano de Moraes terão sua história entrelaçada com as agencias postais do município. Detalhes sobre elas estão no site “Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense” publicado pelo INEPAC em parceria com o Instituto Cidade Viva http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios
[2] Ambrósio Leitão da Cunha, Barão de Mamoré, (Belém, 1821 – Trajano de Moraes, 1898) foi um advogado, juiz e político brasileiro. Foi proprietário da fazenda Santana do Macabu conhecida atualmente por fazenda Leitão da Cunha (wikipedia).
[3] Carta Corographica do Rio de Janeiro, Augusto Guigon 1920-1922 (Hemeroteca da BN)
[4] Fazenda Santa Maria do Rio Grande: João Antônio de Moraes, primeiro Barão de Duas Barras, (Cantagalo, 1822 – Trajano de Moraes, 1883) foi um comerciante e fazendeiro brasileiro. Era oficial da Imperial Ordem da Rosa, também agraciado com o título de barão em 1867. Soube multiplicar os bens que herdara de seu irmão mais velho, cuja viúva desposou, tornando-se grande cafeicultor, dono de 22 fazendas, acumulando uma das grandes fortunas da época. A fazenda ainda permanece em mãos da família. (fonte INEPAC) Ver também Fazenda Olaria, também de sua propriedade.
[5] Fazenda Providência: Francisco Lopes Martins (Cantagalo,1822 – Trajano de Moraes, 1896) herdou a Fazenda Providência, e casou-se com Felizarda da Silva Moraes, filha de João Antonio de Moraes, barão de Duas Barras e proprietário da Fazenda Olaria. O casal foi morar nessa fazenda enquanto reformavam a antiga Providência, que ficou pronta em 1858. Eles se mudaram para lá e a tornaram grande produtora de café. Ao adoecer, sua esposa e seu filho coronel Alfredo Lopes Martins tocaram a propriedade. Alfredo se tornou político influente, tendo sido vice-presidente da Província do Rio de Janeiro em 1910. Diz-se que, por sua influência, o município adotou o nome de Trajano de Moraes. Chegou a possuir 16 fazendas, vindo a falecer em 1948. A fazenda continua com a família Martins. (fonte INEPAC)
[6] Fazenda Olaria: situada próxima a Barra dos Passos, às margens do Ribeirão dos Passos era propriedade de João Antonio de Moraes, primeiro Barão de Duas Barras (Cantagalo, 1822 – Trajano de Moraes, 1883). Seu nome derivava de uma famosa olaria da região. Em 1852 sua filha Felizarda casa-se com Francisco Lopes Martins, herdeiro da Fazenda Providência, na capela da Fazenda Santa Maria do Rio Grande, também propriedade do barão. O casal morou na Olaria até que a reforma da Providência ficasse pronta. A fazenda foi herdada pelo filho de Felizarda e Francisco, João de Moraes Martins. Este se casou com sua prima Honestalda, que chegou a prefeita de São Francisco de Paula. A fazenda continua com a família.
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